Fotografia

Não é seguro apaixonar-se por alguém em uma mera fotografia. Nela está estampado o perfeito que queremos. Aquilo que idealizamos, A beleza consagrada. Nela está o melhor ângulo. Nela está o seu melhor perfil, o seu mais radioso sorriso.
Ninguém pode amar aquilo que é perfeito pois o perfeito é esteril aos nossos olhos imperfeitos. Uma fotografia é um átimo, um fragmento, um segundo de uma vida que se cadencia por anos a fio.
Fotografias não revelam mais do que o que se quer, ou se pode evidenciar no curto espaço de um segundo.
Amar alguém que se viu em foto é tão insano quanto pretender tocar no céu. É tão subjetivo quanto. Ninguém revela nas fotos suas pequenas rugas, suas marcas indesejáveis, as faces que não lhe favorecem.
Por tanto, eu diria que é impossível amar alguém de verdade apenas por uma foto. Em uma fotografia tudo se torna instantâneamente lindo. Mas esse efeito é apenas instantâneo, efêmero, estático.
Amor necessita da poesia que existe em cada pequena ruguinha, em cada curva meio desajeitada; mas que se compensa por um sorriso amarelo que pra o outro é a coisa mais linda do mundo!

A beleza é efêmera demais pra a gente viver correndo atrás dela. Acho que viver perseguindo uma beleza estéril envelhece muito e provoca uma ansiedade que engorda pra caramba!
O verdadeiro amor transcende ao corpo e fotografa a alma! Necessita do dinâmico, do imperfeito, necessita saliva, cheiro, gosto. Coisas que uma fotografia jamais poderá retratar, por mais poético que seja o fotógrafo.
Por Cris Vaccarezza

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