Romance Clandestino

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Como todo romance clandestino que se preza,
o nosso também se inicia na madrugada.
E como se resume ao gostoso, e ao prazeroso;
Estende-se até a beira da exaustão.
Como todo bom romance clandestino que se preza,
o nosso é recheado de incertezas.
Hedonista e infiel. Enredado pelas culpas;
Prende-se onde os lábios se unem e se afastam.
Quando já não é mais possível ficar sem ar.
Uma comunicação que prescinde as essenciais palavras.
Que loucos infiéis somo nós.
Que abrupta dilaceração no promove esse romance.
A mim, mais que a você pois fui eu a idealizadora de tudo.
Fui eu a mentora intelectual.
Mas te juro, querido meu.
Não queria que fossemos assim.
Pois assim não chegaremos longe.
Não chegaremos além dos gemidos e...fim.
Nos perderemos na incerteza do que poderia ter sido.
Nos perderemos em nossas culpas.
Abortaremos um amor por medo e por pressa.
E no meu caso, mais ainda, por covardia!
Tenho em mente todas as coisas que precisam ser ditas,
mas não as digo por medo de te perder.
Mas já estais perdido!
Não só em teus medos, como em tua insegurança.
Não só em tuas escolhas, como na nossa abstenção.
Não só em tuas decisões, como na falta delas.
Como todo bom romance clandestino que se preza,
O nosso é mudo, não pode ser dito, nem mencionado
E pior, tem que ser mentido ante as evidências.
Como todo bom romance clandestino que se preza,
o final nem sempre é feliz, quase sempre é drama.
E assim, apesar de querido, apesar de tão desejado;
Esse é o casual. Isso é o que eu não quero pra mim.
Por Cris Vaccarezza

Reflexões Avulsas - Agosto

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Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu – sem o menor pudor, invente um.
Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês.
Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar,vinhos, conhaques – tudo isso ajuda a atravessar agosto.

- Caio Fernando Abreu


Eu, diria que ajuda a atravessar tembém Setembros, Outubros, Novembros, doces Novembros, e nostálgicos Dezembros enfim. Imaginar alguém invisivel, mas perfeito pra você, ajuda a enfrentar o vazio existencial de sentir-se só na multidão.
Por Cris Vaccarezza
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