Romance Clandestino


Como todo romance clandestino que se preza,
o nosso também se inicia na madrugada.
E como se resume ao gostoso, e ao prazeroso;
Estende-se até a beira da exaustão.
Como todo bom romance clandestino que se preza,
o nosso é recheado de incertezas.
Hedonista e infiel. Enredado pelas culpas;
Prende-se onde os lábios se unem e se afastam.
Quando já não é mais possível ficar sem ar.
Uma comunicação que prescinde as essenciais palavras.
Que loucos infiéis somo nós.
Que abrupta dilaceração no promove esse romance.
A mim, mais que a você pois fui eu a idealizadora de tudo.
Fui eu a mentora intelectual.
Mas te juro, querido meu.
Não queria que fossemos assim.
Pois assim não chegaremos longe.
Não chegaremos além dos gemidos e...fim.
Nos perderemos na incerteza do que poderia ter sido.
Nos perderemos em nossas culpas.
Abortaremos um amor por medo e por pressa.
E no meu caso, mais ainda, por covardia!
Tenho em mente todas as coisas que precisam ser ditas,
mas não as digo por medo de te perder.
Mas já estais perdido!
Não só em teus medos, como em tua insegurança.
Não só em tuas escolhas, como na nossa abstenção.
Não só em tuas decisões, como na falta delas.
Como todo bom romance clandestino que se preza,
O nosso é mudo, não pode ser dito, nem mencionado
E pior, tem que ser mentido ante as evidências.
Como todo bom romance clandestino que se preza,
o final nem sempre é feliz, quase sempre é drama.
E assim, apesar de querido, apesar de tão desejado;
Esse é o casual. Isso é o que eu não quero pra mim.
Por Cris Vaccarezza

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