Madura

Hoje acordei e me deparei com meu corpo no espelho.
Observei que o tempo, que passa pra todo mundo, passou pra mim também.
Notei meus seios não tão firmes,o derriére que eu adoraria ver redondo, mas insiste em ter o seu formato original.
Percebi os incontáveis fios brancos que a tintura  tem já dificuldade de disfarçar, mas a sociedade hipocritamente quer ver cobertos.
E as marcas da idade em meu rosto? Marcas que pouco a pouco sulcaram minha antiga face de menina.
Apesar de constatar que o tempo passou, e que isso é um fato cada vez mais evidente em minha aparência.
Surpreendentemente, não fiquei deprimida, nostálgica, sem esperanças de encontrar quem sabe um novo grande amor...
Ao contrário, agradeci pelos seios que ainda tenho. Há tantas mulheres, como eu, com a mesma sensibilidade e vaidade, que necessitam amputá-los para manter a vida.
Percebi que o formato do meu bumbum, casa bem com o das minhas coxas, em sua imperfeição. Uma harmônica imperfeição.
Notei que os fios brancos são diferentes, e embora possam ser disfarçados, se coadunam com a cara que eu tenho hoje. Fruto dos milhões de sorrisos que dei por toda a minha vida, e das lágrimas que porventura correram de meus olhos.
Casam com a minha história que vivi. Com a minha idade atual, com a maturidade que adquiri. São uma parte da minha identidade.
Não sou mais uma menina! Graças a Deus! Às meninas, os desafios da sua idade. Já passei por eles. A mim, os meus!
Sim! Vou me maquiar pra me tornar mais bonita pra mim. Vou caminhar pra me tornar mais saudável. Vou dançar pra ser mais feliz. Vou cuidar de mim. Por mim!
Se quisesse, poderia a altos custos emocionais e financeiros, me tornar algo semelhante à Barbie, com seus mais de 50 anos, seu corpinho de passarela e seu rostinho imune ao tempo. Mas então, eu já não seria eu. Não quero mais me travestir de Barbie, e tentar ser o que eu não sou, para atender às demandas do "mercado de solteiros". Não vale a pena!
Quanto ao "mercado dos solteiros", tudo o que lá encontraria, seria provavelmente, um Ken. Um homem de plástico, metrossexualmente preparado para seduzir e abandonar. Sem raízes, sem vínculos  sem laços, sem coração. Jamais alguém com capacidade intelectual ou afetiva para me conhecer profundamente.
Prefiro estar solteira, feliz, fazendo reflexões em minha varanda.
By Cris Vaccarezza
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