Fotografia II (Reformulado)

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Não é seguro apaixonar-se por alguém em uma mera fotografia.
Nela está estampado o perfeito que queremos.
Aquilo que idealizamos. A beleza consagrada.
Nela está o melhor ângulo. Nela está o seu melhor perfil, o seu mais radioso sorriso.
Ninguém pode amar aquilo que é perfeito, o perfeito é esteril aos nossos olhos imperfeitos.
Uma fotografia é um átimo, um fragmento, um segundo de uma vida que se cadencia por anos a fio.
Fotografias não revelam mais do que o que se quer, ou se pode evidenciar no curto espaço de um segundo.
Amar alguém que se viu em foto é tão insano quanto pretender tocar o céu. É tão subjetivo quanto.
Ninguém revela nas fotos suas pequenas imperfeições, seus deslizes, ínfimos desvios de carátre, as faces que não lhe favorecem.
Em uma fotografia tudo se torna instantâneamente lindo. Mas esse efeito é apenas instantâneo, efêmero, estático.
Por tanto, eu diria que é impossível amar alguém de verdade apenas por uma foto. Assim como é impossível amar alguém apenas pela aparência. Amar apenas com os olhos.
Amor necessita da poesia que existe em cada pequena ruguinha, em cada curva meio desajeitada, mas que se compensa por um sorriso amarelo que pra o outro é a coisa mais linda do mundo! Por uma atitude do outro que te enche de  orgulho.
A beleza exterior é efêmera demais pra a gente viver correndo atrás dela.
Acho que viver perseguindo uma beleza estéril envelhece muito e provoca uma ansiedade que engorda pra caramba!
O verdadeiro amor transcende ao corpo e fotografa a alma!
Necessita do dinâmico, do imperfeito, necessita saliva, cheiro, gosto.
Coisas que uma fotografia jamais poderá retratar, por mais poético que seja o fotógrafo.
By Cris Vaccarezza
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