Construções Mentais



A mente humana é a ferramenta mais potente de que se tem notícia. A ela se deve todas as construções palpáveis na terra e em sua órbita. Arquitetas do incansável, idealizadoras do impossível, as mentes dos seres humanos desconhecem os limites, e são capazes de gerar no campo das idéias, o que em futuro próximo passara a existir de fato. Assim, tudo o que é humano foi criado pelas construções mentais, da roda aos avanços da nanotecnologia.
Revoluções foram gestadas nas mentes dos seres humanos: A revolução industrial, a revolução francesa, a sexual; isso sem contar nos seres humanos que têm a capacidade de revolucionar as próprias vidas e a de muitos, a partir de idéias inovadoras. Tudo o que se vê hoje, foi um dia, pensado por alguém. Curiosamente, o que não se vê também foi. Do físico ao emocional, das ondas eletromagnéticas às fobias, tudo isso são construções mentais.
A princípio, pode parecer vago falar de algo que não se pode tocar, num mundo materialista como o nosso. Mas se pensarmos com mais cuidado, os mais poderosos  grilhões que nos aprisionam são, em sua maioria, construções mentais. A maioria das correntes que nos paralisam em atitudes desagradáveis ou destrutivas, são baseadas em medos e crenças  distorcidas, fruto de interpretações equivocadas, que nossa mente, para nos defender da dor construiu, como um muro no inconsciente, cimentou com o esquecimento e afixou uma placa: "Mantenha distância"  E você mantém! Passa a viver baseado em crenças que não fazem mais o menor sentido, mas que te remetem a um passado onde algo não foi bem. É como alguém que deseja se livrar de roupas antigas de que não gosta, recortes do passado, se livrar de antigas cartas de amor, fotografias de pessoas queridas que já não estão;  mas simplesmente não consegue jogar fora essas recordações, o que faz? Joga tudo isso em um baú que mantenha longe de seus olhos as lembranças, rapidamente fecha a tampa, mas na ânsia por trancar o passado, prende o dedo e sente uma dor física muito grande. Com o passar do tempo, o episódio do baú vais sendo esquecido, os detalhes do que está guardado nele vão se pagando, mas o baú continua lá. E ao olhar pra ele você não vai se recordar do que estava dentro, que a essa altura, será retalho velho, coisa sem importância, mas se lembrará da dor. E esse baú, representará pra sempre um desafio do qual tendemos a nos afastar. Seja o amor que partiu, o amigo que decepcionou, a empresa que faliu, um não que ouvimos, não importa o que desagradou, a memória da dor continua lá. Pensemos agora em quantos baús temos guardados em nós? Quanta coisa sem importância tendemos guardar, quantas mágoas, quantos remorsos, quantas imagens mentais quantos abandonos, quantas incompreensões, quantas ingratidões, quantas rejeições. Se fossemos lembrar do episodio que nos magoou, hoje, mais maduros, provavelmente diríamos, "mas foi só isso? Ah deixa pra lá!" E jogaríamos fora os retalhos, mas não lembramos. Só recordamos a dor e a memória da dor é difícil de apagar. então evitamos as pessoas, por que elas podem nos machucar.
E assim, a mente humana vai construindo pânicos, fobias, depressões, manias, transtornos, obsessões. Frutos apensa de uma mente que não compreendeu, que não pode perdoar, por que não era o momento certo. Pode parecer surreal que a mente humana possa construir um caos real; mas pense no que te atormenta, no que faz seu coração parar por alguns segundos. Seja o medo de andar de avião, o de elevador, o medo de sequestro ou o medo de se apaixonar. Exceto as pessoas que já foram vítimas de um acidente aéreo, sequestradas ou ficaram realmente presas em um elevador, seu medo tem motivos de ser real? Ou foi somente algo que você construiu mentalmente, baseado em dores passadas e às vezes alheias? Provavelmente são construções mentais.  No entanto, você já deve ter se apaixonado por alguém, e se machucado com o fim da relação. Doeu? Sim claro! Mas ainda assim, sua crença de que amar dói é equivocada pois as pessoas não são iguais, o momento de sua vida é diferente, você não é mais o mesmo, não pensa igual. E não é porque alguém te feriu um dia que todos o farão. Mas você só se lembra da dor. 
Não é porque a sua beleza não é o padrão que não existirá alguém que o ame do jeito que é. Beleza é relativa, afeto é relativo, amor é relativo. A verdade é relativa. Depende do ponto de vista de cada um. Embora estejamos imersos em uma verdade universal, com suas leis, cada um tem a sua própria verdade, baseada em suas crenças, bagagem cultural, ética, valores e obviamente, no número de vezes em que já "apertou o dedo na tampa do baú" tentando esconder as evidências dos desafetos que não fomos simplesmente capazes de deletar. Se não fosse assim, não haveria transgressores da regra, seríamos todos iguais.
By Cris Vaccarezza

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