Reflexões sobre: Como ter um caso de amor, e de sexo, sem culpa


Postei um texto há pouco sobre como ter um caso sem culpa. Fascinante como o ser humano é capaz de se modificar ao sabor da força da sociedade em que está inserido. Aonde que eu, uma romântica incurável, iria acreditar que um dia, postaria em meu blog, intitulado "Poesias acidentais", um texto dessa natureza, defendendo o sexo casual?
Na verdade, não estou defendendo ou acusando. Eu apenas tenho refletido a respeito. Pois sou solteira em um mundo onde os relacionamentos estão minguando, empobrecendo, onde as pessoas só querem experimentar e se dizem felizes com isso. Curioso.
Gikovate afirma que isso teve suas raízes no movimento de liberação sexual, iniciado com a pílula anticoncepcional. Perfeito. Antes os relacionamentos eram monogâmicos (?) e estáveis por falta de opção. Ao paquerar, o homem dava claras INTENÇÕES de desposar a moça e os pais ENTREGAVAM pra ele a responsabilidade das filhas. Era comum dizer: "Já casei minhas filhas todas", algo parecido com "Lavo minhas mãos do sangue desse inocente" os maridos que se virem agora. E era assim. Os maridos tinham obrigação de levar o casamento até que a morte os separasse. Filhos e mais filhos depois, anos, décadas mais tarde, um cidadão não suportava mais olhar para a esposa, mas se a largasse, como ela iria ficar, quem tomaria conta dela? E ele, como ficaria? Quem cuidaria de suas roupas? Quem seria a segunda mãe dele? E seguiam tristemente, com uma série de infidelidades, na maioria das vezes, masculinas, até o túmulo.
Então criaram a pílula. A mulher passou a poder escolher se e quando ter filhos. O sexo passou a não ser sinônimo de procriação. A mulher passou a poder trabalhar fora, a adiar os planos de ser mãe, a planejar melhor a família, a pretender ter uma carreira, a ser mais independente. E veio também o divórcio. Não tinha mais que ser até que a morte os separasse, mas até que o divórcio os libertasse.E a sociedade veio mudando de lá pra cá.
Fato é que hoje, já não se romantiza mais nada. Homens e mulheres vivem em função do sexo. Coisas corriqueiras viraram utópicas, se apaixonar por exemplo, é proibido. É pior que dizer que era desquitada antigamente. E se você não resistir e se apaixonar, esconda isso de todos, principalmente de seu ficante. Se ele suspeitar, termina o rolo. Deus o livre de se amarrar! Compromisso? O que é isso mesmo? Namoro? Nem o namoro de hoje é igual. Arranjar um namorado está mais difícil que ficar rico. Se você tiver mais de 25, então, esqueça! Pra que querer ter alguém pra quem ligar numa madrugada fria e pedir que venha ficar com vc, e dormir de conchinha porque vc teve um pesadelo ou está se sentindo só? Ou quer trocar uma ideia enquanto come uma pizza numa noite fria? Nossa, que é isso? Sacrilégio! Exorcisem! Joguem no tapete de sal! Nos dias de hoje, namorar é o mesmo que querer casar e ter filhos!
O que as pessoas não vêm é que as pessoas são diferentes. E casamento também não é igual! Não tem que ser pra avida toda. Unir e desunir as escovas é só uma questão de logiística.
Apesar de não querer casar, eu quero namorar, saber que alguém quer estar comigo num sabado à noite. Mas casar? Ter filhos? Completamente fora dos meus planos! Eu quero conhecer alguém criar vínculos, trocar experiencias, ter uma amizade como pano de fundo de uma relação e não apenas suar minha escova pra freneticamente tentar fazer alguém ter prazer, sem necessáriamente sentir o prazer da devida intimidade. É pecado isso? Eu não quero ficar com um a cada semana porque meu corpo se sente solitário e ter que ir pra a cama porque se não ele vai achar que já somos maduros e eu estou fazendo doce. Pra que fazer doce, quando não se quer casar, quando se tem brinquedinhos dos mais diversos tamanhos, cores, sabores, texturas e velocidades disponíveis no sex shops? E que não vão se levantar correndo pra tomar banho quando se sentirem satisfeitos? E que não vão ficar de te ligar no outro dia? Não é nada disso que eu quero pra mim. Não quero ninguém que me complete, Também não quero completar ninguém. Seres humanos são complexos demais pra pretender completar-se uns aos outros. Eu quero continuar sendo o eu individual que quer estar ao lado de outro eu indivudual, em algum lugar que seja consenso pros dois e que dê prazer a ambos, mais de uma vez. Não ter que seguir regrinhas de etiqueta sexual, não ter que me preocupar com hepatite C, não por causa do sexo, já existem os preservativos, mas por causa do beijo. Afinal, quem não tem ou teve gengivite hoje em dia? E quem não deu um beijo mais caliente que feriu o lábio? Já pensaram a esse respeito? E sexo oral? Hoje faz-se sexo oral como se fosse a coisa mais normal do mundo. Até é, mas não com todo mundo!
Há muito o que se pensar a respeito de sexo nos dias de hoje. E eu, já abri mão de ser tão romântica, já dispenso uma companhia pra assistir a um bom filme. Mas há coisas que estamos fazendo mecânicamente, porque todo mundo faz. A automedicação é uma delas, o sexo casual é outra. Eu adoro sexo e creia, não tenho nenhuma limitação ou preconceito nesse assunto, mas tenho alguns princípios que quero ver respeitados. Inclusive o de preferir estar só a estr com qualquer um. Então, se alguém por aí, quiser ter um caso, sem um compromisso formal, não se ofenda! Sem apresentar aos pais, sem cobranças de parte a parte. Apenas, vontade de estar juntos em festas, viagens e diversão, é uma possibilidade a ser considerada.
Por Cris Vaccarezza

1 comentários :

Mone Silva disse...

Cris... eu não deveria mais me surpreender com seus textos, sua forma de pensar e escrever, contudo a cada leitura de seus textos fico mais impressionada com sua facilidade de descrever o "mundo", a velocidade e mudanças dos sentimentos... Vc traduz o que penso de uma forma que jamais eu faria... Me veja em cada um deles!!! Parabéns mais uma vez!!!! Bjs

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