A cadeira vazia

Uma amiga me contou outro dia, uma história interessante. Contava que um dia há alguns anos, estava numa fase contemplativa e de autoconhecimento, e teve aqui na cidade um show de um cantor que ela adorava. O cantor estava em início de carreira, mas o show estava bem frequentado. Não estava lotada a platéia, havia alguns lugares vazios. Ela me contava com certa amargura que não conseguiu sequer uma amiga que pudesse acompanhá-la ao evento. E como estava sem namorado, resolveu ir só mesmo.
O teatro foi enchendo, e na plateia quase cheia, justamente ao seu lado, ficou um lugar vazio. E isso a incomodava. Pessoalmente, fiquei feliz de saber que eu não sou a única pessoa a me sentir rejeitada quando fica uma cadeira vazia ao meu lado. Dá uma tremenda sensação de vazio. Poxa, mas logo ao meu lado, ninguém quis sentar? Sei lá, chame de grilo, paranoia, mas que essas ideias me batem, me batem. Que bom que não sou eu que penso assim.
Ainda que triste, qual não foi sua surpresa quando durante o show, o cantor desceu do palco, com uma rosa nas mãos, e cantando em sua direção sentou-se na plateia justamente onde? No único lugar vazio que havia. Ao lado dela. Cantou pra ela. Deu a rosa a ela. Dedicou alguns minutos do show para ela. E isso a fez sentir-se especial.

Às vezes me aborreço, reclamo com Deus por não ter nesse momento alguém ao meu lado, pra ir ao cinema, pra trocar beijos carinhosos, pra me aninhar nos braços, pra trocar afeto. Me sinto só e rejeitada, como quando com aquela incômoda cadeira vazia ao meu lado.
Então pensei: Tem horas que a cadeira ao seu lado tem que estar vazia, pra que alguém especial possa chegar, sorrir e sentar.
By Cris Vaccarezza

0 comentários :

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...