Honestamente

Tenho atentado para as relações de amor, assunto recorrente nesse blog. É que há coisas que não entram em minha mentalidade tacanha, e como tudo aquilo a que eu resisto, persiste, esse assunto não sai da minha cabeça até que eu o tenha equacionado totalmente.
Eu tenho percebido a insistente atenção masculina. Mais que algo lisonjeiro, essa atenção frequente às vezes se torna até ofensiva. Ninguém quer oferecer, trocar absolutamente nada, todos querem receber. Eles me cortejam da forma mais variada, mas a intenção é sempre a mesma: Sexo.
Deus, quantas vezes tenho que dizer, nada contra sexo, muito pelo contrário!   Mas só sexo, gente? Que vazio existencial!
Eu sou um SER humano, não sou uma parte. Levei 39 longos anos pra chegar aqui. Só nessa existência terrena.Vivi muito bem toda a minha vida, pensei, repensei, tive atitudes boas, outras nem tanto, estive em vários lugares, muitas experiências interessantes. Li Nietzsche, Neruda, Kafka, Jorge Amado, George Orwell, Tati Bernardi, Lya Luft, Jabor. Eu estudei filosofia, teologia, sociologia...Fiz psicanálise. Faço terapia pra me autoconhecer, sou logósofa, sou profissional liberal, independente, mãe. Sou uma mulher, sou um ser humano diverso, complexo. Por favor, não me reduzam a uma bunda!
Tô sim, tô magoada com seu descaso! E por seu não entenda apenas o seu próprio descaso, mas o descaso de todos vocês. E vocês são muitos, são todos vocês! Eu me casei com você pra que construíssemos juntos algo de bom. Pra que juntos pudéssemos ir mais longe, lado a lado, não pra ficar acordada até altas horas e fingir que não via a hora em que você se esgueirava pra a cama, dia após dia da semana. Eu fiz dança de salão pra encontrar uma parceiro. Como a dama e o cavalheiro, ser a tela pra a moldura que é você. Pra viver uma dessas cenas de musical com um astro como você. Uma cena de musical, entendeu? Não um filme erótico, ou pornô sei lá. Eu sou sua amiga, não sou um estepe pra a sua relação que não vai bem. Sou sua parceira em momento nenhum quis ser confundida com a sua mãe, não vou resolver os seus problemas pra você, posso ajudar, mas resolvê-los, só você pode. Eu passei horas batendo papo com você pra criar um vínculo, trocar afeto. Conhecimentos, momentos de lazer. Sinceramente, gostei do seu papo. Não pra ser nivelada por baixo com quem só tem mesmo bunda pra oferecer. Eu viajei, suplantei meus medos, quebrei paradigmas, pra ficar em seus braços, pra ter seus beijos, não pra ser apenas mais uma a ficar sob seus lençóis. Eu até acredito que por baixo dessa montanha de músculos, um dele seja o cardíaco e nele pulse alguma emoção. Mas nem por isso vou deixar que meu corpo aqueça o seu nesse banho tépido de que tanto fala.
Embora o tempo passe impiedosamente, eu acredito que sempre haverá sol. Sempre haverá um recomeço, e quem sabe algum dia eu encontre alguém que veja mais que o exterior. Eu não me acho o último biscoito do saco, mas também não sou mais uma. Ouvi de quatro homens diferentes essa semana a mesma frase: Você e especial! Sou especial? Então prova! Tenta ao menos me conhecer, arrisque-se a ganhar uma amiga ao invés de uma amante esporádica.
Mulher tem que ser degustada, como vinho, não engolida a grandes goles, feito água. Eu não quero mais um garoto em minha vida, por mais homem que ele pareça ser. E não me pergunte mais porque eu estou só! Não, eu não estou só porque eu quero. Ao contrário, estou só porque vocês não querem! E entre estar só e mal acompanhada, honestamente, nada contra estar só!
By Cris Vaccarezza

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