Carta aberta a um ausente

           Esse é inteiramente pra você. Se sinta, você é especial, publico aqui essa carta aberta porque ao contrário de um bando de acéfalos que não lê, sei que você lê! Mais que lê, escreve. E que vira e mexe está por aqui, ou pela velha Salvador, nua e crua.
          Saudades de você, dos nossos longos papos cabeça, sem pé nem cabeça, da louca intimidade que formamos sem nos conhecer.
           Você sumiu da minha tela! Sei que está tentando me punir! Sei que essa recusa te parece algo pessoal. É pessoal, mas é comigo! Não com você! Eu diria que "o problema é comigo" se considerasse um problema as minhas convicções, então diria, a certeza é comigo, mas o que é certo nessa vida de surpresas? Enfim, o que posso dizer é apenas: Não me odeies por te deixar, antes mesmo de te pertencer. 
           Compreenda, o ser humano sempre preferiu um inimigo velho a um amigo novo. Todos preferem estar com os velhos defeitos, que já conhecem, a buscar novas qualidades. Também eu, sou assim.
           Desculpa se de alguma forma te castro. Se firo sua vaidade por não querer ser vulgar. Mas prefiro não ser mais um sabonete em suas mãos. Mais um sabonete comum, usado e esquecido numa pia qualquer. Não nasci pra ser sabonete, contraria meus princípios. Sou careta, do tipo que ainda conta nos dedos, sabe? E ainda tem muitos dedos nas mãos pra contar. Já tô velha demais pra os novos costumes.
            Preciso de paciência, amor, preciso de tempo. Não curto aventura, não gosto de Rali. Não gosto de nada terminado em "inha", fugidinnha, saidinha, namoradinha, ficadinha, escapadinha, rapidinha. Não nasci pra piloto de test drive. Quero comprar o carro inteiro. Só experimentar pra mim é pouco. Procuro constância! Eu quero e quero mais de uma vez. Sou curiosa, mas não tanto assim, não preciso conhecer de tudo um pouco pra saber que a diversidade existe. Já sei o que preciso fazer para me sentir bem, e pular de cama em cama não está entre as coisas que eu sei fazer direito.
            Gostei de você. Não é mentira. Isso poderia ter dado um romance, mas resultou num conto, fazer o que? A literatura tem dessas coisas. Não precisamos deixar de ler por isso.
            Tudo na vida são fases, e eu acho que estou numa de calmaria. Isso é bom, pois temos a chance de nos conhecer na parte que mais nos interessou, no campo intelectual. Isso é o que mais me atrai em você, sua inteligencia. Não quero conhecer o que me fará deixar de gostar de você, seu famoso lado "cafa". Podemos ficar assim, seja o amigo comigo, o assexuado, e com as outras seja o "cafa", não me  incomodo, só quero ser exclusiva no que realmente importa, em seus pensamentos quando lê, discute, pirraça, discorda, concorda e interage comigo, no resto, todos os homens se não forem iguais, são bem parecidos.
           Gosto de você, no que mais me interessa, uma parte da sua anatomia oculta aos olhos da maioria, seu intelecto, sua personalidade, não preciso deixar de ser virtual pra isso, ou corremos o risco de entre fogos de artifício, como a pólvora, simplesmente se consumir e aniquilar-se, deixar de existir.
           Não me odeie se te preservo das efemeridades. Se serve de consolo, você, eu queria que durasse.
Pos Cris Vaccarezza

1 comentários :

Nathacha disse...

Sigo o seu blog, tem milhares de informações legais aqui, gosto disso e levanto sempre essa bandeira da "informação". Beijoka

Seguindo o blog :)

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Nathacha Phatcholly

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