Carolina

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"Ficar esperando, pra quê? Se não deves nada, além do acordado antes? Era só um sorriso, Carolina, era só uma flor! Esperar o que mais, se já foi além do esperado? "
Ei, psiu! Você ouviu? Isso foi para você de coração bobinho! Isso foi com você, menina que pensa que todo mundo é bom!
Sai dessa janela Carolina, que a outra morreu velha, na janela, olhando a banda passar, cantando coisas de amor! Morreu velha e amarga, Carolina, por saber que viveria eternamente no que poderia ter sido, nunca mais seria igual!
Se ele não percebeu que você só queria amar, proteger, acarinhar, fazer sorrir, paciência! Vai cantar atrás da banda, vai rodar pela cidade. Quem sabe existe alguém também desencantado que deseja o mesmo que você. Um sapato confortável pra um pé cansado como o seu?
Daí dessa janela, Carolina, você só vê as coisa à distância, só vê a gente perfeita, diferente do que realmente é! Fecha essa janela, Carolina. Abre seu coração, e vai atrás da banda! Quem sabe cantando, você não enche seu coração de alegria? Tira desse olhar o peso da decepção.
Veste seu melhor vestido, linda! Põe a sandália de dedo. Tá lá no fundo do armário! Dessa janela ninguém vê vestido, ninguém vê sandália, Carolina! Solta seus cabelos, abre esse sorriso! Vai ver o sol!
E você, por trás dessa cortina, ninguém vê! Ninguém nota a menina linda que você é! Somente o mais gaiato  viu. E como foi o primeiro a ver o que ninguém via, te pareceu o ideal. Do alto de seu palco iluminado, parou o desfile e ofereceu uma rosa à menina dos olhos mais tristes da cidade. A menina mais linda da festa. Só ele pareceu te notar, e veio embaixo de sua janela te jogar frases de amor.
O que você não sabia, Carolina é que isso é parte do show. Você só foi a menina mais linda da vez! Como ele era cruel! Não percebeu que você esperaria por ele todas as tardes na janela... Mas ele não vem, Carolina! Ele já foi! Partiu com o circo hoje à tarde, já deve estar pra as bandas das Gerais, sob outra janela, em que uma jovem tímida, se esconde atrás de uma cortina. Olhando a banda passar, cantando coisas de amor!
Vem viver, Carolina! Sai dessa janela!
By Cris Vaccarezza

Facebookeando

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Facebook é um negócio muito legal! É um diário compartilhado com o mundo. Em tempo real.
Onde os momentos da gente acabam sendo escritos a muitas mãos, enriquecidos pelos comentários de gente querida, que talvez não tivesse oportunidade de ver seus sentimentos tão momentâneamente expostos e dissecados. E que vez por outra, acaba te conhecendo melhor.
Em uma fração de segundo, uma reflexão, um sentimento, ganham o mundo. Ganham vida própria.
Coisa boa receber um curtir, um comentário de alguém querido que a gente não vê freqüentemente, ou mesmo de quem se encontra a toda hora. Ver sua idéia compartilhada em uma sexta feira de manhã. Se brincar, até ser cutucado é bom, faz bem pra a autoestima. Maravilhas da modernidade!
Eu fico pensando em quantas imagens distorcidas, em quantos julgamentos equivocados de caráter, feitos às pressas pelo costume que temos de julgar, essas atualizações de status, que deixam a vista um pedaço da alma, são capazes de começar a mudar. Algo do tipo: Nossa! Que bonito isso que ele(a) escreveu! Olha! Fulano tem sentimentos! Hum, beltrano pensa como eu! Basta perceber que julgamentos precipitados foram feitos pra serem alterados.
Quem sabe a longo prazo, usando essas ferramentas para o bem, não sejamos capazes de encontrar mais convergência de idéias que discórdias, passando a contribuir com a mudança que queremos pra o mundo.
Afinal, tudo muda na natureza. Bom, as pedras talvez demorem um pouco mais pra se modificar...Mas vamos lá! Dê uma chance ao outro, seu coração não é de pedra, é?
By Cris Vaccarezza

A dois

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Não sei se me sinto nas nuvens, ou  fisicamente destruída. Acho que um pouco dos dois. Sabe aquela fraqueza gostosa? Aquele estado de satisfação, cujo principal sintoma é um sorriso escandalosamente indelével? Pois é! Me sinto assim. Ontem me excedi, transgredi os limites do corpo, mas a sensação é indescritível.
Pernas, um dia as tive. A cintura preguiçosamente recusa-se a movimentos mais complexos. Braços fatigados, extenuados mesmo. Os abdominais, forçados, agora reclamam. Tudo dói prazerosamente, deliciosamente. Não estava acostumada. Foi uma overdose!
O corpo todo clama por repouso. Mas a cabeça está a mil! Relaxada, feliz!
O ato, por si, quando feito mecanicamente, já costuma provocar uma enchente de endorfinas, um bem estar completo e duradouro. Feito com o parceiro ideal, tem um efeito de plenitude ainda maior.
Quanto tempo esperando por uma noite e madrugada dessa. Mágica! Perfeita, muito cansativa, mas perfeita! Harmônica. Dois, unidos numa cumplicidade de movimentos. Rítmica, no tempo certo, na batida ideal, mais rápido, mais lento, pausa...conforme a música.
Do princípio ao fim, letra e melodia, tela e moldura. Cabide e vestido, perfeitamente dispostos em seus lugares.
Tiveram que despir-se completamente dos pudores convencionais. Encarar-se frente a frente com seus defeitos, vaidades e limitações, para só então se deixar levar pela magia do momento. Embora de vez em quando um erre, o outro conserta, embora um ou outro movimento estabanado ameace o resultado final, o corpo do parceiro é referencia e parâmetro. Fonte de movimento e porto de ancorarem em ondulatórios perfeitos. Estímulo e repouso.
Houve troca de olhares, cumplicidade, a sincronia ideal. As mãos se procuraram, se deram, deslizaram na medida certa e os corpos chegaram juntos ao êxtase final da música. Conforme esperado.
Dançar, é sem dúvida uma das mais perfeitas relações humanas.
By Cris Vaccarezza

Epidemia de solidão

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Achava-se sozinha, mais por opção que por desilusão, embora fossem muitas  pros sonhos que trazia no peito. Tudo bem que a grande maioria de suas paixonites eram platônicas, nunca dissera palavra aos pretendidos.
Mas não se sentia solitária. Gostava de estar só. Recusava-se a participar do que intitulara a festa do sabonete, onde as pessoas deslizavam-se velozmente, contra os corpos, de cama em cama. E ainda mais velozmente desapareciam ralo abaixo depois.
Achava que era uma romântica. Um dia acreditara em felizes para sempre. Um dia acreditou em terminar seus dias ao lado de um grande amor. Já não era o caso. Hoje acreditava apenas no hoje. Sem planos para o futuro.
Por outro lado, desejava companhia, carinho e constância. Não queria ser a bola da vez, o prato do dia. Não, ela sempre acreditou em sexo com intimidade. Acontece, que intimidade cria vínculos, cria afeto, e as pessoas estão cada vez menos afetivas e mais objetivas.
Tratam-se como objetos. Homens cada vez mais vaginocefalos (palavras deles) mulheres cada vez mais desesperadas, atiram-se aos seus braços como se gritassem salve-me de minha solidão.
Nenhuma critica. Ela também já estivera em cena numa dessas camas frias de motel. Ela também já estivera desesperada um dia. Sabe lá o que é querer um abraço forte, um beijo, um carinho e ter que fazer sexo pra indiretamente conseguir seu objetivo?
Claro que sabia. Todo mundo sabe! Vai dizer que nunca foi pra a cama por carência? E pior, chegar em casa vazio, sem nenhum pingo de afeto. Dois estranhos que estiveram juntos, ficaram juntos. Ou ficaram separados, serviram de objeto mútuo de prazer.
E nem nisso ela acreditava muito pois prazer pra ela também exigia relaxamento, que pedia cumplicidade , que recomendava intimidade, e isso, dois estranhos não têm. Ela não buscava perfeição, só harmonia de idéias. E não tinha pressa nenhuma.
Embora convicta, não conseguia deixar de sentir uma ponta de desesperança e sentir-se excluída quando recusava mais um convite de um corpo atraente. Era o ultimo dinossauro vivendo na terra, e era uma herbívora, nem um tiranossauro agressivo ela era.
Veredicto: Sozinha a dois, ou sozinha sozinha, preferia a segunda opção, que ao menos lhe deixava livre.
Surpresa foi perceber que muitas outras pessoas pensavam assim, mas se calavam por medo de ficar sós; se submetiam buscando um afeto onde jamais encontrariam.
Um exército de pessoas que perambula de bar em bar, que se joga na balada, se afoga em copos de whisky com energético procurando em outros corpos um calor que extinguiram.
Pacientes terminais de solidonite crônica, uma epidemia dos tempos modernos, onde o egoísmo e o hedonismo imperam. Zumbis que vagam nas casas noturnas, ávidos de sentimentos que os remova do limbo emocional.
Ficou realmente surpresa ao ver que mais e mais pessoas sinalizavam o incômodo de se sentirem sós após relações descartáveis. Sinal dos tempos, pensou. Pode ser que daqui a algum tempo percam o medo de amar e parem de banalizar as relações humanas.
Até lá, ficaria sozinha e em paz.
By Cris Vaccarezza

Encruzilhada

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E agora a sua vida se encontrava frente a vários caminhos. Tinha a incerteza no campo profissional. Tinha o campo afetivo que se bifurcava... E ela, na encruzilhada do destino, sentia que precisava escolher qual caminho seguir.
Seguir sua carreira solo, nesse mar se ilusões entre cafas e solteirões convictos, ou bons partidos que não lhe mobilizavam a vista, quanto mais o coração; ou voltar ao passado, reatar um nó numa corda já tão cheia de remendos com o melhor parceiro que já teve na vida, seu velho companheiro de jornada.
O que fazer? Que caminho seguir, que destino escolher? Que decisão tomar?
É um sério problema pra qualquer coração quando o destino te confronta com uma decisão a tomar. Dois caminhos, três, quatro possibilidades... o que fazer?
Continuar sozinha? Penso automaticamente nos casais que se completam e parecem feitos um para o outro. Eu me pergunto. Em que rua se encontraram? Em que momento marcaram aquele encontro? Em outras vidas, talvez? Deve ter sido! Pois são mesmo feitos um para o outro. Aí eu paro e penso, Meu Deus, com tantos solteiros por aí, qual dos rostos será perfeito pra mim? Então me pergunto, vale a pena seguir nessa estrada sozinha? Posso cansar antes de encontrar alguém.

Tô tão cansada! Desanimada mesmo. Passo os dias arrastados, como engolindo remédio amargo, esperando que amanhã seja diferente. Só por causa dessa expectativa, desse infindável esperar.
Pior, esperar pelo que nem sei se virá!

Voltar ao passado? Casar de novo? Resgatar as pontas que rompi? Depois de tanto tempo? Por que? Pra viver novamente o que já não deu certo? Pra estar com a pessoa com quem me sinto totalmente à vontade, antes de discordar o resto da noite? Não sei se consigo mais viver de reprise. Se os protagonistas são os mesmos? Será que ainda dá pra ter um final feliz? E se seguindo a gente acabar perdendo esse amor de amigo, esse amor de irmão que ainda nos envolve? Terá valido a pena?
Sento-me aqui nessa pedra e espero. Talvez por alguma criança que me fale a coisa certa. as melhores mensagens de Deus sempre vem pelas crianças. Elas falam com o coração. E enquanto sentada, espero, observo ao redor se não há outra explicação,
By Cris Vaccarezza

Ratoeira

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Quatro horas da manhã, deitada de costas, seminua, na sua cama, ela terminava mais uma noite do mesmo jeito... sozinha!
Lembrava do quanto estivera perto, da adrenalina que ele fez correr em suas veias, mas que de repente, do nada, sumiu como que por encanto!
Como é que ele podia se comportar assim? Mexia com ela de um jeito que não deveria. Ela sabia que era fake, sabia que era parte do ritual de sedução dele, que não era real, mas toda vez que ele estendia a ratoeira e acenava com o queijo, ela caia como um ratinho na armadilha dele: Ficava cheia de esperança, o coração batia a mais de cem. Fazia mil planos mentais de como seria sua noite aos beijos com ele: Será que resistiria? Claro que não! Quem resiste a esse choque térmico? Esquenta, quase derrete, esfria... quase congela! Haja metal pra isso! Haja fibra! Haja coração, pra tanta criptonita!
Recordava passo a passo da noite, pensando: Droga,, onde foi que eu errei?
Horas atrás, ela chegara com um pouco de ansiedade, típica de quem chega a uma festa e uma pontinha de desejo. Como ele estaria nessa noite especial? Era seu aniversário! Ele adora festas de aniversário. Sua família estaria lá, seus amigos também, a namorada dele, também estaria lá... Fazer o que? Quem disse que o mundo é perfeito. Ela não era, ele não era, enfim...Vamos respeitar. E ela respeitava! Mas olhar não tirava pedaço, e por mais que tentasse, às vezes, ela não resistia e olhava mesmo, discretamente.
Logo que estacionou o carro, ele estava na porta, tinha vindo cumprimentar outros convidados e também a recebeu com um abraço. Estava lindo...As always! Ela entrou, com aquela sensação de quero mais, mas o anjinho em sua cabeça gritava: "pára com isso! Olha o mole!"
Lá dentro, a decoração singela demonstrava o carinho que sua jovem namorada tinha por ele. Estava tudo decorado, balões, um lindo bolo. Eles formam um belo casal, sem dúvida. Resolveu que, pela jovem namorada, deveria tirar esse homem da cabeça, esquecer: -Ela é jovem demais pra tamanha desilusão!
Procurou uma mesa em que pudesse ver, sem necessariamente ser vista. Já tinha os amigos que certamente estariam alí e que a encontrariam, tinham combinado já. Não queria holofotes.
A surpresa é que a festa ainda não tinha começado, a música habitual não se ouvia e por isso ninguém abrira a pista. Já rolavam murmúrios e queixas. Quando a música começou os casais povoaram a pista, e a festa adquiriu seu espírito peculiar... (longo intervalo de tempo, contido entre parênteses) E a festa foi linda como ele havia sonhado!
De pé, fotografando o ambiente, não percebeu que também era fotografada, foi quando ele passou e sussurrou algo em seu ouvido. Era o gatilho. E sempre tinha um gatilho que disparava a metralhadora inteira, sempre tinha a gota que ele jogava discretamente, e que fazia o dique de emoções dela se romper. Mais uma vez estava a idiota, bilhete na mão, pronta pra entrar na montanha russa emocional dele.
É incrível, bastava um sussurro dele pra arrepiar sua alma! Como esse cara consegue ter tamanho domínio sobre um corpo que nunca lhe pertenceu? Juntou o resto de juízo, sacou o telefone, fez alguns contatos, pegou a bolsa e resolver continuar a balada em outro lugar. Afinal decidira, pela namorada, vou tirar esse moço de minha cabeça!
Mas qual?! Na saída, ao se despedir, sussurros insinuavam que ele não queria que ela se fosse. Ele a abraçou como só ele sabia, roçou sua orelha com os lábios e disse: - Me liga, eu quero ficar com você! Pronto! Bastou isso! Ser ou não ser, eis a questão!
Não vou ligar! Ela já sabia, isso não é certo!
Mas mandar sms pode! Quero ver até onde ele vai com isso... Mandou! Saíu dali o mais rápido possível com medo que ele respondesse. Partiu, foi pra outro lugar.
E agora? Longa espera, será que ele responde? A balada pegava fogo em outro bar, mas ela atentava para a resposta que não vinha! Nada, silêncio...
Quase duas da manhã, o famigerado celular vibra! Era ele: - Você ainda está aí? Tempo....pausa! Conta até dez, criatura, respira!... - Estou sim!
Ele chega, dono da situação, ela estava na pista de dança, fogo... quase um vulcão, era o ápice da montanha russa, o cume. Daqui pra frente não tem volta, seja o que Deus quiser! Ele se aproxima, meio sem jeito, e diz pertinho: Eu estou tão cansado hj, acho que vai ficar pra a próxima!
Como assim, cansado?! Pra dar um beijo?! Ela não disse palavra. Cerrou os olhos, por breves 2 segundos, aproveitou que alguém vinha falar com ele e girou nos calcanhares, rumo à mesa.
Chega! Por hoje já deu! Não conseguia acreditar, enquanto dirigia de volta pra casa, ele fizera mais uma vez! Rato na ratoeira! Bingo!
...Quatro horas da manhã, deitada de costas, seminua, na sua cama, ela terminava mais uma noite do mesmo jeito... sozinha!
By Cris Vaccarezza

A ex

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Há coisas que por mais que se tente, não se consegue superar. Essas são as coisas que não tem corpo, as dores que não tem uma origem física, e assim, não se pode aplacar. Muitas coisas doem nessa vida, mas a dor de uma saudade, de uma perda, de uma rejeição, do arrependimento, da solidão, não tem remédio que reduza. Há quem se anestesia, embebeda, se droga, se torna compulsivo, obsessivo... e há os que apenas sofrem.
Ela observava a sua inquietação. Hora levantava, hora sentava-se, hora convidava pra dançar, hora amuava num canto. Sucessos antigos tocavam sem parar. As pessoas se espremiam na pista de dança, e ele, simplesmente não queria estar ali.
Estava claramente incomodado. Primeiro por que aquele cara brilhava momentaneamente mais do que ele. Era o astro, o centro das atenções. Ora, mas ELE era o sol! Não estava acostumado a ser planeta;
E segundo (ele jamais admitiria) mas isso doia muito mais, aquele cara, era o cara da ex dele.
Ele nunca superou essa perda. Mesmo tanto tempo depois, era por ela, a ex, que ele agia daquele jeito. Ver aquele cara chamando atenção, fazendo sucesso era assinar um atestado de derrota: Eu a perdi.
Não tinha nem meia hora que ele havia saído debaixo dos refletores, há pouco, era ele quem brilhara. Mas ceder seu posto para aquele cara, logo pra ele? Ainda ter que assisti-lo era demais!
Há alguns dias, ele dissera quase ao seu ouvido, em situação similar: Coisa incrível, eu estar aqui, assistindo o sucesso do atual da minha ex! Que situação.... - Tempos modernos, meu caro! Acontece!
Então, ela, que intuitivamente sabia de todo o seu conflito com a ex, se colocou entre o palco fervilhante e ele, olhou no fundo do olho azul infinito e perguntou:
- Quando é que vai passar, hein, meu amor?
- O que? - Falou, ainda meio distraído
- Essa dor que te consome?
Ele compreendeu que havia sido pego. Ruborizou. E como ficava lindo rubro. Não sei se era de vergonha, ou de raiva, sei que ele baixou os olhos e a guarda.
- Eu não estou sentindo dor... só não tenho que ficar aqui!
Ela balançou a cabeça compreensivamente. Jamais venceria o fantasma da ex. Nem tinha a menor pretensão. Ninguém vence um ex. Ex é aquele que foi sem nunca ter ido. Se é ex, é mal resolvido. Se for meu ou minha ex, então, pode ter certeza de que está bem localizada entre os dois.
Quando passou, quando a história morreu, simplesmente acabou, fala-se o nome da pessoa sem qualquer problema, ou, na pior das hipoteses, denomina-se infeliz, enconsto, aquele ser de quem não falamos e outras denominações similares. Mas minha ex? Meu ex? Isso ainda era alguma forma distorcida de posse, de relação. Um tipo de fogo de monturo que ainda queima...
Ela também tinha o seu ex. Também tinha os fantasmas dela. Nunca conseguiu exorcizá-lo, como criticar?
Estendeu a mão pra que ele soubesse que ela (a atual) estava alí, sorriu um riso triste de cumplicidade.
Raros foram os momentos em que foram tão íntimos. Quando ele segurou a sua mão, ela simplesmente a levou junto ao seu coração: -Se, e quando quiser ir embora, é só me falar. Também não estou gostando da festa!
Ele compreendeu que ela era muito especial e que poderia contar com ela. Num abraço terno, enlaçou sua cintura e sussurrou no seu ouvido: - Vamos embora sim, não tenho mais nada o que fazer aqui. Vamos ser felizes, onde o passado não esteja tão presente. Façamos agora nosso presente. Chega de Flashback!

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