Apenas você

Agora, quando recebi a notícia do acidente, em que morreram dois. Imediatamente lembrei que você estava vindo por essa estrada. E que eu ia, há algum tempo sentar pra te escrever esse texto. Agora, talvez fosse tarde demais.
Corri pro celular e só dava caixa. Odeio quando você faz isso! A incerteza dava dor no estômago. E a ansiedade era tamanha até finalmente ouvir sua voz. Que alívio! Você estava bem! Graças a Deus. Agora posso escrever meu texto em paz, antes que você resolva sumir de repente.
Afinal, você não se cuida, tá com sobrepeso, tem a pressão à beira do absurdo, come demais, e só come besteira. Além do mais, dirige da forma mais segura que um maluco dirigiria. Cola no fundo dos carros, tá sempre acima do permitido, se arrisca na estrada depois de ter bebido um pouco, mas a tranquilidade que eu sinto estando com você é completa.
Você é politicamente incorreto, meio mal educado, fala alto demais, finge ser mal humorado, às vezes chato e adora destruir minha autoestima. Mas quando me vê com um tom de voz abaixo do habitual, larga tudo pra vir me ver. Se percebe que alguma coisa está errada, não sossega até saber porque. Quando tem algum problema, e eu estou preocupada, você tem uma solução que me faz sentir bem, instantaneamente. Você faz tanta zuada, reclama tanto, fala tanta besteira, piora tanto a coisa, que me sinto bem melhor com meu problema. Então cala a boquinha e deixa o problema que eu resolvo!
Quando eu tenho dor, é a sua mão que eu quero segurando a minha. Quando estou sozinha, é você que eu quero me afagando os cabelos. Quando estou triste, é em seu peito que eu quero recostar. Quando estou feliz, é para você que quero ligar. Quando acordo, sinto saudades do tempo em que você estava lá. Quando vou dormir, me esforço pra não ficar muito tempo na cama, pra não dar tempo de sentir saudade do seu mal dormir. Aliás, dormir de conchinha é algo que só aconteceu em minha vida uma vez, e foi com você. Foi só com você que meu sono agitado encontrou paz pra dormir de conchinha.
Tá certo, eu sempre sonhei andar de mãos dadas e você nunca quis. Sempre adorei ficar abraçadinha em lugares sem censura, mas você tem vergonha. Eu sempre adorei café da manhã na cama e você fazia o café, mas nunca curtiu trazer. Eu sempre adorei flores e você se recusava a trazer. Em resumo, você não quer e nunca quis dar o braço a torcer.
Só que você me faz rir no momento certo, me abraça como ninguém, me olha nos olhos e me deixa ver através deles, a sua alma. E foi por sua alma que eu me apaixonei, há 12 anos atrás. Foi pelo menino que parecia um homem, mas tinha apenas 20 anos. Foram quase 10 anos juntos. Isso é muito tempo. Dois anos separados. Isso também é muito tempo. Talvez, tempo demais.
Sabe o que é que eu descobri, depois desses quase dois anos? Que em momento nenhum, você deixou de ser importante. Por isso não surgiu ninguém especial. Eu estava sozinha quando acabou, como ainda estou sozinha agora. Mas talvez solteira, tenha você mais perto de ser, o que me faria feliz. Talvez como amigos, tenhamos sido mais amantes que antes fomos. Mais companheiros. Fruto da incerteza, da inconstância. Tivemos longas conversas, sinceras, honestas que nos fizeram crescer muito.
Você me pergunta todos os dias, se eu te amo! Eu te amo sim, eu respondo, mas a gente não dá certo junto, você sabe! Sabe o que mais? Eu fantasiei os mais belos príncipes encantados, eu admirei as mais perfeitas silhuetas, mas é em você que eu me encontro em paz. É no seu corpo que o meu se encontra pleno.
Na verdade, na verdade, eu queria que fosse você, o homem perfeito pra mim. E agora, diante do susto, da possibilidade de nunca mais, eu resolvi te contar, o que se você não fosse tão turrão, já teria percebido há muito tempo.
By Cris Vaccarezza

1 comentários :

Betoloveangie disse...

Oi gostei de seu blog. Adoro poesia ...escrevo poesia ....Bom Ano Novo a todo mundo...

Deixo meu blog para quem queira ver.


Atenciosamente


Beto


http://betoloveangie-betoloveangie.blogspot.com/

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