Dentro do contexto

"Você escreve como Clarisse", ele disse um dia num dos nossos longos papos cabeça. Tolice, Clarice era um ícone, um gênio, sou apenas mais uma alma inconformada com a orgia que fazem do amor! "Não" ele disse" falo que você escreve em terceira pessoa, como se estivesse ausente da cena" São seus olhos de amigo que me veem assim. É que você me vê com seu coração. E seu coração é doce, vê tudo aumentado. É meu jeito prolixo de dizer obrigada.
Mas com sua doçura de amigo, ele sabia compreendê-la, embora as vezes não entendesse suas atitudes apaixonadas. E nas tardes em que podiam conversar, trocavam a experiencia da maturidade pela juventude. Décadas de diferença, mas amigos não tem idade.
- "Pra que isso?"  às vezes ele dizia inconformado com seu jeito apaixonado de ser. "Você não está vendo que esse homem não te ama?" Eu sei, respondia, mas não me importa. Importa que eu quero por nós dois. E sabe do que mais, ele nem precisa saber disso! Ele nem precisa saber que eu fugiria com ele pra Nepal. Que eu faria um loucura por ele, que eu me entregaria de corpo e alma sem exigir nem mesmo exclusividade!" "Que absurdo! Falta de amor próprio!"
Pelo contrário, amigo, é excesso de amor. Talvez não o próprio. É vontade de distribuir, de doar emoções nesse mundo cinza que me acha estúpida, que acha idiota meu modo escrachado de sorrir sem vergonha, meu jeito infantilizado de ser feliz. Esse mundo que julga sem me conhecer, esse mundo que tenta diminuir o tamanho do meu amor, atribuindo a ele pechas de subterfúgios. Pensam eles, ela deve estar fazendo isso por carência, quer comprar o outro, seduzir e depois abandonar. Foram tantos os impropérios, amigo, que já ouvi nesse caminho, foi tanta topada nas palavras duras de quem a gente só queria compreensão, que meu pé calejou. Ficou duro! Mas nunca que eu vou deixar de caminhar! Minha alma continua leve, sem rancores, sem tristezas, só amor pra dar!
Eu sigo! Se eu quero, ele nem precisa saber. Eu mando anonimamente pra ele. Era só um presente, e eu mandei. Só queria que ele sorrisse. Sei que ele gosta de espelho. Que custa enviar um espelho pra ele se olhar? Se ele vai me ver por trás do espelho? Sei lá, amigo... problema dele!
By Cris Vaccarezza

2 comentários :

Eduardo disse...

Ahhhhh todos gritam!! hauahuahau

Adorei!!Eu sou suspeito né? hauahua

poesias acidentaids disse...

Você não é suspeito. É co-autor rsrs obrigada!

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