Próxima estação: 2012

Contagem regressiva. Nesse período é sempre assim. Todo mundo se abraçando, confraternizando, lembrando do próximo, do menos favorecido, lembrando do amigo, secreto ou não, do irmão! Todo ano é assim. Mas esse ano não!
Não que o mundo tenha mudado. Fui eu quem mudou. Não sei se é por conta de o ano terminar em um sábado, não sei por ter esgotado minhas forças esse ano tentando manter inteira a minha fé em Deus (e a mantive, inabalável. Mais forte até). Fato é que não estou muito animada pra esse final de ano.
Lembro que ano passado nesse período, eu estava de malas prontas pra 2011, que contava minhas aventuras e desventuras emocionais em um ano em que me descobri mulher, redescobri a pessoa que hibernava e que queria existir. Lembro que ano passado eu eclodira de larva a borboleta, após um retardo de anos e borboleteando, meio às cegas, perambulava em busca de flores em meio a espinhos.
Agora, às vésperas da virada, ainda me sinto como que no limbo de um Julho, Agosto, Setembro e não na ferveção veranesca de um Dezembro.
Anime-se, faltam apenas alguns dias para terminar esse ano que materializou em meu corpo problemas reais, que me mostrou os riscos, a proximidade das doenças do corpo. Esse ano que feriu, que não cicatrizou, que deixou cicatrizes visíveis. Que me confrontou com a face brava e por vezes injusta da justiça,  que me fez pagar o preço da minha procrastinação.
Esse ano me fez crescer e envelhecer 20 anos em um. Agora talvez eu tenha os 39 que a minha identidade atesta. Agora talvez eu mereça os diversos fios brancos que a fronte ostenta. Acho que até o princípio desse ano, eu tinha apenas 19 anos emocionais.
Vivia um tempo de descoberta, de princípio de independência, tempo de tomar as rédeas de minha vida em minhas mãos. Mas não tinha noção de quem era, ou quem poderia vir a ser. Era uma romântica.
Tudo em nossa vida são possibilidades, escolhas, caminhos, semeaduras. E se descortinam como um leque no momento certo. O futuro convida você pra dançar, mas não anuncia o ritmo. Você não tem o direito de recusar a dança. É levantar e acompanhar. Cada passo, uma decisão, cada sorriso uma escolha, cada rosto uma possibilidade. Ao escolher um caminho, abrimos mão de outro. Certo ou não, só o tempo dirá.
Esse foi um ano que comecei vivendo uma experiência de Alice no país das maravilhas, de viajar pela primeira vez sozinha pra longe, apenas eu e minha filha. Tempo de rirmos juntas, brincarmos juntas, dançarmos juntas, brigarmos juntas e nos tornarmos mais mãe filha, mais gente. A brincadeira terminou já na volta, com uma separação na família que desestruturou tudo. Um terremoto emocional que antes do tempo, desestabilizou o que eu achava que seriam meus dois pilares eternos, sob os quais emocionalmente eu me erguia.
Foi então que aprendi que agora em 2011, eu seria convidada a me erguer em minhas próprias pernas. E que chegara o tempo de começar eu mesma, a dar suporte a esses dois pilares, que com o tempo ameaçavam ruir, cada um em sua base. Seria difícil tentar consertar pilares divergentes. Ainda não consegui, mas eles estão de pé.
Assim 2011 começava a mostrar seu plano de unir três vidas, três mulheres, três gerações e seus conflitos.
Um ano de minimizar problemas que teimavam em chegar sem ser convidados, de aprender a lidar com meus sentimentos, de escrever minha história, de aprender a respeitar meus limites, de desapegar.
Tempo de perceber que ninguém pode ser idealizado, pois ninguém é o ideal. Que o que parece perfeito também pode falhar. Que o novo quebra, que manutenção preventiva nem sempre dá certo, e quando uma coisa tem que dar errado, não adianta, ela dá errado, você que tire lucro da lição; que aprenda a consertar. Descobri que imprevistos acontecem, e por mais que planeje, às vezes é inevitável se ausentar, se desculpar, falhar. Se isso não é usual, as pessoas vão compreender.
Que o jovem adoece, e que os jovens estão adoecendo emocionalmente, cedo demais pros anos que ainda lhe restam. Que quem parece inatingível, também tem seu ponto fraco. E que seu ponto fraco pode fazer o prédio inteiro ruir. Que os brutos também amam. Mesmo que não confessem de jeito nenhum, e com isso percam a beleza das cores, o perfume das flores e o sabor dos frutos.
Que ninguém vai sentir-se mais feliz com suas conquistas, que você mesmo. Que a inveja existe e é uma força destruidora. E que se você não se amar, ninguém vai te amar também de volta. E mais, que nunca, ninguém vai amar mais a você do que ama a si mesmo. Se parecer assim, desconfie. Tem algo de errado com ele. É preciso amar-se para ser amável.
Em 2011 aprendi que amigos vem e vão. São livres. E não importa o quanto você sinta falta deles, se decidirem partir, devemos respeitar sua escolha e continuar amando-os da mesma maneira. Que as interpretações são diversas sobre o mesmo assunto e ninguém está totalmente certo, ou errado. Nada é absoluto. Nem a verdade, cada um tem a sua e a enxerga, na medida que dá conta.
Isso me ensinou Janaína, que daria um capitulo inteiro, tantos foram os aprendizados nesses anos, tantas foram as coisas que nos inspirou a conquistar. Com seu doce ouvir, com seu enérgico falar, com seu riso encantador. Consegue unir as três histórias, as três gerações. Três pontas tão diversas de uma corda e trançar. É mesmo uma grande alma essa Janaína. Estímulo, nos momentos de apatia, freio aos excessos egoísticos, equilíbrio que nos mantém na estrada. Que me fez pegar a estrada, sem medo, viajar e chegar lá, com minhas duas meninas. Eu, sem medos? Quem diria Janaína!
Eis que chegamos aqui, avó, mãe e filha. Três gerações de mulheres, com seus desafios, tristezas, alegrias, aptidões e dificuldades, aprendendo a conviver juntas na medida do possível e a juntas, se proteger das intempéries da vida, fortalecendo-se mutuamente. Dois mil e onze propiciou a cada uma de nós, a oportunidade de vivenciar desafios, de chorar suas lágrimas, e secá-las com sorrisos.
A melhor notícia é esse ano sofrido, está chegando ao fim. E nós, chegamos lá! Não perdemos as esperanças, não sucumbimos. Sobrevivemos!
Que venha 2012, ano par. E traga paz ao que está em conflito, alegria ao que ainda entristece, alento ao que sofre, alimento ao que necessita, saúde ao que padece, discernimento para as horas difíceis e amor, muito amor para dar, vender, distribuir, emprestar, florescer, multiplicar!
Tudo em dobro, tudo aos pares, tudo pra todos!
By Cris Vaccarezza

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