Sobre raposas, rosas e principezinhos


Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar. 
- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante. 
- Foi o tempo que perdi com a minha rosa... repetiu o princepezinho a fim de se lembrar. 
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não deve esquecer. Tu te tornas esternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa... 
- eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar".
(Antoine de Saint-Exupéry - Diálogo entre o Pequeno Príncipe e a raposa)


Estamos na estrada e eu, fone de ouvido conectado, me desloco para longe. Ida e volta, eu só conseguia pensar em estrelas, em raposas, em rosas, em pequenos príncipes de cabelo cor de trigo.
Viajo nos pensamentos, só lembrando da mensagem que recebi ontem; um trecho de "O Pequeno Príncipe" quando ele conhece a raposa, e através dela, o poder do cativar.
A raposa queria ser cativada, apenas para deixar de ser uma entre cem mil raposas iguais e se tornar especial a para o pricipezinho. Ela queria conhecer o som dos seus passos, esperar por ele, criar ritos.. criar laços.
Embora a raposa soubesse que o príncipe já tinha a sua rosa; que a rosa o cativara antes e que ele seria para  sempre dela. Que um dia, bem breve até, ele voltaria pra a sua rosa, ela quis que ele a cativasse. Ainda que soubesse que iria sofrer quando ele partisse. Ainda assim, deixou que ele a cativasse. Quando o príncipe teve que partir para encontrar a sua rosa, a raposa chorou, e ele ficou triste por ela. Mas a ela restavam os campos de trigo dourados, da cor dos cabelos dele para recordar.
Ainda que ele tenha voltado pra a sua rosa, foi a raposa que lhe ensinou a ser cativado e é dela uma das mais célebres frases do livro: "O essencial é invisível aos olhos. Só se enxerga bem com o coração" e "Tu te tornas eternamento responsável por aquilo que cativas".
Ontem me perguntaram o que eu procuro em sites de relacionamento. Não sei! Tenho consciência da busca, mas não o objeto dessa busca. Busco algo que ainda não encontrei, uma pedra rara, um diamante perdido que se destaque da multidão de caras e rostos iguais.
Talvez busque apenas uma raposa como eu, que também queira ser cativada. Acho que é isso que eu busco. To be tamed. Ser cativada. Pra ser especial, e não mais uma raposa qualquer. Quem sabe até, a rosa de alguém.
Alí, no meio da estrada, a noite caía já, e percebi que compreendia a rosa que o principezinho amava. Haviam cativado um ao outro. Compreendia também o princepezinho para quem a sua rosa era única. Mas me identificava mesmo com a raposa, que compreendia todo mundo, e preferiu sentir a dor da perda a não sentir nada. A passar pela vida sem levar bagagem emocional nenhuma.
Não! Prefiro malas entupidas de saudades dos abraços que dei, dos sorrisos que despertei, das lágrimas que rolaram e ainda rolam às vezes. Prefiro essa saudade ao medo de nada sentir.
By Cris Vaccarezza

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