Não há vagas!

Descobri que eu nunca vou conseguir me interessar verdadeiramente por ninguém lá fora, enquanto você estiver montando guarda aqui dentro do meu peito!
Não vai ter chef experiente, pop star entediado, mestre educado, patrulheiro sexy, doutor garboso, ex  arrependido, legislador egocêntrico, literato, poeta, cantor, escultor, nada. Ninguém vai conseguir entrar se você continuar fazendo ronda no meu coração. Digo, corpo. Eu é que insisto em me iludir, achando que é no coração!
Antes eu achava que havia vontade, mas não havia pretendentes. Depois achei que havia pretendentes, mas não havia vagas. Ou que havia vagas, mas não havia qualificação. Descobri que há qualificação. O que não há é interesse em contratar. Fecha-se o ciclo! Continuo sozinha, por opção. Não há vagas!
É que você não sai da porta! Me deixa livre e monta guarda. De vez em quando, cerca. Mas de vez em quando é pouco pra mim.
E tem a tal da consciência. A minha, é mais feroz que sua vigilância e vez por outra, rompe o cerco, dribla a guarda, entra aqui e vem ter comigo. Me põe contra a parede, olha fundo no meu olho e pergunta se é isso mesmo o que eu quero pra mim. Não, não é!! Então eu tento te odiar pra me manter longe. É quando você percebe que eu me afastei, e se põe de novo em meu encalço... Bastam poucas palavras. Daí a consciência que se lixe. Você hipnotiza meu id. Isso é inconsciente. Volto pro vício outra vez.
Eu achei que dessa vez você tivesse optado pela seriedade, e me deixado em paz. Parecia que finalmente alguém teria te fisgado o coração indomado e te feito refém de seus beijos. Depois de tanta exposição, de tanta ostentação, achei que fosse pra durar. Que fosse pra valer.
Até eu fiquei comovida. E movida pelo desejo apaixonado de vê-lo feliz, eu engoli seco minha dor, reduzi seu abandono a uma pedrinha de sal e pensei: Será melhor assim! Será pelo bem do meu bem. Amar, dizem, é libertar. Deixei ir a paixão que calava. Em nome do seu amor, da sua felicidade. E me dispus a ajudar. Sinceramente rezei por vocês.
Doeu te ver chegar acompanhado, ao nosso lugar. Tentei disfarçar, mas era muito pra mim. Ainda assim racionalizei: Não existe mais nós. Nunca existiu. Portanto, nunca houve nosso lugar, nem nunca haverá. E tentei sorrir. Receber-te como filho que dói para nascer, para apartar-se de nós. Se consegui não sei, não posso te contar. O palhaço sempre ri, mesmo quando seu coração chora. Ri tanto, e faz rir de tal maneira, que se contagia com a alegria que acabara de inventar. Assim fiz.
É com tristeza, que vejo que de nada adiantou meu esforço. Você continua à solta. Cometendo os mesmos crimes dolorosos contra a minha sanidade. Não bastava olhar, estar perto, seduzir sem querer? Você precisava querer seduzir?
E agora? Que ridículo! Me encontro de refém da presença alheia pra escapar de você! Pelo amor de Deus, não me deixem sozinha! Porque se ele chamar, eu vou! 
Me deixa em paz! Por favor, resista! Pois se você não conseguir, eu muito menos. Nada justifica essa insistência: Pra você eu sou só mais uma, pra mim você ainda é especial. Pode ser qualquer uma, então pula eu, parte pra próxima. Vê se me erra. Me deixa quietinha aqui, casada com minha paixonite burra. Sigo sozinha. Porque enquanto existir você, (que a todas quer) meu corpo verdadeiramente não quer mais ninguém.
Por Cris Vaccarezza

1 comentários :

Eduardo disse...

Eu to sem ação diante te tamanha verdade cris. Eu to bobo como você conseguiu sintetizar tantas coisas que eu penso em um texto só!! Muito bom

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