Logosofando

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Logosofia, você sabe o que é? Infelizmente, a maioria das pessoas não sabe. E não me refiro só à definição de logosofia, que a princípio é bem simples, ciência que estuda e promove o autoconhecimento e o
auto aperfeiçoamento, para que através deles, o homem encontre dentro de si mesmo as soluções para as suas demandas, melhorando-se. Sua imagem é a do homem, esculpindo-se a si mesmo.
Penso que, em matéria de logosofia, o maio déficit não está na semântica, está na ausência de uma busca por conhecer-se. O homem julga-se já, conhecedor de seus instintos e aptidões. Na verdade, na maioria das vezes, esforça-se para exibir qualidades que acha que tem, ou gostaria de ter; desconhece as verdadeiras aptidões ou talentos que possui; e em conhecendo os seus defeitos, esforça-se para escondê-los e não em resolvê-los. Não percebe que assim, vive em busca de um ideal que não corresponde ao que humanamente pode conseguir.
Fisicamente, notamos pessoas de estrutura corporal X, querendo a todo custo, tornarem-se do tipo Y. Percebemos cabelos, rostos, seios, glúteos, abdomes, braços e pernas modificados à força, às vezes à custa de muita agressão ao corpo. A sociedade enlourece, emagrece, alisa-se ao sabor dos ditames da moda. Já vimos pessoas que tentaram embranquecer, que multilaram-se, por força das pressões sociais ou de auto aceitação. Tudo em busca de um ideal cada vez mais irreal.
Vivemos numa sociedade onde é pecado envelhecer. Esticamos, pintamos, embotoxicamos tudo, até plastificar a alma. Até perder as características que eram nossas.
Psicologicamente, vemos pessoas tentando ser o que não são quimicamente, viciando-se em calmantes, estimulantes, ansiolíticos, drogas licitas ou não, em vez de buscar conhecer-se na terapia.
Socialmente, também falta muito em autoconhecimento. Buscamos o ideal, sem saber que ideal é um conceito subjetivo e utópico em alguns casos. Queremos ter um milhão de amigos, sermos populares, conhecer muita gente, mas não paramos para conhecermos a nós mesmos. A nossa família, os nossos filhos, em suas imperfeições. Buscamos os amigos, os ideais de família perfeita, os irmãos que não tivemos. Aqueles que nos aceitam. Que não nos criticam. Ilusão. A critica virá com o tempo e a conivência, e então, será inevitável trocar de amigos.
Buscamos amigos virtuais que nos curtem e aplaudem nas redes sociais, mas todos nos reunimos em grupos cada vez mais individuais e isolados em suas casas. Cada um mostrando o melhor de si e escondendo as imperfeições que lhes desagradam. Ou nos reunimos em mesas de bar para juntos, afogar as mágoas, anestesiar as angústias.
Nos relacionamentos, são muitos os solteiros querendo permanecer solteiros, com medo de se apegar, de interagir, de criar laços. Pois laços lembram impermanência e podem ser desfeitos. Desfazer-se, perder, numa sociedade como a nossa, dói. Há outros que vivem presos às memórias do passado, e congelam ante a possibilidades futuras. Há ainda, os que mais tristemente, nem tem essa consciência de que não querem laços, e fingem que querem, multiplicando por dois a própria dor.
É preciso, antes de tudo saber quem sou e o que quero. E mais, se quero, pra que quero. Nisso o autoconhecimento pode ajudar. Se eu já casei, já tenho filhos, uma vida estável, será que eu sou para casar? Mas se não sou, será que sou da pávirada? Também não, então busquemos um meio termo, busquemos um namoro. Se eu já tenho filhos e não quero mais tê-los, de que me adianta buscar alguém jovem e sem filhos que ainda pretende construir família? Se eu sou jovem e solteira, e quero curtir a vida, encontrar um homem que queira o mesmo, me parece mais sensato que tentar iludir alguém a me levar a um casamento que não valorizarei. Se sou um homem que aprecia as mulheres, envolver-se com uma mulher, não é erro de artigo definido por indefinido, é crueldade.
Parece evidente que se não nos conhecemos, sequer sabemos o que queremos de verdade. Se não sabemos o que queremos, como valorizar o que encontramos?
Para finalizar, deixo dois provérbios que desconheço a autoria: "Nenhum vento ajuda a um barco que não sabe que rumo tomar" e "quem não sabe o que busca, não reconhecerá o que encontrar". Que possamos nos conhecer a ponto de saber o rumo dos nossos caminhos e o que buscamos para dentro das nossas limitações reconhecermos a felicidade, quando a encontrarmos.
Por Cris Vaccarezza

Despedidas

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"Eu vou me casar!" Ele disse. E ela morreu um pouco mais por dentro. Sabia que por mais que não fosse verdade naquele momento (e que não passasse de uma mistura de bravata e pirracinha infantil), era uma verdade inadiável. A qualquer momento, seria um fato a ser aceito.
Se perderiam de vez. Ela sabia que era assim. A cada passo que davam, maior era a distância entre eles. Maior o cânion que se abria entre seus pés. Seus caminhos rumavam para lados opostos. A futura esposa podia não ser a namorada de hoje, mas seria a de amanhã. Afinal, apesar do amor residual, não eram mais um casal. Um dia seria verdade!
E ela, que há algum tempo achara, que não ficaria sozinha pra ver isso, tinha que engolir seu orgulho agora. O mundo era mesmo engraçado, ele era tão egoísta, tratava as pessoas tão mal, era tão tosco emocionalmente, e sempre estava com alguém. Já ela, se doava tanto, sempre procurava pensar primeiro no outro,  era sempre doce, avessa a agrestias, nem pensar em magoar alguém... Sempre alguém dava-lhe uma patada, uma ignorada e isso ela não tolerava. Sempre acabava sozinha.
Quem diria que tanto tempo depois ainda se sentiriam assim. Era preciso mesmo muito tempo para que as energias de anos de convívio fossem aos poucos se dissipando, e enfim, dois anos depois, elas se dissipavam. Os laços que os prendiam, iam se desfazendo e os dois ficavam finalmente prontos para ficar a sós. Para recomeçar. A vida é assim. Segue seu curso. Quem não tiver medo de navegar, que reme junto!
Ou prepare-se para a partida inevitável. Pois nada é eterno sob o céu de meu Deus. Nada dura para sempre...
Por Cris Vaccarezza

A reedição do velho mito da caverna

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O pior cego, é mesmo aquele que se recusa a enxergar! É chocante, como as pessoas se recusam a ver, quando a visão à sua frente vai mobilizá-las a modificar velhos hábitos! Quando a constatação de uma verdade, por mais óbvia que seja, vai forçar alguém a mudar uma atitude automatizada e deletéria, é incrível como esse alguém recusa-se a ver!
É o velho mito da caverna de Platão. O ser humano continua preferindo viver nas sombras da ignorância, protegido, trancado em sua caverna subterrânea, vivendo das sombras projetadas na parede e temendo-as, a sair para a luz e conhecer a verdade. É uma gente que não questiona nada, que não pensa. Que aceita pronta toda e qualquer verdade imposta e a toma como se fosse a um axioma insofismável.
Acho incrível, como a sociedade tolera a banalização da sexualidade, o deitar-se com todos a todo momento, como se intimidade fosse artigo em extinção. Acha normal a erotização de crianças nas danças e imitações precoces do universo adulto, segundo os ditames da moda e da mídia. Acha corriqueira a degradação feminina nas músicas de sucesso, onde xingar as mulheres, submetê-las a atitudes humilhantes, tratá-las como objeto leva aos primeiros lugares das paradas das rádios populares do Brasil a fora.
Mas fazer campanha de saúde, ensinado a usar camisinha é ofensivo! Fazer campanha educativa, explicando o que são DSTs é incentivo ao sexo. Usar recursos visuais, divulgar fotos de doenças às quais todos estamos expostos por causa dos excessos, isso é chocante!
Ora deixemos de hipocrisia! A sociedade apodrece, com valores distorcidos. Vive em um mundo fútil que valoriza o irreal, uma beleza estéril, padrões de beleza corporal que conduzem jovens à anorexia, e à bulimia! Defendem nas passarelas modelos raquíticas como se fossem a alta expressão da elegância. Condenam padrões de beleza alternativo. Cultuam o luxo, o consumismo, a vulgaridade. Cultivam os excessos, a prodigalidade muitas vezes o ócio (não o criativo de Domenico De Masi) como ideais de vida. Nem percebem a montanha de lixo que produz, com seu consumo desenfreado e com suas ideias negativas e poluídas. E querem criticar o que?
É uma sociedade que vive presa em sua caverna de ilusões e medos. Investindo fortunas em uma falsa sensação de poder, em busca de valores cada vez mais materialistas e vazios. Que busca uma felicidade mercantilista e um prazer de shopping center. Que se anestesia em barezinhos, e outras coisitas menos lícitas pois não consegue encarar o espelho e ver o Narciso distorcido, pelas escolhas inúteis. É uma sociedade cosmética que evita envelhecer e busca ser o que não é. Que não procura os médicos por causa de sua saúde, mas lota as clínicas de estética e as academias. Que quando enfim paga a última prestação da centésima lipoaspiração e  do vigésimo botox, morre de um câncer que poderia ter sido perfeitamente prevenido. Ou morre embriagado no trânsito.
Até quando a ignorância permeará as classes mais "esclarecidas"? Até quando a falta de autoconhecimento permitirá que as pessoas se suicidem lentamente em escolhas insensatas? Até quando veremos a futilidade afastando filhos de suas mães, e filhas sem qualquer noção de amor próprio se entregando a bandidos em troca de drogas?
Até quando, permanecer na escuridão será mais confortável que se arriscar a conhecer a verdade? até quando nos contentaremos com dogmas, com histórias infundadas, com falcatruas monstruosas, com corruptos no poder, com a falta de solidariedade? Que falta de humanidade? Não! Falta-nos é a Divindade. Falta é fazer da centelha Divina que habita em cada um de nós, um fogueira capaz de aquecer corações congelados pelo medo, pela ganância, pelo comodismo. E gerar mudança. Provocar a evolução!
Que saber? Cansei! Não temos que nos queixar de nada. O mundo está como está por que nós somos assim! Enquanto o homem não mudar, o mundo permanecerá nessa convulsão. A cada um, conforme suas obras. Enquanto o comodismo reinar, nada vai mudar. A mudança não começa no outro, começa minha mudança de atitude. Sentar no escuro e esperar que faça-se a luz é utopia!
E pra finalizar, vou citar outro pensador grego, Sócrates, que sabiamente dizia há milênios: Conhece-te a ti mesmo! E Jesus Cristo, para mim, a personificação do pensamento: Conhecereis a verdade, e ela vos libertará! Se esconder na caverna da ignorância é inútil, os animais selvagens também tomam paragem por lá, quem sabe dia desses, um leão ou urso embrutecido qualquer, invade a sua caverna e aí, se esconder de que?
Por Cris Vaccarezza

O dono do blog

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-Andei lendo seu blog, ele disse. Tive a impressão de que você fala de mim na maioria dos seus posts.
- É mesmo? E por que tem essa impressão?
- Porque relata momentos que eu vivi e você acompanhou.
- Sério? Tipo o que?
-Tipo quando eu comecei a namorar e postava que estava apaixonado. Depois quando terminamos, por causa daquele meu escorregão na viagem, que ela não perdoou, e terminou. Depois, quando a gente ficou, aqueles nossos beijos. Quando no outro dia, a gente nem se falou, como se nada tivesse acontecido... Como o clima ficou estranho entre nós. Como eu sumi, segundo você. O quanto você ficou chocada quando eu fiquei com aquela menina no barzinho, com aquela outra na praia e com aquelas duas no mesmo dia. Acho que ter ido almoçar na sua casa com a minha nova namorada, não foi uma boa ideia. Você se sentiu ofendida com o assunto sexo, proposto de maneira direta demais. Só quis simplificar as coisas.
Não sabia que você prestava tanta atenção em mim. E sinceramente me senti invadido, vendo minha vida publicada assim num blog. Até alguns diálogos nossos estão lá, de forma romantizada, ou com fortes toques de ironia. Não exatamente como ocorreram. Ainda assim, com tanta atenção, me senti o dono do blog!
-É mesmo? Percebo que você realmente andou lendo meus posts. O que não é surpreendente. Sempre soube que você era muito inteligente. O que me surpreende mesmo é a sua falta de caráter de ainda se sentir ofendido! Tudo o que você relatou não é de uso exclusivo seu. Se você perceber, as atitudes são tipicamente masculinas. Você não viu qualquer referencia pessoal a você. Não encontrou nenhuma informação que não estivesse postada em páginas publicas de redes sociais. Amplamente divulgada, proclamada e gritada aos quatro ventos. Por outro lado, as histórias que estão lá são comuns a muitas pessoas. Seu histórico não difere muito dos outros, você não passa de mais do mesmo. Absolutamente comum!
Meus posts são recheados de sentimentos verdadeiros. Da minha verdade. Enquanto os seus, não passaram de um bando de mentiras para encantar a opinião pública. Até porque, você não é real. Você é tão fake quanto grande parte dos homens que postam conquistas que não fizeram, aquisições que financiaram em 150 mil vezes, mulheres que só tiveram competência de ter por uma noite. Ou das mulheres que sempre são muito mais lindas nas fotos dos perfis, com suas décadas a menos, suas caras inexpressivas de botox e seus peitos de plástico! Tudo isso para pretender ser querido, compreendido, amado!
Mas se fazemos tudo isso, se pagamos tão caro por amor, por que será que fugimos dele? Por que será que temos que publicar juras de um amor que não sentimos, e declarar status de relacionamentos que na realidade não temos? Curiosidades do ser humano... Tolo ser humano, frágil ser humano!
Não, meu caro João! O blog não é sobre você. É sobre os milhares de machos alfa que se acham o máximo! É sobre as dezenas de Pedros, Antonios, Robertos, Afonsos, Flávios e Josés que vejo passar todos os dias nas ruas. Todos eles se sentindo o topo da cadeia alimentar. Todos eles se sentindo no comando. Todos eles namorando as morenas lindas, as louras sexies, e chifrando-as a torta e a direita na balada. Todos eles freqüentando as portas das famílias para pedir as mãos das mocinhas inocentes em casamento e trocando-as por outras ex mocinhas de família nos motéis da cidade. Todos eles ficando com todas (ou todos) e alardeando fidelidade e juras de amor por aí. Todos eles tratando mulher como boneca inflável por serem vazios demais pra se apaixonar, ou frouxos demais pra se envolver. Todos eles propondo sexo assim, como se propõe tomar um sorvete, por incompetência de fazer a corte, pressa, amadorismo, inconstância, imprudência ou falta de senso. Enfim...Todos eles se achando os donos do blog!

Doando um pouco de si

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Solidariedade não tem a ver com o quanto você ganha, mas com o quanto você se dá. E dar não é necessariamente dispor de uma quantia financeira. Dar, doar, disponibilizar, pode ser de qualquer coisa de que o outro precise no momento.
Não raro percebemos que o amigo que sempre esteve contente, nesse dia não está tão ensolarado. Todo o corpo denota a falta de entusiasmo. O que custa doar um pouco de si? O que custa sentar e se fazer presente. O que custa dividir uma preocupação, dar uma palavra de conforto? Não custa nada e é um exercício da solidariedade que o Cristo ensinou. Não basta pregar as palavras do Cristo. Temos que vivênciá-las dia após dia! Esse é o caminho que leva à salvação, a caridade. É assim que o Cristo nos salva, através do exemplo. Essa é a multiplicação do pão! A comunhão da carne e do vinho.
Outro dia, um amigo me disse: Eu não sei como agir nesses casos. Nada do que eu diga vai adiantar.... Realmente, há ocasiões em que nada do que possamos fazer ou dizer, contribuirá efetivamente para melhorar a situação do outro. Nada solucionará o seu problema. A solução está fora do nosso alcance. Mas a solidariedade não. Uma palavra de conforto, melhorará seu ânimo. Um abraço carinhoso, fará ele com que saiba que é importante. Todos somos importantes. Por menor que seja a nossa participação na vida de alguém, ela será fundamental como apoio nas suas lutas.
Quantas vezes você se sentiu tão solitário que tudo o que queria era um carinho sincero de alguém que apenas se importasse com você? Quantas vezes o sorriso de um desconhecido, uma gentileza inesperada salvaram seu dia quando você estava à beira de um ataque de nervos?
Interessar-se pela dor do outro não vai reduzi-la. Mas fará do outro mais forte e disposto a enfrentá-la. Reforçará a sua fé. Em quantos momentos na vida em que tudo lhe pareceu perdido, tudo o que lhe restou foi a fé? Não perca a sua fé. Ainda que o outro não compreenda o seu sorriso, sorria. Ainda que o outro não aceite o seu abraço, abrace. Nem que seja em pensamento. Se nada puder doar de si, faça uma prece. Não precisa contar a ninguém. Apenas entregue seu amigo que se encontra sofrendo nas mãos de Deus e ele estará em boas mãos.
No entanto, se além de afeto e um pouco de tempo, tiver algum excesso material, de qualquer natureza, doe também. De que adianta guardar algo que não lhe será útil? Comprou demais, já tem igual? Enjoou da cor? Não tem mais utilidade? Não deixe que se perca! Doe! Será útil a alguém.
Mesmo diante da perda há enorme nobreza na doação. Perdeu um ente querido? Doe seus órgãos! Não serão mais necessários a ele, que poderá se eternizar na vida de outrem. Ele tinha objetos pessoais como roupas, livros, discos, brinquedos. Ao contrário do que se pensa, esses itens não servirão para recordá-lo. Apenas empoeirarão e estragarão com o tempo. Dê-lhes a destinação justa. Doe. Deixe que aqueçam divirtam, enfeitem outras pessoas. Você não estará profanando a memória do que se foi. Ao contrário, estará dando à sua vida, um sentido maior de eternidade.
Há pessoas que sentem-se seguras em guardar, em reter. Para se um dia precisar...Não percebem que a energia é força que precisa circular. Tudo na vida passa, é mutável, circula. Reter matéria estagna a vida. Não pense em precisar um dia. No momento nada lhe falta. Pense em quem precisa agora. Desapegue. Doe!
Não espere ter muito para doar. Doe o que tiver no momento. Doe afeto, doe carinho, doe atenção, doe palavras, doe tempo, doe um abraço. Não se furte à oportunidade de ser útil. Não imagine que se não pode fazer muito, não adianta fazer nada. Doe. Há coisas que quando doadas só se multiplicam. O amor é uma delas. Não tenha medo de amar. Amar sobre todas as coisas. Amar sem receber nada em troca. Apenas doar, de si, o que há de melhor.
Um dia perceberemos que não há minha família ou sua família. Somos todos irmãos. Que a dor do outro, se não é minha agora, poderá um dia me acometer. E que nesse momento apenas um abraço já seria de grande conforto. Nesse dia, a terra deixará de ser um lugar onde o mal impera. Apenas pela ausência do bem. Seja a mudança que espera para o mundo. Comece doando um pouco de si.
Por Cris Vaccarezza

A desbravar

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Meu filho, os caminhos estão muito mais abertos do que você imagina. (Caio Fernando Abreu)
Estava me preparando para sair. Pegar a estrada sozinha, pela primeira vez. Dirigir na cidade grande. Trivial pra uns, corriqueiro pra outros. Um bicho papão pra mim! Talvez influencia do bom motorista que era meu pai na época, e da imagem de inatingível que sempre tive dele. Pra mim, ele era como um semideus. E embora o tempo tenha passado e sua imagem mudado, em alguns aspectos, ele ainda é. Assim, fazer o que ele fazia, sempre foi um desafio grande demais para as minhas perninhas de menina.
Fato é que após longo período de metamorfose, eu me arriscava enfim a romper o casulo do medo e tentar sair. Curso novo, uma área que sempre me interessou. Oportunidade nova. Eu tinha que tentar. E tinha também aquele motivo especial. Um novo caminho, uma nova possibilidade. Muitas incertezas. Como todo novo caminho que se preze. Estímulos que me faziam querer sair da zona de conforto e caminhar rumo ao desconhecido. Me arriscar.
O que atemorizava nessa empreitada, não era o medo do desconhecido, de me perder, de errar o caminho, de me machucar, de dar errado. Era a incerteza que eu tinha e que podia causar algum dano a alguém. Isso sim, me atemorizava. Acho que é o que atemoriza a todos, frente ao desconhecido.
Viagem marcada, agora era só esperar o horário e pegar a estrada. Foi quando no visor do celular que recarregava a bateria, apareceu essa mensagem de Caio Fernando Abreu: "Meu filho, os caminhos estão muito mais abertos do que você imagina.". um desses aplicativos de mensagens diárias me mandava a atualização do dia. Era uma mensagem linda, positiva, no momento exato. E era de Caio Fernando Abreu, alma sensível como ele só!
Eu, que nunca duvidei de que nada é por acaso, percebi que se tratava de um momento mágico. Daquelas fendas no espaço tempo em que a felicidade abre caminho e te carrega no colo. Só por um dia, mas tudo iria dar certo. Sim, os caminhos estavam muito mais abertos do que eu imaginava. Agora sim, eu sabia que aquela seria uma quinta feira especial! Tudo daria certo. E deu! Dali em diante, aquelas 24 hs foram especiais e inesquecíveis.
Eu vim, vi e vivi. Me coloquei à prova e acho que me saí bem. Tenho aprendido que o sabor da vitória é diretamente proporcional ao tamanho do desafio. Existem os dissabores, claro. Nada na vida é doce o tempo todo. Nenhuma estrada é sempre reta. Mas acho que no final do caminho, tem sempre um pote de ouro, do tamanho da nossa realização. O pote de ouro do aprendizado que fica. É isso que importa.
A viagem, o encontro, o local, a música, a companhia...tudo, como um sonho! Pena que durou só 24 hs. Mas quer o que? Foi mais de Cinderela que foi só por uma noite. Quem disse que o mundo é perfeito! Aprende a ser grata que valeu! A Caio, mais uma vez, uma prece! Que Deus te proteja e guarde! Obrigada por mais uma vez ter proporcionado um momento de reflexão nesse meu caminho!
Por Cris Vaccarezza

Solteiro sim, cafajeste não necessariamente.

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Não me decepciona. Por favor não me faça perder a fé na humanidade. Sei que às vezes assumimos posições que não estávamos certos de querer assumir. E dizemos sim, quando precisávamos dizer não. Mas diga não! É melhor um não que nos liberta que um sim que escraviza.
A melhor maneira de se arrancar um band aid é puxando, de vez. Sem demora. Ficar puxando devagarinho, desprendendo pelo por pelo, dói muito mais. Se tem que arrancar o band aid, faça isso de uma vez! Se deixar o curativo lá, além do tempo necessário, vai infeccionar. Se demorar para tirar, vai doer cada vez mais. Se tem que arrancar, puxe de uma vez!
Antes um golpe certeiro e único que pancadinhas repetidas. O prazer, a gente quer prolongar. O sofrimento não. Prolongar o sofrimento é crueldade. Se tem que doer, que seja de uma vez só.
Um parto dói mas é rápido. Se não for rápido, modifica-se a técnica para evitar o sofrimento dos dois. Então, se tens que partir, que seja breve! Parte de uma vez!
Não pronuncie palavras de amor pra quem nunca chegou a ser importante pra você. A retratação será dolorosa. Deixar que o outro perceba por sua ausência que você nunca o quis de verdade dói muito. Falou, assuma, prometeu, honre. Disse que iria, esteja lá. Não suma! Sumir é coisa de covarde.
Se você teve coragem pra fazer juras de amor da boca pra fora, agora tenha a mesma coragem, olhe nos olhos e diga não dá mais. Passou, acabou, eu me enganei! Desculpa... Mas não me decepciona! Não deixa que as ultimas impressões que se tenha de você sejam uma mancha em seu caráter.
Há algum tempo, a primeira impressão ficava. Hoje todo mundo fica e não tem tempo de ter uma primeira impressão. Nesses tempos de amores instantâneos e relações fast food, são as ultimas impressões que se guarda, lúcido, depois do prazer.
Não se transforme instantaneamente em um cafajeste. Se ponha no lugar do outro. Saiba ser homem! Se quer ser solteiro, seja. Mas saiba comportar-se com dignidade. Ser solteiro é uma opção, mas ser cafajeste não é charmoso. É falha de caráter.
Não saia por ai oferecendo amores a quem não pretende propiciar mais que prazer. Seja honesto. Se essa não quis, respeite. Talvez ela não queira ser solteira. Queria algo mais que você não vai querer oferecer. Pessoas pensam diferente. Não a desvirtue. Não a reduza a mais uma entre tantas iguais. Evite aborrecimentos. Diga a verdade. Parta pra outra!
Se você saiu com alguém, respeite. Ela é especial. Ainda que fique claro que é só por uma noite. Faça dessa noite um momento especial. Não vá sair correndo depois de satisfeito, catando roupas, com pressa de estourar a hora do motel. Não sabe brincar, não desça pro play! Não prometa o que não pode cumprir.
Se você tem algum tipo de neura, nojinho, paranóia ou depressão depois do prazer, vá para a terapia, não para o motel. Resolva-se sozinho primeiro. Não machuque o outro por causa das sua falta de aceitação pessoal. Ah e no outro dia, ligue. Não custa nada trocar duas palavras de afeto e atenção com quem na noite anterior te interessava tanto.
Não feche portas. Nunca se sabe o dia de amanhã, vai que um dia você se apaixona...Os cafajestes mais típicos que conheci, quando fisgados por "uma cafajeste", costumam se tornar os mais apaixonados, mesmo quando escancaradamente traídos. E amigo, como dizia minha avó, o pau que dá em Chico, também bate em Francisco. Seu cupido pode tomar umas duas a mais e...um dia ter troco!
Por Cris Vaccarezza

Extrema pobreza

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Ontem, assitia no jornal da manhã uma reportagem sobre nove crianças, entre eles, três bebês, que foram encontradas sozinhas em casa, um comodo sujo, com forte odor e lixo revirando por elas, em busca de comida. Foram socorridos pela polícia, chamada após pedirem ajuda pela janela. É uma triste realidade. As mães, foram encontradas perto dali, em um bar. Uma estava atrás do balcão, e a outra, sentada numa mesa. O filho mais velho de uma das mulheres, de 20 anos, se ofereceu para tomar conta das crianças, e informou que iria levá-las a uma oficina onde morava. Lá, foram encontradas, mais três menores, em igual condição de miséria e fome.
Ao que parecia, à primeira impressão, se tratava de um caso de abandono de incapaz. E a mídia, cai em cima do fato, crucificando as mães por sua irresponsabilidade. Como pode uma mãe abandonar seus filhos, alguns, bebês de meses, outros, crianças de colo, sozinhos em casa e ir para um bar? As crianças foram recolhidas, o serviço social apareceu e foi investigar a condição da família.
Hoje, o jornal se retrava. Depois de conversar com pessoas próximas à família e de avaliar as crianças, psicólogas da prefeitura constataram que elas nunca tinham ficado sozinhas, não apresentavam sinais de maus tratos e que todas estão matriculadas em escolas e creches. A conclusão foi de que o caso não é de abandono, mas um drama familiar motivado por extrema pobreza. A mãe tinha forte vínculo com as crianças, e só os tinha deixado sozinhos, para arrumar uma faxina de última hora para comprar comida e alimentá-los. Tinha sido abandonada pelo pai das crianças dias antes. A outra mulher, era sua nora, esposa provavelmente do filho mais velho, e era também a mãe de uma criança de oito meses, encontrada na casa.
O mais estranho de tudo isso, foi um magistrado que cuida da área da infância e juventude, dizer: “Vamos conversar com esse pai. O senhor pai está tão distante dos seus filhos, enquanto ela sai fique com as crianças. Alguma solução tem que haver com o estado presente na vida desta família, desta pessoa, colaborando da maneira que puder para que a família permaneça unida e é isso que a gente quer”. Tem fatos que por mais que eu tente, não consigo compreender. É verdade, isso é o que todos nós sonhamos, mas a essa altura do campeonato? Santa ingenuidade! Se o homem abandonou o lar, sem pensar nos filhos, como iremos convencê-lo a voltar?
Em que país nós vivemos? Será que não sabemos que a despeito da fartura em nossas mesas, há muitos a quem tudo falta? Será que não sabemos que a miséria ronda grande parte da população? Será que não sabemos que todos os dias mães saem de casa e deixam seus filhos sozinhos, no lar para buscar o pão? Será que não sabemos que hoje em dia grande parte das mulheres é arrimo de família? E que encontrar vagas em creches, nem sempre é viável em nosso país? Será que não sabemos as dificuldades que enfrenta a grande maioria de nossa população?
O que mais me assusta é que muito é dito e nada é feito. Onde estão aqueles que não se preocupam com o aumento desordenado da população, principalmente nas classes menos favorecidas? Onde estão aqueles que são contra os métodos anticoncepcionais? Onde estão aqueles que distribuem bolsas auxílio que acabam estimulando a natalidade? Onde estão aqueles que defendem o aborto como método contraceptivo? Onde estão aqueles que acham que o Brasil vai de vento em polpa e só voltam seus olhos para a Copa do Mundo de 2014? Onde estão aqueles que se elegeram para defender esse que agora sofrem? Onde estão aqueles que recheiam as cuecas de dólares? Onde estão aqueles que cobram dízimos e propagam a fé sem obras? Será que dormem em paz? Onde estão todos esses, agora, quando essa mãe precisava de um pedaço de pão pra alimentar os filhos?
E a assistência social, o que é? É reprimir, depois da miséria feita? Será que não há estudos que levem a projetos efetivos de capacitação, que evitem toda essa tragédia? Será que num país de SUS que defende a universalidades, os princípios prevenção e promoção à saúde? Não continuamos fechando a porta depois de roubados? Será que num país com carga tributária altíssima, vamos continuar pagando sem ver os resultados de nossos impostos?
É preciso aprender a prever o caos, antes que ele se instale. É preciso ajudar, sem escravizar. É preciso educar, capacitar, preparar o cidadão dentro da ética, dentro dos padrões sociais de moralidade. Mais que dar o peixe, é imprescindível ensinar a pescar. O Brasil é o país do futuro. E que futuro estamos esperando para essas crianças, cada dia nascendo mais e mais abandonadas à própria sorte?  Se todos trabalharem, todos trabalharão menos. Temos que reduzir a desigualdade. E para isso temos que usar as bolsas auxílio, vinculadas à educação. Temos que chamar o cidadão à sua responsabilidade sim, mas não depois que ele já se deprimiu com o desemprego, já afundou nas drogas, no álcool e abandonou a esposa e os onze filhos. Precisamos agir enquanto ainda dá tempo. Agora, nessa família desestruturada, só nos resta investir no remédio, na cura, na limitação dos danos e a reabilitação. Níveis sempre mais caros, trabalhosos e difíceis de alcançar.
Prevenir, teria sido muito mais fácil.E ainda dá tempo de começar, antes da Copa de 2014.

Cumplicidade

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Não faça nada por mim, por " Eu tenho que", faça por mim, por "Eu quero". Só quero se for preciso, se sentir falta, se for necessário ver, ouvir, tocar... Se não, não faz sentido. Vir me ver porque tem que vir? Não precisa!
Basta dizer, não dá mais! Isso é precisamente o que eu quero, e o que eu não quero também. E é isso, se quiseres compreender uma mulher, leia meus quereres. Concorde, discorde. Sou assim.
Não quero minha vida morninha que nem banho de bebê. Quero calor, como jorro de água termal.  Quero que se lembre de mim. Que meu corpo fique tatuado no seu, com caneta nanquim. Quero que você me precise, como quem esculpe um rosto com as mãos. Precisamente: Quero que precise cada pedacinho de mim. Em troca, prometo que manterei em meu corpo a memória do seu, enquanto durar nosso lance. Sem prazo de validade.
Não peço que te entregues. Não me deves nada! Mas quero que me conheças por inteiro. Da louca menina, ao meu eu verdadeiro. Que não quer fazer sentido, mas ser compreendido. Só para você, quero desnudar. Não meu corpo, posto que o mundo vulgariza o desnudar. O erótico passou a ser o que se esconde e não o que se mostra, já se exibe demais! Invertemos os valores. Hoje, pudor se tem de amar, não de se deitar com alguém. Hoje vergonha é dizer "Eu te amo".
Pois invertamos os valores: Num mundo onde se expõe o corpo e se esconde a alma. Onde ousado é querer amar sem limites, quero tirar a roupa pra você. E desnudar a alma. Veja bem, não é a todos que uma mulher desnuda a alma. Só a poucos, se dá a conhecer. Para os outros é uma etiqueta social, uma canastrice de dar inveja.
Por Cris Vaccarezza

Ponto de vista

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Com que olhar você anda olhando o mundo?  Com o olhar crítico ou com  o olhar criativo? Tudo na vida tem duas vias, pelo menos dois pontos de vista, dois sentidos, duas concepções, dois lados. Frente e verso, up and down, ida e volta. Nada fica, tudo se modifica e por isso nada é imutável. Tudo acaba se tornando um ciclo. Assim, tudo o que vem, tem volta.
Se pararmos para pensar nada nessa vida é totalmente bom, ou totalmente ruim. Tudo é relativamente bom, mesmo os piores acontecimentos, deixam um saldo positivo de aprendizado, por menor que seja. E mesmo as melhores aquisições, tem seu ônus agregado. Um dia, eu disse isso a um amigo que rebateu: Ah, não! Ganhar na megasena acumulada, pra mim não tem nenhuma desvantagem. Eu disse pra ele no dia em que ele ganhasse na megasena acumulada, muitas de suas certezas seriam abaladas, inclusive essa que ele acabara de afirmar. Ele nunca mais teria certeza de suas relações, de sua segurança, de sua autonomia.
Não há nada absoluto nessa vida. Einstein já afirmava isso. Só a verdade. Certo? Errado! Nem a verdade é absoluta, posto que não a conhecemos por inteiro. Quantas vezes achamos que temos certeza a respeito de um fato e nos surpreendemos quando descobrimos fatos novos que desconhecíamos. Só quem não pensa, julga conhecer toda a verdade. Sua verdade é limitada, e ele não quer questioná-la. O porque de não questionar, já faz parte da verdade de cada um. Mas sim, em minha opinião, a verdade é relativa. Basta ver as religiões, onde cada um crê na verdade que mais lhe apraz e alguns, chegam a matar ou morrer por ela. Relativo, tudo relativo. Fruto da construção mental de um ser humano. Fruto da imaginação de alguém, e adotamos como se fosse a própria verdade divina. Não é atoa que Jesus Cristo um dia disse: "Conhecereis a verdade, e ela vos libertará". Ainda não a conhecemos. Somos pois, cativos de uma meia verdade.
Mas verdades à parte, o olhar com que vemos o mundo importa sim, na nossa forma de viver a nossa vida. Bom humor ou mal humor.
Independente da verdade ser ou não conhecida, se há um pouco de positivo em cada ponto negativo, o que muda é a forma como encaramos esses fatos que ocorrem a todos. Vale a pena ser mal humorado, depressivo, reclamar de tudo, ver tudo com lentes cinza? Ou vale a pena ser otimista, viver todo o tempo de bom humor, rindo da própria miséria e dando bom dia aos infortúnios. Sonhando sem nada realizar? O que é melhor? Viver nas nuvens, ou sob a terra?
Quem vive nas núvens, vive fora da realidade, vive um mundo p´ropiro, só seu, diverso do que vivemos aqui, sublimou, fugiu, desapareceu e convive de forma harmônica com suas neuroses. Sobrevive ao mundo, estando fora dele.
Quem vive sob a terra, se acha excluído, menosprezado, infeliz, miserável. Tem um mal humor crônico, quase patológico. Vive da mesma fora em seu mundo negativo, cheio de péssimas vibrações. Também fugiu da realidade por conta das experiências negativas que vivenciou.
Ambos reagiram a estímulos desagradáveis de forma diferente. Um sorriu, quando a vida lhe bateu a porta na cara e o outro se revoltou com a porta batida, gritou , esperneou. Ambos sentiram, ambos reagiram, de formas diferentes, mas os dois resolveram que se possível nunca mais bateriam em uma porta outra vez. O primeiro fingiu que não ligou, deixou pra lá. O segundo comprou briga, fechou a cara. Mas também se machucou.
O que tem que ser visto é que a vida sempre vai bater a porta na cara de alguém. São experiências, aprendizados. O que temos que fazer é raciocinar. Você anda olhando o mundo com o olhar crítico ou com o olhar criativo? Isoladamente, o olhar criativo pode torná-lo um sonhador irresponsável. O olhar crítico, pode torná-lo um chato. O segredo é usar um pouco dos dois. Ver a vida com suas cores, sem se tornar o próprio arco-iris, irreal, virtual, utópico, superficial. O equilíbrio é a saída para tudo na vida!
Por Cris Vaccarezza

Feliz Dia internacional da Mulher!

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"Leila Diniz – uma mulher que jamais queimaria um sutiã em bom estado, e que sem fazer discurso feminista, só por seu comportamento livre, sem amarras, representou uma revolução no caminho da emancipação da mulher brasileira. Foi Leila Diniz quem disse numa célebre entrevista ao Pasquim que 'cafuné... Eu quero até de macaco...'.
Dizendo isso, Leila Diniz quebrava um silêncio ancestral acerca do afeto da mulher, não falo nem do desejo. Leila estava muito além de onde estamos hoje. Hoje, falamos sem nenhum pudor sobre sexo, e nos calamos, mudos de vergonha, ao falar de amor. Não é preciso saber sexo, o sexo nos sabe. O amor, quem sabe?
O amor anda desmoralizado, e sua expressão mais visível e desesperada, a fome do amor, não é necessariamente fotogênica, atrapalha os negócios e o bom andamento das convenções sociais.
Amor, essa invenção romântica que pegou carona na popularidade do imperativo biológico.
Hoje, é o Dia Internacional da Mulher, um marco de tudo o que aconteceu nos últimos cem anos, transformando a condição feminina, remoldando corpo, cara e gesto da mulher, de maneira irreconhecível.
Primeiro, o feminismo quis a mulher igual ao homem. Posto que não são iguais homens e mulheres, busca o feminismo agora a aceitação da diferença da mulher e também a aceitação de sua igual capacidade frente ao homem. Toda a transformação da função social da mulher, por exigência do próprio bom funcionamento e aperfeiçoamento do sistema produtivo, a ruptura com milênios de misoginia (ódio às mulheres), patriarcado (todo poder aos homens), tudo isso ainda é recente demais.
Nem sequer os sintomas foram debelados, vencidos. A mulher ainda é a mulher do mundo. E nós sabemos, não é, bonecas? O machismo ainda viceja, floresce... Entre as mulheres..."
(Pedro Bial)
Feliz Dia internacional da Mulher! Que nos saibamos, nos reconheçamos. Não como frágeis, mas como incríveis! Que conheçamos nosso valor e em conhecendo, nos respeitemos! 

Antes nunca do que tarde...

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Lembrei hj de seus beijos, de sua cortesia, de seu jeito envolvente, de sua presença aqui... E muito mais, da ausência de todos e de cada um deles. Ficar com você faz um bem enorme à minha autoestima. Mas a sua ausência não compensa o bem enorme que proporciona a sua chegada.
Percebi que, como já foi dito, você é como a brisa de uma tarde quente de verão, traz um conforto enorme, refrigera a alma, mas... Cessa. E você é como vento. Sua alma é etérea. Só venta quando e onde quer ventar. Quem refrigerará meus sonhos de Saara enquanto você estiver na Polinésia, entre polinésias a dançar? Brisa por brisa, compro um ar condicionado, me enfio na banheira com gelo, tomo um banho gelado e vou dormir! Ora, já que o que eu queria era colo e você não está aqui, deixa essa noite passar, deixa o tempo correr. Deixa, deixa... É só por hoje!
Você é como aquele carro veloz, vai de zero a cem em segundos, traz um frio na barriga, assanha os cabelos. Faz a gente se sentir todo poderoso. Acima do bem e do mal. Mas o mais dolorido da adrenalina, é a ausência dela. E duro não é o rápido acelerar, mas o súbito desaceleração . Se chocar num muro de indiferença a cem por hora destrói além do seu corpo, seus mais profundos sentimentos. Te deixa apática, indiferente, insensível. Não quero ser assim não. Paraplégico emocional. Incapaz de amar de novo. Paralisado parcialmente para amar. Dessa forma, prefiro meu fusquinha cor de rosa já idoso, que não passa dos 60 por hora, mas me mantém livre dos excessos da alma.
Que você é príncipe, sem dúvida. Mas seu cavalo alado, corre demais! Hoje percebi que de nada me adianta ter você como príncipe, se você só é príncipe quando quer. Eu também quero, meu filho, sabia? Eu também sou gente! Tenho desejos e pressa também. Não me confunda. Não sou de plástico! Não sou boneca. Inflável então? Nem pensar... Me cuido, sou independente, sou parceira, sou inteligente. Não sou sabonete, pra deslizar por teu corpo, nem posta de carne, pra ser escolhida e despostada quando te convém.
Quer saber, pra ficar como está, antes deixar passar! O mundo é grande, meu amigo! Você é um doce. Mas não é o último chocolate da caixa! Te esperei até muito, mas deu, né?
Como disse um amigo: Coração, F5 urgente! E aperta com força pra garantir que atualizou a página! Mais alguns segundos, e lá vai você pra fora dos arquivos da minha memória. Adeus!

Atitude

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A vida da gente tem que ser plena, independente do outro. Embora eu PENSE assim, de certa forma, SINTO tudo diferente. Compreendo de forma singular, gente que só sabe viver em simbiose. Alí, grudadinho, mão na mão, rosto colado, beijos mil. Também sou assim, adoro estar colada em alguém que nem Orquidea em tronco de árvore. Não sugando. Trocando energia, afeto. Sendo e fazendo feliz! Perfeito! O imperfeito é que esse jogo só se joga parceirado. E está complicado encontrar quem queira jogar sem blefar o tempo todo.
Cheguei a um ponto da vida em que me sinto realizada. Eu não tenho grande ambições. As que tenho, luto por elas, pois tem um sabor especial conseguir sozinho aquilo que se deseja. Assim sou feliz com o que de material Deus me emprestou até hoje. Mas ainda me falta uma companhia para dividir.
Posso ser sincera? Gosto de atitude. Palavras são bonitas pra se por num blog, numa poesia, pra se colocar aos sussurros no ouvido de alguém. Mas discurso o vento carrega. Eu quero é atitude!
Você me parece uma pessoa séria. Mas não sei se por sua história de vida, suas experiências pessoais, não percebo muita atitude em você. Não sei se me expressei bem, é como se você tivesse as palavras certas, e as atitudes não tão coerentes, ou a falta dessa atitude, sei lá o que é ... Acho que você é como eu. Tem lá suas reservas, está disposto, mas não a tudo. Talvez isso faça parte de um certo jeito cauteloso de ser. Respeito isso. Só que a nossa amizade não vai evoluir desse patamar, como você tanto diz que deseja.
Na falta de atitudes, vamos fazer o que mais sabemos, e o que podemos: Vamos respeitar o tempo. O da vida, o meu e o seu. Tudo tem um tempo certo, esse também vai chegar! Se for tempo de amizade, amigo. Apenas amizade será. Não se preocupe.
Em contrapartida, não me peça para aguardar, prolongar, esperar indefinidamente. Desculpa, eu não sou uma mulher de ficar esperando. Eu já te falei, também tenho minhas metas. E cruzar os braços, na busca de qualquer um de meus sonhos não está nos meus planos. Longe de mim querer cobrar nada a ninguém, mas não vou te prometer espera. Nem teria cabimento, visto que a gente nem se conhece direito. Mas gosto de sinceridade.
Nós dois somos adultos, estamos solteiros, disponíveis, andamos nas ruas, vamos a eventos profissionais, conhecemos pessoas novas todos os dias. Somos pessoas de boa aparência e evidentemente, convites ocorrerão. Não espere que eu respeite o que não existe. Só nos resta aguardar que a vida nos dê novas cartas. Novas possibilidades. A vida é feita de escolhas, a cada passo que damos pra frente, alguma coisa fica pra trás. Confio em Deus, acima de todas as coisas, e creio que no momento certo, a pessoa certa virá.
Sou realista, já fui muito romântica, tomei muitas sacudidas da vida. Meus sonhos de cinderela foram caindo pelo chão. Hoje eu falo o que penso, embora também pense bastante sobre o que falo. Sem ferir, sem magoar, mas sem permitir que me façam também esperar sentada por alguém que não vai chegar.
Não, eu não perdi a esperança. Amor é incondicional. Eu continuo amando. Mas meu primeiro amor, agora é o amor próprio. Depois, em segundo lugar, meu amor é doação. Mas há de haver alguém que queira, compreenda e mereça recebê-lo. Quando se doa algo a quem não precisa, o resultado da equação é óbvio: Desperdício.
Entendo tudo o que você diz! Também sou assim. O passado ficou no passado. Sem traumas, sem dores. Mas as experiências ficaram, e delas o aprendizado. Ainda assim, tenho plena consciência de (dentro da minha imperfeição) ter feito o melhor por minhas relações. Me doei sempre e sempre me doarei, mas sou contra o desperdício. Desperdiçar amor, num mundo sexualizado e sexista, que tem tanta fome de amor é absurdo!
Por isso não espero mais por nada, nem por ninguém. Se a atitude certa aparecer e arrebatar meu coração! Levou, seja feliz! Faça bom proveito. Para quem ficou no campo das palavras, sinto muito! Às borboletas, as asas. Às orquídeas, as raízes. A mim, a liberdade de amar e ser feliz!
Por Cris Vaccarezza

De outro prisma

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Hoje,aconteceu um fato trágico. Uma perda inesperada. O irmão de uma amiga foi assassinado. Toda aquela tristeza típica da perda. E uma tristeza adicional por ter sido de repente e de forma violenta. Nunca estamos preparados para perder alguém, mas perder de repente, é ainda mais aterrador. É como se do nada, faltasse-nos o chão.   Em meio a toda aquela tristeza, tive a oportunidade de ver a beleza escondida na perda, como flor perfumada que nasce do lodo.
Acompanhamos, nossa amiga até a sua residência, na zona rural. E lá chegando, notávamos o pesar comum a quase todos os presentes. Adultos e jovens se abraçavam, consolavam-se mutuamente. Tudo estava quieto, tudo estava triste, tudo estava enlutado, silencioso, mórbido. Exceto duas crianças, de uns dois anos e meio, que brincavam alheios à dor daquela perda. Eram os únicos que não pareciam ter morrido um pouco com aquela notícia.
Criança é um bichinho diferente. Vê a vida de outro prisma. Mas os adultos esqueceram que foram criança um dia,e por vezes não as compreendem. Lembro de uma outra ocasião, em que uma mãe que acabara de perder a própria mãe, no auge do desespero, reclamava de seu filho que permanecia com aparente apatia frente à notícia que abalara os demais. Ele não tem sentimento! Dizia. O menino, de seus 6 anos, exclamou. Eu tenho sentimentos sim, só que não tenho que sentir a mesma coisa que você, minha mãe! Eu não sinto desespero! Só sinto um pouco de saudade, porque ela partiu hoje! É que morte pra criança não tem a dimensão de ponto final que tem pra a gente adulta. Morte para criança é só uma vírgula. Um ponto de continuação, se muito.
Voltando à cena da casa de campo, a família reunida na varanda, nos apressávamos aferindo uma pressão aqui, outra ali. Tentando de alguma forma ser solidário e minimizar a dor. Foi quando uma jovem, que chorava muito, sentou-se no chão da varanda, ficando da altura de seu filho pequeno. Uma das duas crianças que corria pelo terreiro. Ele se achegou perto dela, olhou seu rosto congestionado, tomo-o nas mãos perguntando: -Mãe, por que seu olho está derramando água, mãe? Por que está caindo? Seu olho está vazando água, mãe! E enxugava insistentemente os olhos da mãe, que sentida, não encontrava forças para responder-lhe. Finalmente, entre soluços, ela disse: - Estou chorando, filho! Deixa a mamãe! Resignado, levantou-se e foi ter com a prima pouco mais nova, e disse-lhe meio sem reservas: A mamãe está com o rosto molhado, acho que está chorando, só porque meu tio morreu. Mas ele só morreu!
Crianças tem uma dimensão poética da vida. Vieram há pouco tempo dos braços de Deus. Sabem por memória recente que para lá um dia voltarão. Ao contrário de nós que passamos muito tempo nesse planetinha e vamos criando raízes, as crianças acreditam em vida após a vida. Ainda não esqueceram. Do mesmo jeito que acreditavam em vida após o parto, quando estavam dentro do útero materno. As crianças simplesmente acreditam...

Do nada...

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Eles se viram na festa e do nada, súbito se interessaram. Era impossível não perceber o V do decote dela e era   improvável que ela resistisse a todo aquele cerco de charme e atenção. Eles já tinham se visto; ele a vira de relance, mas estava acompanhado no outro dia. Considerou investimento pra uma próxima vez. E essa vez, tinha chegado!
Ela o achara uma graça, mas ele não estava sozinho. Na verdade, já o percebera antes, da faculdade ele fazia Direito, e ele morava perto dela até. E por algumas vezes se pegara esticando o pescoço quando passava em frente à casa dele. Sentia que ele era de alguma maneira especial. Será? Não queria alimentar sonhos. Ele nunca sequer olhara pra ela por mais de um segundo, apenas mais uma gatinha, gostosa de 18 aninhos ou pouco mais. Mais uma presa, já salivava!
Agora era diferente, música no ar, um clima de festa, alguns drinks na cabeça e ele que não desviava o olhar. De repente, ela era o foco. Caminhou em sua direção, ela percebeu. De repente sentiu-se gelar. Passou nervosamente a mão pelos cabelos e olhou pro chão, meio sem graça. O que será que ele iria dizer? E ela?
Não deu tempo, ele chegou, sorriu, se aproximou sorrindo. Então é em silencio que ele diz oi! Diz oi com os olhos! Foi se aproximando, sorrindo em silencio. Ela, meio que hipnotizada, nem percebeu que sorria também. Ela deve estar bebada, pensou. E a beijou.
Rápido, nem deu tempo de dizer... o que é mesmo que eu queria dizer? Nem lembrava mais. Também não importava. Ao som da música em alto volume, foram se dando, ele pedindo, ela se entregando. Não é que ela quisesse. Na verdade, preferia de outro jeito, mas e se acabasse mais uma noite sozinha. E era ele que a beijava. Ele era de algum jeito especial. Ele morava perto. Ela o queria tanto. Ele a vira enfim. Pelo menos ali havia certo calor.
Muitos beijos depois, estava satisfeita. Ele não. Suas mãos demonstravam que ele queria muito mais. Se insinuavam, percorriam, mais do que ela pensara dispor assim desse jeito. Partes que não estavam tão disponíveis à primeira mão. Mas quando percebeu já tinha sido percorridas. Para ela estava bom, mas como quebrar o gelo? Ou melhor, como por gelo em algo que esquentava tão rapidamente? Com muito esforço, sussurrou um:...Olha... Ele não deixou que ela completasse a frase, pela primeira vez, falou, interrompendo-a: "Tá cheio  demais isso aqui! Vamos sair daqui? Essa balada já deu! Quer, eu te levo em casa!"
Dois pensamentos cruzam instantaneamente a cabeça dela. Primeiro, ele fala, e que voz sensual. Segundo, que pena, a noite acabou, queria mais beijos. Feito rato na ratoeira ela busca mais queijo...E curiosamente, cai na sua armadilha. "Eu, eu moro perto de você!" -"Ótimo! Então está decidido! Te levo em casa!" -"Vou me despedir do pessoal." -"Pra quê, linda? Já foi todo mundo embora! Vamos também!" -"Tá bom!"
No carro, o clima era meio tenso pra ela, uma mistura de nervosismo e ansiedade, somado ao desejo de beijá-lo mais uma vez. Ela olhava pra ele há tanto tempo e agora ele a estava levando pra casa...Quer dizer, não exatamente pra casa, sua casa não era por alí. -"Eu acho que estamos indo pra o lugar errado! Minha casa, fica pro outro lado!" - "Vamos dar uma volta, nos conhecermos melhor."
.....Avanço no tempo... Horas depois: Cena de final, típica de sexo casual... Ela pra um lado, ele pro outro. Após a guerra, recolham-se os despojos. Corpos vazios, sentimentos pulverizados. Ele se sente pleno: Derrubei mais uma! Ela se sentia como um lixo. Queria beijos, queria carinho, queria colo, queria atenção. Não queria tanto. Não de uma vez só. Muita intimidade, pouco conhecimento. Por que se dar por tão pouco...segundos de um prazer que nem foi tanto seu...
Ele no fundo a achava uma vadia, fácil. Foi de primeira. Onde que ele iria imaginar que ela o conhecia muito antes? Onde que ele iria imaginar que ela nutria um sentimento? Onde que ele iria imaginar que ela teria qualquer sentimento?
Dois seres jazendo juntos nus, numa cama desfeita, sem qualquer proximidade emocional. Feito dois animais devorados pelo cio... Devorados, apensa devorados! Apenas física. Nada humano. Apenas instintual. E agora? Que vontade de sumir dali! Que vontade de ir embora e nunca mais voltar. Ele por ter se  satisfeito. Ela por vergonha mesmo. Que vontade de o tempo passar. De o tempo voltar... Que vazio enorme... Há segundos, corpos tão unidos. Agora, almas tão separadas.
Quanto sentimento desperdiçado. Ele sentia-se meio enojado. Levantou pra tomar um banho. Nenhum orgulho em estar ali. Ela fitava o teto. Muda, enquanto aguardava-o terminar para tomar seu próprio banho. Agora via seu sonho escorrer, levado ralo abaixo pela água do chuveiro. Era só isso?! Eu queria mais que isso...Queria ser alguém especial. Pensei que seria diferente, pensei que ele seria diferente... Mas são todos iguais.  Sexo casual, só é casual pra uma das partes.
Mais uma lágrima rolava pela face, atingiu o canto da boca e deixou seu sabor salobro de revolta. A revolta que calava no peito. Nunca mais, pensou... NUNCA MAIS!
Por Cris Vaccarezza

Beija flor

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Eu tenho pensado muito em você. Em como de forma tão madura meus sentimentos tem se comportado em relação a você. Quando estamos juntos, você é sempre perfeito. Mas eu sinto falta. É como um lindo beija flor, em seu passeio flor em flor, numa manhã de domingo. Impossível detê-lo. Impossível retê-lo, assim como é impossível não desejar tê-lo mais perto em sua efemeridade.
Compreendo o desapego e a necessidade de estar só. Também me pego assim, nesse momento. Sei que não sou a única em sua vida. Tampouco pretendo ser. Não estou em um momento de exclusivismos. E é incrível como consigo te querer sem posses.
Pra mim, bastam nossos momentos. Os que não são nossos, não são meus. São seus, não me pertencem. Ademais, nada me pertence. Quanto mais alguém. Não quero amarras, coleiras, nós. Prefiro laços e laços só são lindos porque são frouxos. Ao menor esforço se desfazem, deixando leve amasso nos fios. Nada mais.
Em contrapartida, embora seja muito bom estar com você, me dói a sua ausência. Não pela saudade em si. Mas pela incerteza de saber se posso ou não te ver de novo. Se posso ou não te ligar. Se devo ou não te desejar outra vez...E quando. Beija flores se vão, mas voltam vez por outra a visitar as suas flores, colher seu néctar, provar seu gosto, deixar seu carinho, trocar afeto.
Não é uma questão de solidão. Propostas existem de constância, compromisso, relacionamento sério,  outras nem tanto. Homens interessantes, maduros, sinceros, outros nem tanto. Mas existe em mim um teimoso querer ser só de você. Mas você virá? Se sim, quando chegará? E se demorar, vou querer esperar? Como esperar um beija flor?
Ser beija flor tem esse porém. Escolhe-se que flor visitar. Mas há que visitar a todas regularmente, para que nenhuma se sinta desprezada em seu florescer. Para que a nenhuma reste o murchar sem perfume. Deixe que eu dispense os outros beija flores. Que busquem outros jardins! Não é justo fazê-los esperar. Ou me dispense você, se não quiser mais me visitar. Visita-se, ou deixa-me saber...
Não sei ser beija flor. Não tenho suas asas, sua leveza de toque, seu silencioso partir e chegar. Não tenho seu encanto, sua ousadia. Sou flor... Sou delicada, não quero procurar, não quero ir atrás, deslocar, despetalar. Somente um leve ondular, ao sabor do vento.
Gostaria que fosses o beija flor dessa flor. Embora fosses o de outras flores mais. Sem compromissos formais, só uma certa constância. Saber que virias beijar uma vez ao mês, uma vez por semana se muito. Sei que se te procurar, te encontro. Mas não quero. Já disse, sou flor, não beija flor. Reduz meu perfume sair à caça. Necessito ser visitada, tanto quanto necessito ser regada de carinho e amor.
Queria viver uma relação sem rótulos com você. Um te ver de vez em quando mais frequente. Um de vez em sempre, vez por outra, ou coisa assim. Um de vez em muito. É isso! Essa semana hoje e na outra semana também. Se não for na outra, tudo bem, mas na seguinte, visita-me... Estranho me sentir livre assim. Mas sinto-me livre até para não ter vontade de outro beija flor. Só de você!
Por Cris Vaccarezza
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