Despedidas

"Eu vou me casar!" Ele disse. E ela morreu um pouco mais por dentro. Sabia que por mais que não fosse verdade naquele momento (e que não passasse de uma mistura de bravata e pirracinha infantil), era uma verdade inadiável. A qualquer momento, seria um fato a ser aceito.
Se perderiam de vez. Ela sabia que era assim. A cada passo que davam, maior era a distância entre eles. Maior o cânion que se abria entre seus pés. Seus caminhos rumavam para lados opostos. A futura esposa podia não ser a namorada de hoje, mas seria a de amanhã. Afinal, apesar do amor residual, não eram mais um casal. Um dia seria verdade!
E ela, que há algum tempo achara, que não ficaria sozinha pra ver isso, tinha que engolir seu orgulho agora. O mundo era mesmo engraçado, ele era tão egoísta, tratava as pessoas tão mal, era tão tosco emocionalmente, e sempre estava com alguém. Já ela, se doava tanto, sempre procurava pensar primeiro no outro,  era sempre doce, avessa a agrestias, nem pensar em magoar alguém... Sempre alguém dava-lhe uma patada, uma ignorada e isso ela não tolerava. Sempre acabava sozinha.
Quem diria que tanto tempo depois ainda se sentiriam assim. Era preciso mesmo muito tempo para que as energias de anos de convívio fossem aos poucos se dissipando, e enfim, dois anos depois, elas se dissipavam. Os laços que os prendiam, iam se desfazendo e os dois ficavam finalmente prontos para ficar a sós. Para recomeçar. A vida é assim. Segue seu curso. Quem não tiver medo de navegar, que reme junto!
Ou prepare-se para a partida inevitável. Pois nada é eterno sob o céu de meu Deus. Nada dura para sempre...
Por Cris Vaccarezza

0 comentários :

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...