Logosofando

Logosofia, você sabe o que é? Infelizmente, a maioria das pessoas não sabe. E não me refiro só à definição de logosofia, que a princípio é bem simples, ciência que estuda e promove o autoconhecimento e o
auto aperfeiçoamento, para que através deles, o homem encontre dentro de si mesmo as soluções para as suas demandas, melhorando-se. Sua imagem é a do homem, esculpindo-se a si mesmo.
Penso que, em matéria de logosofia, o maio déficit não está na semântica, está na ausência de uma busca por conhecer-se. O homem julga-se já, conhecedor de seus instintos e aptidões. Na verdade, na maioria das vezes, esforça-se para exibir qualidades que acha que tem, ou gostaria de ter; desconhece as verdadeiras aptidões ou talentos que possui; e em conhecendo os seus defeitos, esforça-se para escondê-los e não em resolvê-los. Não percebe que assim, vive em busca de um ideal que não corresponde ao que humanamente pode conseguir.
Fisicamente, notamos pessoas de estrutura corporal X, querendo a todo custo, tornarem-se do tipo Y. Percebemos cabelos, rostos, seios, glúteos, abdomes, braços e pernas modificados à força, às vezes à custa de muita agressão ao corpo. A sociedade enlourece, emagrece, alisa-se ao sabor dos ditames da moda. Já vimos pessoas que tentaram embranquecer, que multilaram-se, por força das pressões sociais ou de auto aceitação. Tudo em busca de um ideal cada vez mais irreal.
Vivemos numa sociedade onde é pecado envelhecer. Esticamos, pintamos, embotoxicamos tudo, até plastificar a alma. Até perder as características que eram nossas.
Psicologicamente, vemos pessoas tentando ser o que não são quimicamente, viciando-se em calmantes, estimulantes, ansiolíticos, drogas licitas ou não, em vez de buscar conhecer-se na terapia.
Socialmente, também falta muito em autoconhecimento. Buscamos o ideal, sem saber que ideal é um conceito subjetivo e utópico em alguns casos. Queremos ter um milhão de amigos, sermos populares, conhecer muita gente, mas não paramos para conhecermos a nós mesmos. A nossa família, os nossos filhos, em suas imperfeições. Buscamos os amigos, os ideais de família perfeita, os irmãos que não tivemos. Aqueles que nos aceitam. Que não nos criticam. Ilusão. A critica virá com o tempo e a conivência, e então, será inevitável trocar de amigos.
Buscamos amigos virtuais que nos curtem e aplaudem nas redes sociais, mas todos nos reunimos em grupos cada vez mais individuais e isolados em suas casas. Cada um mostrando o melhor de si e escondendo as imperfeições que lhes desagradam. Ou nos reunimos em mesas de bar para juntos, afogar as mágoas, anestesiar as angústias.
Nos relacionamentos, são muitos os solteiros querendo permanecer solteiros, com medo de se apegar, de interagir, de criar laços. Pois laços lembram impermanência e podem ser desfeitos. Desfazer-se, perder, numa sociedade como a nossa, dói. Há outros que vivem presos às memórias do passado, e congelam ante a possibilidades futuras. Há ainda, os que mais tristemente, nem tem essa consciência de que não querem laços, e fingem que querem, multiplicando por dois a própria dor.
É preciso, antes de tudo saber quem sou e o que quero. E mais, se quero, pra que quero. Nisso o autoconhecimento pode ajudar. Se eu já casei, já tenho filhos, uma vida estável, será que eu sou para casar? Mas se não sou, será que sou da pávirada? Também não, então busquemos um meio termo, busquemos um namoro. Se eu já tenho filhos e não quero mais tê-los, de que me adianta buscar alguém jovem e sem filhos que ainda pretende construir família? Se eu sou jovem e solteira, e quero curtir a vida, encontrar um homem que queira o mesmo, me parece mais sensato que tentar iludir alguém a me levar a um casamento que não valorizarei. Se sou um homem que aprecia as mulheres, envolver-se com uma mulher, não é erro de artigo definido por indefinido, é crueldade.
Parece evidente que se não nos conhecemos, sequer sabemos o que queremos de verdade. Se não sabemos o que queremos, como valorizar o que encontramos?
Para finalizar, deixo dois provérbios que desconheço a autoria: "Nenhum vento ajuda a um barco que não sabe que rumo tomar" e "quem não sabe o que busca, não reconhecerá o que encontrar". Que possamos nos conhecer a ponto de saber o rumo dos nossos caminhos e o que buscamos para dentro das nossas limitações reconhecermos a felicidade, quando a encontrarmos.
Por Cris Vaccarezza

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