Detox digital

ITSO - Inability To Switch Off , “incapacidade de desligar” . É exatamente isto o que está acontecendo comigo. A internet,  com sua infinidade de informações disponíveis, é sem dúvida a invenção do milênio. Veio suceder a televisão em sua capacidade informativa e trouxe de carona a interatividade. Mas toda essa conectividade, criou as redes sociais e essas, a dependência digital. 
Graças à dependência digital, nos tornamos seres antenados, conectados, socialmente interligados. Interagimos mais com conhecidos, reencontramos velhos colegas, trocamos informações nas mais diversas mídias, reduzimos distâncias geográficas, mas aumentamos as distâncias pessoais. A internet, e mais especificamente as redes sociais, geram uma pseudo sensação de proximidade. Parecemos estar juntos, quando na verdade estamos individualmente, cada vez mais solitários. Cada um conectado à sua máquina, trancado em sua casa, distante do resto do mundo.
Nos sentimos virtualmente amados, quando aquela pessoa te chama no msn e realmente desprezados quando a janelinha está verde, mas ela não fala com você. Ao contrário do que ocorre na vida cotidiana, onde quem chega a um recinto, deve, por convenção social, cumprimentar a todos. Isso não ocorre na internet. Quem entra no msn não tem necessariamente que dar oi a todos os presentes. A pessoa está disponível, mas virtualmente inacessível.
Na verdade, cada vez mais utilizamos as redes sociais para não sentirmos o peso da solidão em um mundo que esfacela as relações de contato e proximidade, que desvaloriza os relacionamentos de longo prazo, e que banaliza a sexualidade e a afetividade: "Eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também..." ou " É meu defeito, eu bebo mesmo. Beijo mesmo, pego mesmo. E no outro dia nem me lembro."
Está ocorrendo com as relações humanas, o mesmo que ocorre com a alimentação. Fast food. Não se come, não se mastiga, não se faz refeição. Alimentar-se então, muito menos, hoje em dia engole-se a comida, com refrigerante. A nossa solidão também é assim. Disfarçada de grande número de seguidores ou amigos nas redes sociais, nos tornamos a cada dia mais sós. Esse afeto não deu certo, busco outro em um site de relacionamento, pego um msn e começo a conversar, se rolar, rolou. Se não, amanhã pego outro. Tudo feito com muita pressa. A mesma pressa que temos de engolir a comida, quase compulsivamente. Compulsões são comportamentos compulsivos ou aditivos são hábitos aprendidos e seguidos por alguma gratificação emocional, normalmente um alívio de ansiedade e/ou angústia. São hábitos mal adaptativos, que têm objetivo de proporcionar alívio de tensões emocionais, mas normalmente não se adaptam ao bem estar mental pleno, ao conforto físico e à adaptação social.  Eles se caracterizam por serem repetitivos e por se apresentarem de forma freqüente e excessiva. A gratificação que segue ao ato, seja ela o prazer ou alívio do desprazer, reforça a pessoa a repeti-lo mas, com o tempo, depois desse alívio imediato, segue-se uma sensação negativa por não ter resistido ao impulso de realizá-lo. Mesmo assim, a gratificação inicial (o reforço positivo) permanece mais forte, levando a repetição. Podem ser considerados comportamentos compulsivos os excessos de alguma natureza, alimentar, sexual, de atividade física, jogo, adição por drogas ou álcool, compras, trabalho e mais recentemente, a dependência digital.
A dependência digital é a busca incessante pela utilização da internet que age de forma semelhante à dependência química, pois é consequência do uso prolongado da internet que, proporciona prazer físico à pessoa. Tal prazer está relacionado a fatos e reações simples como downloads, interatividades, e-mails, que em contato direto com o organismo originam descargas elétricas entre os neurônios através da dopamina.
Dentro dessa dependência, podemos destacar a dependência por redes sociais, e mais especificamente, a  Facebook Addiction Disorder (FAD) com mais de 400 milhões de utilizadores em todo o mundo, a rede criada por Mark Zuckerberg atingiu um estatuto de obsessão social. Parece piada, mas não é. A FAD é uma perturbação psicológica derivada da Internet Addiction Disorder (IAD), ou Desordem de Adição à Internet, diagnosticada pelo psiquiatra norte-americano Ivan Goldberg em 1995, e que segundo pesquisas exames de escaneamento do cérebro, encontraram nos portadores da IAD, alterações  semelhantes na substância branca às imagens do cérebro de pessoas viciadas em álcool, cocaína, heroína, maconha, e metanfetamina. Esta nova geração de viciados do século XXI, como alguns psiquiatras estão a descobrir, pode apresentar inclusive sintomas físicos e psicológicos semelhantes à adição a substâncias químicas.
Por tudo isso, já que o caso é de dependência, antes que se agrave, gerando os sintomas típicos da abstinência,o melhor a fazer é recorrer ao autocontrole e entrar em um processo de DETOX, que é uma desintoxicação de um fator que causa algum tipo de dependência, adição ou descontrole.
Reaprender que avida tem outros valores fora do mundo digital, que as horas tem seus sessenta minutos habituais e não os aparentes trinta de quando estamos conectados ao Facebook. Vá à praia, vá ler um bom livro de papel, folear páginas, sair com os filhos, ir ao cinema, fazer um piquenique, fazer uma caminhada, comer uma pizza. Vá namorar gente de verdade, abraçar, beijar e não enviar bjs. Mas vá agora, publique um aviso no seu perfil, estabeleça o período que vai se ausentar das mídias digitais e entre de férias. Desconecte-se. Mas faça isso agora, antes que alguém publique mais uma atualização no perfil e você se sinta tentado a curtir, comentar ou partilhar. A propósito, estou de Detox. Fui!
Por Cris Vaccarezza

2 comentários :

Milton Kennedy disse...

Saudações Cris, vim desejar um excelente domingo de Páscoa, que aproveitemos mais esta data, para revermos os pedidos do Cristo, para "renovarmos" nossas atitudes.
Uma Páscoa de renovações pra você e sua família.
Abraço, saúde e muita paz interior.

poesias acidentaids disse...

Oi Kenedy! Muito obrigada! Espero que pra você também, a páscoa tenha sido de muita paz e reflexão. Abração!

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