A diferença entre ficar, pegar, amar.

Então eu zapeava pelo Facebook quando me deparei com essa imagem. Pela primeira vez nesse blog, um post se iniciará pela foto. Porque para mim, é impossível não comentar. A imagem diz: A diferença entre "ficar", "pegar", e "amar" é a mesma diferença entre "um minuto", "uma hora" e "toda a vida". Eu me pergunto. Como é que estamos tratando as pessoas hoje em dia? Quais os critérios para se ficar, pegar, ou amar? Em primeiro lugar, uma pessoa que fica ou pega pessoas, como se fossem objetos, de alguma forma não os descarta depois, como lixo? Uma pessoa dessas sabe o que é amar?
Em segundo, qual o critério para se julgar pessoas? Que pessoas são para ficar, pegar, ou amar? Atração física? Beleza? Afinal, sentimentos não são vias de mão dupla? O que um sente, o outro não tem que sentir em troca? Quem nos garante que aquele que escolhemos para dar uns pegas, não nos queria para amar? 
Em terceiro lugar, o que é uma relação de um minuto, ou uma hora? Isso é uma relação? Troca-se o que, em um minuto, ou uma hora, além de fluidos corporais? Em uma hora se tem a chance de conhecer melhor alguém? Em um minuto se dá a chance a alguém que nos queria amar, de ser mais do que uma simples pegada em um final de noite qualquer?
Vivemos em um mundo de aparências. Hoje em dia banaliza-se tudo. Inclusive o sentimento do outro. Ninguém sabe se aquela que foi facinho com você, ou se aquele que você pegou na balada e deu o telefone errado, não estavam completamente apaixonados por você, e esperavam ansiosamente uma chance para estar com você, amar você. Ninguém pode julgar ninguém por um minuto, ou uma hora. Há pessoas que necessitam de tempo para serem elas mesmas. Pensemos nos tímidos, nos introvertidos, nos nerds, nos intelectuais, que não tem a mesma facilidade de sair vendendo uma autoimagem positiva, muito embora fake. Pensemos no outro como um ser humano, que está tentando acertar, e que pode ser aquele que lhe fará feliz. E você o descartou, simplesmente porque aparentemente, ele não merece mais que um minuto, ou uma hora de sua atenção. 
Seres humanos não foram feitos para serem experimentados. Foram feitos para serem conhecidos. A falta de envolvimento esvazia as relações humanas e banaliza o afeto. Amar, em breve, não será uma aquisição para toda a vida, mas uma busca para a vida toda, pois estaremos imersos em um mar de superficialidade que não nos permitirá sequer, diferenciar quem merece um minuto, uma hora, ou toda a nossa vida de atenção. 
Para durar uma vida inteira, o amor não pode ser baseado no que temos, nos bens que duram anos, décadas apenas, como a beleza física. O amor que se pressupõe eterno, imortal, tem que ser baseado em valores igualmente imortais, como os valores da alma. Aquilo que o outro é. E isso jamais se conhecerá em um minuto, em uma hora, em um beijo, em uma noite ou duas de sexo selvagem. Isso, se leva às vezes, uma vida inteira de convivência para conhecer. Pois o amor que se supõe para a vida inteira, ao contrário do que se espera, não é encontrado. É construído, a partir dos alicerces que cada um dos dois já traz. Alicerces como paciência, tolerância, maturidade, confiança, autoestima, independência, capacidade de se doar, altruísmo. Quanto mais fortes esses alicerces, mais sólido será o amor. 
Ninguém espere ir caminhando pela rua e de pegada em pegada, simplesmente topar com o amor da sua vida. Ninguém espere que ele lhe caia pronto no colo. Para buscar o amor verdadeiro, é necessário fechar os olhos do corpo e aguçar os olhos do coração. Pois, como bem dizia Antoine de Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe, "o essencial, é invisível aos olhos. Só se enxerga bem, com o coração."
Por Cris Vaccarezza

1 comentários :

Eduardo disse...

Ah Cris eu nem sei o que dizer... vc traduz aquilo que eu penso com uma clareza!!!Sem palavras to... besta!! hehehe

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