Prolixa

A verdade dói. Mas nos faz crescer. Quando te jogam na cara seus defeitos. É duro de aceitar. Mas é necessário. Machuca mas faz crescer. Sou prolixa sim. Prolixa de palavras, de sentimentos. Sou prolixa de quase tudo na vida. Intensa, excessiva. Fazer o que? Se tenho que dizer uma coisa, não consigo seguir a menor distância entre dois pontos. Tenho que voltear em pensamentos, rodar, girar. Borboletear até me sentir satisfeita. É que escrever  me desestressa.
Meu pensamento não é linear, não é reto. Meu pensamento é circular, curvilíneo. Passeia por vários pontos. Avalia de diversos ângulos. E pensar pra mim é um prazer. Por isso deixo meu pensamento voar solto. Sem limites, sem controle.
Eu falo sozinha, bato altos papos. Dizem que isso é loucura. Outros, que é mediunidade. Cientistas agora falam que desenvolve a capacidade cognitiva. Que exercita os dois hemisférios cerebrais. Vá entender...O fato é que até em meus altos papos individuais, eu sou prolixa! Se for contar um fato, necessito dissecá-lo em detalhes na esperança que o outro acompanhe o raciocínio. Devo reconhecer que isso cansa mais do que elucida.
Foi preciso que alguém me atirasse na cara minha própria prolixidade para que ela passasse a fazer sentido pra mim. Desde então, andava muda, calada. Há uma semana não escrevia nada que passasse de quatro linhas. Por mais que me esforçasse. Alguns versos. Um ensaio de um pensamento qualquer, nada mais que isso. Aquele comentário calara minha mente naturalmente prolixa.
Então parei e em silêncio resolvi enfrentar os meus medos. Sim, eu sou prolixa. E daí? Há os que roubam. Há os que mentem, Há os que enganam. Há os que matam. Eu sou prolixa! Conviva com isso se quiser. É uma escolha. Todos são livres. Mas não posso apagar minha essência para agradar A ou B. Não posso deixar de ser eu para ser quem quer que seja. Não posso fingir que não quero falar o que acho que devo falar em um espaço que é meu! Ora, não gostou? Obrigada pela visita e até nunca mais. Mas deve haver quem goste nesse mundo de meu Deus. Deve haver outros prolixos como eu. E é pra eles que eu escrevo. A bem da verdade, eu escrevo porque sou prolixa mesmo.
Foi necessário ver meu defeito refletido no espelho para enxergar o que eu não queria ver. E enxergando o problema de frente, pude medí-lo e julgar se era ou não, necessário mudar e por que. Agora sim, certa da minha prolixidade, vejo que não é difícil conviver com ela. Posso tentar limitá-la, mas extinguí-la, seria apagar de mim uma parte essencial. E como não estou ferindo, roubando, matando ou agredindo ninguém com a minha prolixidade, fico com a essência, que é de mim, o mais importante. Dane-se quem não compreender isso!
Por Cris Vaccarezza

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