Paixão nacional: Colocando o coração na ponta da chuteira

Quem foi que disse que mulher não gosta de futebol? Eu gosto sim! E nao é só para observar a beleza desse ou daquele jogador. Futebol tem uma certa magia, contagiante. Ainda me surpreendo com a cara de surpresa dos meus amigos homens, quando digo isso. E digo mais, entendo um pouquinho. Dá até pra falar dos nossos assuntos, usando o bom e velho "futebolês". Podemos por exemplo, traçar um paralelo entre os mundos masculino e feminino. Uma análise do amor, tendo como base o futebol. Se não vejamos:
Hoje em dia, os relacionamentos muito se assemelham a uma final de Libertadores da América, final de brasileirão, ou qualquer grande clássico de domingo ou quarta à noite. Vivemos o clássico homens versus mulheres. Ou será mulheres versus mulheres? Sei não! Só sei que a coisa está feia. O mercado inflacionado. Tem muito jogador perna de pau por aí com o passe cotado a preço de ouro. Como se fosse craque. Tudo isso, porque craque mesmo, tá difícil de encontrar. Todos jogando na Europa, ou no outro time, enfim. O passe dos jogadores estão pela hora da morte.
Ainda assim, é dia de clássico, homens vs. mulheres. Bom seria que o jogo fosse homens e mulheres, mas hoje em dia é "versus" mesmo. Campeonato disputadíssimo.  No horário combinado, na balada, nos cinemas, nos barezinhos, as seleções entram em campo, exibindo com orgulho seus brilhantes jogadores. Seus atributos, seus dotes, desfilando arte, poder e fama nas quatro linhas.
Tem jogador de todo tipo: o artilheiro, aquele que só quer saber de fazer gol. Bobeou com ele, nada de bola na trave! Tem o jogador que faz a finta, que dribla, que parece viver só pra enganar o time adversário. Tem aquele que faz uma linda jogada, bate um bolão, mas não finaliza. E infelizmente tem aqueles que não sabem perder, que entram pra machucar, pra fazer falta, pra dar carrinho, e pior, carrinho por trás, na deslealdade! Carrinho por trás, amigo, é cartão vermelho! A regra é clara! Não tem apelação! Pegou pesado? 180 pra você! Chama o juiz, expulsa de campo! O jogo tem que ser limpo, na bola, na ponta da chuteira! Nada de violência!
Tem jogador que só sabe jogar em linha, fazer impedimento. Tem jogo mais chato que aquele que o cara fica ali cavando falta, segurando a bola e não deixa o jogo correr? Caramba! A jogada não dá pra você, seja generoso, lance a bola! Quem sabe algum amigo está em condição de dar à "gorduchinha" a condição de estrela que ela merece. Quem sabe alguém não a leva direto pro gol? Prende o jogo não, que você não é dono da bola. A bola tem que rolar. Esse é o espetáculo! Se ficar segurando, catimbando, escondendo o jogo, uma hora a bola escapole, pula a cerca ou o alambrado, cai no fosso e vai direto pros braços de algum gandula.
É então que analiso meu papel nessa escalação. Eu não sou o tipo de jogador retranqueiro, mas também não sou atacante. Daquele que entra, e rouba a bola na marra dos pés dos outros, não. Ser invasiva não é o meu forte. Acho que nessa escalação, eu seria um libero ou meio campo. Aquele que arma a jogada pra alguém se dar bem. Se eu vejo que a jogada não dá pra mim, mas dá pra alguém, toma a bola e faça o gol! Quero ver é o espetáculo! Quero ver é a torcida ferver!
Tampouco espere de mim uma postura do tipo zageuirão.  Do tipo que quer fechar o gol mais que o goleiro, que marca em cima, que não deixa o jogador respirar. Já joguei nessa posição. Hoje acho que Maria chuteira tem aos montes, ninguém é de ninguém e cada um administra seu futebol como bem entende. Quer mudar de time, fica à vontade.
É certo que meio campo, líbero não tem muito valor no mercado da bola, mas sei do meu valor. Conheço o meu futebol.  Meu negócio é ficar nos bastidores, no meio campo e fazer a bola correr. Contribuir, participar. Posso não ser o artilheiro do campeonato, mas procuro fazer as jogadas que levarão meu time ao gol. E não nasci pra ficar na reserva. Quero participar. Ou me escalam como titular, ou abrem mão do meu passe. Também não sei ficar na torcida. O negocio é servir. Ser útil. Nem que seja em um time da segunda divisão. Não precisa de holofotes. Mas de fazer o meu papel. Quem sabe assim, a regra é clara,  seguiremos batendo um bolão até o apito final. Se é que você me entende.
Por Cris Vaccarezza

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