À sua imagem e semelhança

Observo divertida como às vezes vivemos de imagem. Frases como: "uma imagem fala mais que mil palavras", é levada ao pé da letra em nossa sociedade consumista e civilizada. Pessoas se esforçam para ser aceitos, para parecer aptos, para se encaixar numa imagem, num padrão. Socialmente, temos já definidos alguns estereótipos bem típicos, baseado no que algumas pessoas vestem, nos ambientes que frequentam, nos grupos sócias com os quais anda. Quem não se enquadra no perfil é tido como páreas sociais. Profissionalmente, também é assim.
A idéia que as pessoas fazem de um dentista por exemplo, como um ser sádico e perverso. Da dentista como sendo aquela mulher estilosa que está sempre elegantemente arrumada. As enfermeiras se queixam de terem ficado estigmatizadas como sexies, as fantasias de enfermeira mexem com o imaginário masculino, mas desagradam algumas profissionais.
O advogado é tido como aquele ser letrado, que vive diuturnamente, de terno e gravata, como se a roupa sócial já estivesse tatuada ao corpo. Entre os médicos também há o estereotipo do profissional bem sucedido que desfila de jaleco branco pelos corredores dos hospitais. O status é tamanho, que jaleco branco virou grife.
As afirmações acima, também são mera generalização, baseadas numa imagem da maioria. Toda generalização tende ater equivocada em alguns pontos. Evidentemente, existem médicos que se preocupam muito mais com a saúde dos pacientes do que com a própria aparência. Os advogados também vão à praia e provavelmente, não irão de terno e gravata. Assim como há dentistas, que não tem nada de sádicos e se preocupam muito com o bem estar de seus pacientes.
Atualmente, nos baseamos tanto em imagem, que criamos a personificação da periguete. Outro dia, assisti na televisão um tutorial de como ser periguete. Vivemos numa época em que a estética valoriza mulheres vestidas como se estivessem plastificadas à vácuo, com todos os atributos à mostra.
Na maioria das vezes, medimos os outros pela nossa imagem e semelhança. A partir do que nós acreditamos ser o padrão de correto e incorreto. Quantas vezes, ao entrar numa loja os vendedores te olham de cima abaixo, julgando pela aparência simples e "largada". Tentando prever se esse cliente é potencialmente lucrativo. No entanto há clientes que desafiam esse tipo limitado de vendedor, chegam simplesmente trajados e compram o produto mais caro, à vista. Enquanto há os potencialmente pomposos que fazem descer as prateleiras e no final, apenas um: "Não gostei de nada!" Nem um obrigado. Sabe qual a reação do vendedor? "Nossa! Que pessoa de bom gosto!"
Sempre torceram o nariz para o meu jeito de ser. Mas continuo sendo. Valorizo o simples. Há dias em que eu curto estar arrumada, maquiada, dentro do estilo que se espera para o status. Mas também há dias de rasteirinha, cabelo preso e cara limpa. Tem dias em que eu simplesmente não estou a fim. E saio assim mesmo. Isso não fará de mim melhor ou pior pessoa, melhor ou pior profissional. O que determina a pessoa,  é sua relação com o outro. O que determina o profissional, é o serviço que presta ao outro. Não sua imagem.
Acho que todos temos nossos dias de rasteirinha, de cabelo desgrenhado ao vento. Às vezes é preciso se desvestir dos estereótipos para enxergar melhor as pessoas. É que imagem é ilusão de óptica, é incompleta.  Imagem é fração, é instantâneo, é fragmento. Imagem muda, acaba com o tempo. Além disso, não há certo ou errado. Há sim, o adequado e o inadequado. Dependo do ponto de vista.
Mas imagem? Imagem não é nada!
Por Cris Vaccarezza

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