SADE - Serviço de Atendimento ao Dependente Emocional


Me diz o que é que eu faço pra tirar você da minha cabeça... Finalmente tomei Semancol. Mas isoladamente, esse remédio não cura ninguém. Precisava da fórmula do desapego a você.
Entrou na minha cabeça colorindo tudo, preenchendo vazios. Inundou meu cérebro de endorfinas, serotoninas, me deu o maior barato de neurotransmissores. Me drogou de felicidade,  e agora, cadê você? Gerou um dependente e aí? Como é que eu tiro você da minha cabeça?
Se todo veneno tem antídoto, pra toda química, tem que haver reversão! Até pra feitiço tem reza! Tudo tem um efeito contrário.
Se o responsável técnico pela adição, é você. Cabe a você me ajudar a curar! Aguardo uma solução. Por favor, me envie a fórmula. Mandarei manipular urgentemente. Quero me libertar. Não quero mais ficar esperando seu telefonema, que passa noite, passa dia e não vem... Não quero mais ficar olhando seu perfil, pensando em quando você vem me visitar de novo. Não quero mais ficar fazendo planos a dois e reservando seu lugar ao meu lado. Não quero mais fingir que está livre, uma cadeira que está virtualmente ocupada. A vida continua. Ficar marcando passo é o fim!
Preciso urgentemente do serviço de atendimento ao dependente emocional. No popular, ao drogado mesmo. Sim, porque viver assim é uma droga! Se não tiver esse serviço, crie um. Para quem distribui sofrimento em domicílio, para quem é especialista em desamar, isso é uma obrigação contratual. É direito meu, se precisar, vou ao PROCON. Principalmente em caso de propaganda enganosa. Eu poderia enquadrá-lo na lei do desamparo ao consumidor. Da infidelidade contratual. A indenização costuma ser bem cara! Eu, no entanto, não estou pedindo muito. Quero apenas receber a fórmula. O antídoto, a cura, a libertação.
Na entrega, que seja à distância. Mantenha a distância. Pode mandar por e-mail, SMS ou telegrama. Não quero entrar em contato. Não quero consultoria domiciliar. Por favor, nem pense em vir pessoalmente trazer a fórmula. É tarde demais para manutenções esporádicas. Então melhor, evitar recidivas. Já que sumiu, agora desapareça de uma vez da minha cabeça!
Há vícios que nos consolam exatamente com aquilo que nos faz falta. E de ausência nos alimentamos... infinitamente.
Só que sua ausência não alimenta mais. Quero presença, quero calor. Por favor, vá em paz!
De você, só quero a fórmula do esquecimento, distância, e nada mais!
Por Cris Vaccarezza

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