Simbiose: Ainda há amor que valha a pena!

Como eu queria dizer alguma coisa nesse dia dos namorados. Mas tô só a emoção. Dia dos namorados é sempre uma data estranha para quem está sem namorado. Parece que todo mundo está em um clima romântico e você, no meio da Patagônia, congelando, sem casaco e sem esqui. Um peixe fora d'agua!
Ainda assim, love is in the air!
Então, para falar de amor, vou citar a história de um casal de amigos meus. Há muito que esse amor me inspirava a escrever, mas não sabia o que. Eu os acho tão especiais, que o texto precisava ser muito especial. Agora, aproveitando que a data é especial, em função do contexto, mais fácil perdoarem a pobreza da narrativa, perto do valor da história. Afinal, um amor assim, dispensa comentários.
Ele, um sujeito inteligente, esforçado e gentil, que se esmera para estar presente de maneira significativa na vida das pessoas. Valoriza o olho no olho, sabe perdoar. Tem a voz tranquila, na intervenção oportuna. Sabe criticar sem ofender. Sabe alertar, sem invadir. Sabe repensar. Ela, um sorriso lindo, num corpo delgado, emoldurado por um rostinho de boneca. Tem a graça nos movimentos e a leveza nas palavras. Sabe ser doce e dengosinha, mas também sabe se fazer entender quando lhe desagradam. É amiga fiel dos que ama. E os defende como pode, embora respeite, acima de tudo, as suas decisões. Sabe sorrir e iluminar. Sabe fazer de sua presença uma alegria constante, e de sua ausência, uma lacuna notória. Uma lady, essa minha amiga. Já que já os descrevi em separado, permitam-me agora, descrevê-los em conjunto: Simbiose.
No dicionário, simbiose signifiga relação biológica harmônica entre dois ou mais seres de espécies diferentes, onde ambos são beneficiados e em que ambos precisam um do outro para sobreviver. A simbiose particular desses dois, poderia ser assim descrita, no dicionário: Simbiose: s. f. Def.: Relação biológica harmônica entre seres da mesma espécie, (mais especificamente da mesma espécie de gente elegante, inteligente e discreta, com a qual é sempre harmônico conviver), onde ambos são beneficiados e em que ambos precisam um do outro para sobreviver. Sinônimo: Josué & Michele, cujos caminhos, a vida cruzou; as estradas tornaram paralelos, nas diversas viagens que já fizeram juntos; e a dança uniu definitivamente em simbiose.
Sim, eu sei, é certo que "definitivamente" é tão relativo quanto o próprio tempo, a verdade, o infinito, as escolhas de cada um. E quase tão subjetivo quanto. Imperativo mesmo, é aprender a lidar com as impermanências.
Mas, vamos combinar? Quem lê: "Moreno, me convidou para dançar e durante a noite, ficamos a beijar. Foi assim que Josué, meu beijo pôde roubar. O beijo foi tão gostoso, que precisei reprisar. De tanto reprisar, fui ficando. E ficando, comecei a gostar. Gostei tanto, que começamos a namorar. O namoro foi um processo, que prefiro nem comentar. Mas a história não acaba. Tem muita água para rolar. Quem sabe com esse moreno, ainda acabo por casar...". Dela, a respeito dele, pode pensar em impermanências? Ao contrário, sabe que é uma história de amor que estamos ouvindo contar.
E quem lê:" Com o tempo nota-se que o "outro" é tão parte integrante do "eu" que chega ao ponto de um confundir-se com o outro!!! Sou Josué, mas pode me chamar de Michele Cristina!!", nota-se que mais que de amor, é de uma relação biológica das mais harmônicas, que estamos ouvindo falar. Definitivamente, estamos diante de uma simbiose.
Na simbiose, os seres biologicamente envolvidos, relacionam-se servindo-se e protegendo-se, mutuamente. A tal ponto de confundirem-se, lindamente. No caso deles, mais que as mãos que se confundem unidas; mais que os lábios, que se confundem juntos; mais que os corpos, se confundem entrelaçados; são as almas que co-fundem-se, ao se encontrar.
Confundem-se a tal ponto que a distância entre um e outro quase inexiste, embora preservem os limites da individualidade. É o que se chama tornar-se um. É a sensação mais desejada nesse mundo moderno. O amor qualidade de vida. Um tipo de amor muito raro. Só ocorre, porque os dois são muito caros um para o outro, a ponto de sair de si, transpor o egoísmo e a acomodação e se colocar no lugar do outro. Isso é simbiose, mutualismo, isso é doação.
Graças a Deus, é um amor imune à inveja, pois só sendo ou Josué, ou Michele, para viver esse amor, tão particular. Se mudassem os parceiros, o resultado também seria desigual. Não adianta querer se por em seus lugares.  Só eles o são. Mas, como nada é perfeito, talvez não seja imune à maledicência. Nesse mundo, pouca coisa é. Então, meus caros, não se contaminem! Imunizem-se. Guardem seus ouvidos um apenas para o outro. E, mais que nas palavras, que não haja dúvida que não encontre resposta nos olhos de vocês.
Amem-se, preservem-se e protejam-se mutuamente. Para que esse amor cresça. Apenas cresça. Amem-se mais e mais, para que mais pessoas acreditem que podem encontrar o seu par simbiótico. Para que mais e mais pessoas aprendam a falar do amado de forma tão bela. Aprendam a falar aos amados, o quanto são efetivamente amados.
Esse é o tipo de amor que se supõe comemorar num dia dos namorados. Só posso desejar que esse amor continue e que eles sejam exemplo, para que o dia dos namorados continue tendo motivos para comemoração.
Por falar em Dia dos namorados, não sei qual foi o presente que Josué deu a Michele, e você versa. Mas sei (mesmo sem saber), que esse foi o bem menos importante que trocaram nesse dia, perto das declarações de amor, dos olhares longos, das mãos que se apoiam mutuamente, do estar juntinho, que certamente existiram.
Não basta ser namorado, tem que se enamorar inteiro, do dedo do pé à raiz do cabelo, para viver um amor verdadeiro e ver-se protagonizar uma simbiose assim.
Por Cris Vaccarezza

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