Brigadeiro de colher




Um dia, o poeta escreveu: João, que amava Maria, que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. Agora a quadrilha se desenhava de novo, bem ali na sua frente. Por que a droga no amor não pode ser correspondido?

Por que as coisas acontecem exatamente assim, sempre?
Ele gosta, ela não quer.
Ela foge, ele corre atrás.
Ele insiste, ela desconversa.
Ele vai conquistando, ela vai amolecendo.
Ele fica disponível, ela nunca está ao alcance.
Então de repente: ele faz um gesto impensado qualquer, ela repara.
Ele chega junto, ela encara.
Ele tenta, ela resiste.
Ele insiste, ela relaxa.
Eles se beijam...
Ela adora, ele some.
Tudo igual. Pela enésima vez!  Onde está o ineditismo?
Ah sim, nos personagens. No protagonista masculino. No galã que conquista o coração da mocinha. Se se conhecessem entre si, diria que era complô. Se ela não tivesse beijado antes, diriam que era seu beijo... Mas não. Nem tinha mal hálito. E o beijo era atestadamente bom.
Então, só podia ser praga de comadre, coisa feita. Sei lá o que?! Haja reza! Era olhado!
Dito isso, deixou registrado: Pelo sim, pelo não, deixem em paz, a droga dos meus sentimentos! Se é só para ser hoje, que não seja jamais. Não gosto de provar um pouco. Não como brigadeiro de colher. Ou a panela toda, para comer com os dedos e lambuzar a alma, ou nem me ofereça!
Por Cris Vaccarezza

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