O ogro

Descobriu que o tempo não foi capaz de afastá-los. Que suas vidas, separadas, ainda corriam paralelas como rios. Que nenhum vento das novas paixões abalara em um centímetro, a força daquele amor. E que mesmo separados de corpos há tanto tempo, de coração, permaneciam juntos.
Descobriu que beleza não era um tórax inflado, um corpo definido, um lindo par de olhos opacos. Beleza era a luz que via nos olhos dele.
Descobriu que era no seu abraço que se sentia pura, bela, protegida e feliz. Que quando algo doía, era a mão dele que queria segurando a sua, que era a sua voz que a confortava. E era sempre pra ele que queria contar primeiro as melhores notícias.
Descobriu que nas noites sem sono era dele, a falta que sentia. Que o silêncio do quarto, longe dos roncos, e a falta de seu terrível mal dormir, tornavam intermináveis as suas noites. Por isso demorava a pegar no sono.
E no fim, ela descobre que era ele, o ogro, o Shrek seu verdadeiro amor. E que Fiona seria pra sempre o seu melhor papel. Amor verdadeiro não conhece tempo, distância, beleza, lógica nem razão. Simplesmente existe e se perpetua, apesar de todos pesares.

Rubens Alves dizia: ”Seria bom se pudéssemos colocar a dor dentro de um envelope e devolver ao remetente...” Quando a dor se chama saudade, deveríamos poder devolver via SEDEX.
Por Cris Vaccarezza


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