Ao que poderia ter sido


Nenhuma palavra sobre você.
Não me perguntem! Não quero dizer.
Nada a dizer sobre essa planta sem raízes.
Fico em silêncio. Deixa ficar, estar, permanecer.
O que há de ser, quem sabe? Por que haveria de saber?
Nem uma palavra, deixa acontecer, beijos e sussurros, tropeços, cicatrizes.

Deixa o barco passar, deixa o tempo correr... Em silêncio.
Nem um verso decassílabo, nem uma rima.
Nenhum poema, nenhum soneto, feitos em nome desse amor.
Nenhum amor em nosso nome.
Nenhum verso. Nada consta, nada contra, nenhum rancor.

Deixa ao vento, os cabelos.
Gruda umas às outras, as mãos.
E os pés, una à poeira do chão. Segue teu caminho
Ama o mais que possa,  e confia apenas a Deus o seu coração.
Quem sabe dura uma década. Quem sabe, apenas uma estação

Cala na boca, a palavra ofensiva, e guarda na saliva o doce da oração.
Na carne, guarde a memória da vida. E o que não for bom, entrega ao perdão.
Assim, no fim, ainda que se vá em silêncio, não terá se ido...
Não terá sido em vão.

Por Cris Vaccarezza

0 comentários :

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...