Carta aberta a um ausente ²

Então é assim, como você me disse que iria ser: Os rios correm para lados diversos do vale, depois de se encontrar. A vida é assim...
Lembro disso, como lembro de você às vezes. Na verdade, mais vezes do que gostaria de lembrar. Diante da janela cinzenta do seu Msn, offline, invisível, escondido, eu sinto que você está lá. Mas se esconde, como Grey, no cinza. Prefere não aparecer, não voltar. Sabe que te dói o que foi talvez a tua única recusa. Sabe que te dói a ausência que cura, do desejo que destruiria, sem pestanejar. Eu nos poupei da sua sanha assassina. E assim, imortalizei nosso querer.
Mas você não entende isso, não dessa maneira. Prefere achar que os olhos não combinam com a boca, que se contradizem. E agora, alta madrugada, aqui estou, frente à tela fria, tentando de alguma forma, tocar você. Raro, mas de repente deu saudade de nossas conversas intermináveis. De tua sedução impertinente. De tua mania de caçador.
"Nunca publique textos que não sejam seus" Você me disse um dia. Assim foi feito. 'Coloque uma foto que ilustre o texto, e ele ficará marcante" Assim foi feito. Como você pode ver, isso aqui continua da mesma forma que você deixou, vai ter sempre a sua cara.
E você sabe, diante da impossibilidade de te encontrar no Msn, no Face, te visitei no que resta de mais espiritual em ti, te visitei no blog. E li seus posts. Quem dera fossem sobre mim. Me senti lisonjeada por ter mantido contigo conversas num nível tão elevado. Você escreve bem. Continua escrevendo muito bem. Da mesma maneira visceral e apaixonada de antes. Então, foi lá que fui te ver. Em vez de te ligar, fui ver o desaguar de sua paixão, no único sítio em que se permite apaixonar. E matei minha sede em seus ideais, saciei a saudade em suas ideias. Já não sinto tanta saudade. Ela existe, agora, mais amena. Só a ausência. E aqui estão as janelas lado a lado de blogs irmãos...
É isso, ouvindo velhas canções, lembrei de velhos amigos, de prosas sinceras, de farpas trocadas e de beijos que nunca aconteceram. Não posso conter um sorriso nesse momento. Rio, pensando no quão intensa nossa relação casta pôde ser. Intelectualmente intensa. Fisicamente, absolutamente casta. E por fim, você também leu "Quando Nietszche Chorou.", Coincidência.... Acabei de ler, Pensei em discuti-lo com você. Você que é tão cético, tão resistente, tão Nietszche...
Então, é isso, meu caro ausente. Só saudades... Seria você o anônimo que me visitou? Ainda lê meus textos, que prometeu e nunca leu? Perguntas sem resposta. Perdidas (para sempre) na bruma da distância...Só saudades! Fica bem! Que seja feliz, que encontre a mais bela aprendiz para as suas artes de amor! Que por fim, um dia encontre, quem sabe o último Beija-flor azul!
Por Cris Vaccarezza

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