Divino, por acaso

"Que é Deus? - A inteligência suprema. Causa primeira de todas as coisas."
(O livro dos espíritos, pág. 51- Parte primeira, capitulo 1)
Tenho percebido intrigada, de que maneira a interpretação equivocada de uma palavra, de um pensamento, de um escrito, ou livro, pode modificar posturas por aí a fora.
Quando ouço alguém se dizer ateu, normalmente me pergunto, será que ele procurou direito?
Embora respeite a posição de cada um, não vejo como, sendo racional, inteligente, atribuir ao acaso construções tão complexas. E olha que somos ínfimos. Nada conhecemos do universo. Vivemos presos em um corpo de carne, em contato com o mundo através de cinco pobres sentidos. Audição, visão, olfato, tato e gustação. Nos achamos o topo da cadeia evolutiva, no entanto, muitos animais tem sentidos mais avançados que os nossos. Já começamos pobres em referencia. Difícil pois, basear nossas crenças no que vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos ou percebemos o gosto.
Limitados que somos, não conseguimos ainda dimensionar nossa própria morada, nosso planeta, nossa galáxia, pretendemos ser os senhores do universo... Quanta prepotência !
Então, algum dia, alguém nos disse que Deus era um homem velhinho que mora no céu e mandou seu filho à terra para morrer na cruz e salvar a humanidade. Até certa idade, essa história nos convence bem. Mas então crescemos e começamos a perceber as desigualdades. Uns nascem perfeitos, outros, especiais. Uns nascem com posses, outros, com necessidades. Uns nascem em paz, outros, em meio à guerra. Uns nascem sãos, outros, em franco padecimento. Então, a razão nos questiona que Deus é esse, que permite tais disparates?
É quando buscamos os mais velhos, e eles não tem respostas, crêem porque lhes disseram para crer. Nunca se questionaram o por que. Recorremos aos velhos livros, à bíblia, e lá encontramos um Deus punitivo e cruel, que ordenava que um pai matasse seu filho para satisfazê-lo. Que ordenava sacrifícios materiais. Nossa confusão se torna ainda maior, e permitimos que o conhecimento humano equivocado, construa um abismo entre nós e Deus. Confundimos Deus com religião. Esquecemos que a religião também é produto do homem e tão imperfeita quanto. Deus é maior que qualquer religião.
Religião significa religação do homem a Deus (através do pensamento de outro homem). Mas na verdade, nunca foi dito que o homem necessitava de outro homem para ligá-lo a Deus. Deus está dentro de nós. Adotamos livros que dizem que Deus nos criou à sua imagem e semelhança, quando nós, seres humanos é que o criamos à nossa imagem e semelhança, dando a ele defeitos humanos, limitações humanas. A pequenez humana.
Deus não é material, ele não é limitado, como nós o concebemos. Deus é infinitamente justo e bom. Quando Jesus o chama de Pai, não o faz materialmente, como sendo o seu pai e ele o único filho de Deus, mas sendo Deus nosso pai. Pai de tudo o que há. Inteligência maior. Autor de todas as coisas. Arquiteto, engenheiro. Mentor inclusive, das parcas inteligências que possuímos. Deus é maior que tudo o que ousamos sonhar. Deus é onipresente, onisciente, único, e incognoscível aos nossos sentidos rudimentares.
Não é possível chegar a Deus através do homem. Pois o homem se comunica pela palavra e essa, é facilmente corrompida. Se queremos buscar a Deus, devemos buscá-lo dentro de nós, na perfeição da natureza, nas obras complexas que Ele criou.
Podemos ainda vê-lo, através da certeza científica de que não há efeito sem causa. Pelo efeito, podemos começar a dimensionar a causa. Então, parta do seu microcosmo, da sua célula inicial, do momento da sua concepção, para o universo, as galáxias distantes, perceberá que tudo se harmoniza perfeitamente. Está aí o efeito. Pode esse efeito, tão perfeito, ser fruto do acaso?
Se o for, diante desse acaso, eu me curvo, e o reverencio, e o amo. Pois pra mim, esse acaso é denominado Deus.
Por Cris Vaccarezza

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