O que há em mim. E, (é claro) o muito que me falta.

Quer saber, cansei! Cansei de esperar por alguém que não comprou bilhete pra embarcar em minha história.  Cansei de esperar que alguém desembainhe sua espada e se ponha em minha frente para lutar contra a solidão. Não! Não preciso de um arremedo de companhia! Preciso de reciprocidade, de intimidade. De companhia só, não! Sou só? Não! Sou feliz sozinha.
O que me incomoda é a falta. Não a sua. A falta da consideração. Ando sem saco pra mesmice. Pra gente que marca e não aparece. Pra gene que fala e não cumpre. Pra gente que escreve e não lê. Pra gente formal. Ando sem saco pra fazer sala.
Venho cada vez mais me refugiando na distância. Preciso de silêncio, pra ouvir meus pensamentos. Preciso entender a menina que mora em mim. Preciso encarar, algo em mim simplesmente não se enquadra em multidão. Atá sou Maria, mas não a Maria que simplesmente, vai com as outras. Já tentei me enturmar, juro. Ir, conforme a maré. Deixar a vida me levar. Mas sou chata, tacanha! Não consigo ser normal, padrão.
Tenho gostos esquisitos. Valorizo coisas que a maioria considera idiota. Gosto de coisas simples. De lembranças pequenas, quase sem valor monetário. De gente que ri de si mesmo. Perco tempo lendo coisas que ninguém lê. Ouço músicas que ninguém entende, depressivas, dizem. Não pra mim!
Além do mais, tenho um defeito imperdoável: Teimo em só me dar de verdade, com calor, com vontade. Teimo em só me dar com intimidade. Já tentei me emprestar por aí, mas não dá. Não posso fingir pra mim mesma. Não posso viver de agradar. Quero reciprocidade, lembra? E isso é inaceitável em nossos tempos modernos, tão descartáveis, tão superficiais.
Muitas vezes prefiro engolir sapo a provocar uma briga. E foram muitos sapos. Quase uma lagoa inteira. Mas aí, de repente, uma fagulha de nada e...bum! Minha paciência vai pelos ares! Fecha o tempo, desce a trovoada e a atmosfera pesa por breves 15 segundos. Sou assim.
Então, de algum lugar, um lapso de razão me faz compreender o quanto estou sendo ridícula  Cena boba, imatura e infantil e volto a ser cordata, como antes. Razão, não há. Motivo também, talvez não. Tampouco rancor. Não, isso certamente não há.
O que há é uma menina loba. O que há é uma menina boba. O que resta é uma menina tola, sensível e de paz, no corpo de uma mulher cansada de guerrear por algo em que nem sequer, acredita.
Não, eu não tenho tanta pressa. Por hora, fico aqui na estação. Jamais perdi o trem. Ele é que se atrasou, ou se antecipou, passou na hora errada... Vai saber!
 Por hora, me bastam a companhia dos lendários, imagináveis e idealizados heróis de tinta e papel. Vou ficando por aqui...
Por Cris Vaccarezza

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