O cara certo pra você

Esperando o cara que Roberto Carlos descreve na música...morreu seca. Ele não chegou. Ele não existe. Ela escolheu demais. Será?
Outro dia, postei em meu perfil no Face, a foto acima. E os comentários foram de concordância. Parece uníssono a afirmação de que "esse cara" não existe. Encontrá-lo, seria um milagre. E, por conseguinte, de que devemos nos contentar com os exemplares de que dispomos no mercado, em sua maioria ogros, infiéis, cafas, pobres de caráter, ou conteúdo. Sem "escolher demais". E passar o resto da vida equilibrando as galhas, aturando bêbado chato, ou apanhando dia sim, no outro também, sem questionar. Pelo contrário, sendo grata a Nossa Senhora das encalhadas por ter um homem ao seu lado.
Acredito que o mar não está pra peixe. Há muita mulher solteira no momento. Muitas mulheres cada vez mais belas, saradas, independentes, inteligentes, interessantes e disponíveis. Disponíveis até demais. Mas elas também não estão se dando bem. A cada balada, noitada, festinha, pescaria, sua rede vem mais cheias de piabas. Onde estão os cardumes de Atum, Salmão, Vermelho, Namorado? Será que não existem mais?
É verdade. Estamos muito carentes. Eu diria que a mulherada está tão carente que ouvi recentemente de uma amiga que "guerra é guerra"(?); de outra, que "não existe mais essa coisa de meu tipo de homem"(?). Muito bem. Estamos matando cachorro a psiu! Não me admira que Cinqüenta tons de cinza seja sucesso de vendas. Ou que a música de Roberto nos faça suspirar. O homem que descrevem as duas obras artísticas são lendas urbanas, verdadeiros milagres. São os musos idealizados dos tempos modernos.
Eu disse "musos"! Olha a inversão de valores. Antigamente, as musas eram idealizadas. Os homens as disputavam, todos queriam ser os melhores cavalheiros, para merecê-las. Conseguir uma mulher era difícil. O cara tinha que se destacar, se esforçar, matar um leão por dia (vide pre-história).  Uma MULHER, então, custava dotes caríssimos. Era preciso cuidar dela, cortejá-la, protegê-la, conquistá-la. Hoje, a coisa está tão desesperadora, ou desesperada, sei lá; que os homens perderam o seu papel de cavalheiros, de protetores, de provedores, de heróis, lutadores. Estão eles no papel de caçados.
Não admira que achem que temos que nos contentar com qualquer coisa. Mas sabe do que mais? Eu não concordo! Mania essa minha de discordar! Eu acho que o cara descrito por Roberto existe sim, mas não para todas. Como tudo na vida. As oportunidades estão aí. Mas não para todo mundo.
Dizer que o cara não existe, é o mesmo que afirmar que o prêmio da mega sena não existe só porque eu, nem ninguém que eu conheço ganhou. Generalização. Ingenuidade. Ele existe sim. É aquele cara que curte nossas postagens, que sempre presta atenção na nossa roupa, na nossa nova foto de perfil. É o cara que lê nossos status, que se preocupa em dar um bom dia, em saber se estamos bem. O cara descrito na música é o cara que se interessou por você. Infelizmente, ele também é aquele que não nos desperta o sex appeal, porque inconscientemente achamos os lobos maus mais interessantes. Os cafajestes, os inconquistáveis, egoístas, distantes, insensíveis, os problemáticos, os difíceis, que sem duvida, vão acabar derramando algumas lágrimas, esses são os caras que nós escolhemos para ter por perto. Por outro lado, como esses são os preferidos, não sentem qualquer necessidade de se tornar um daqueles cavalheiros que fazem de tudo por sua mulher. Pra que mexer em time que está ganhando?
Por fim, caras parceiras, não acho que se portar movidas apenas pelo sex appeal, pela carência, ou pelo comodismo, vá nos levar a encontrar aquele cara descrito na música. Acredito, isso sim que não temos que nos contentar com o que aparece. Não temos nada a perder. Mesmo ficando sozinhas. Há certas companhias que realmente não valem o sacrifício de uma escova sequer. E, vamos lá, ficar sozinha não é o fim do mundo. Afinal, não é assim que você vai estar amanhã, depois de ser usada por aquele cafa egoísta? Depois de ter virado estatística, história, conquista, troféu?? Depois de tudo...Sozinha? Entendeu, ou quer que eu desenhe? Não, não temos que aturar qualquer coisa, como se não tivéssemos opção. Ficar em casa sozinha é uma opção. Sair com as amigas, também é. Visitar um amigo doente, plantar uma flor, ler um livro, jogar uma partida de tênis, malhar até cair. Qualquer coisa que não roube a sua dignidade no dia seguinte.
Em minha opinião, temos é que pensar mais nossas escolhas. E deixar sim, a cadeira vazia. Quem sabe tudo o que aquele cara que ama você do seu jeito espera, seja justamente uma oportunidade de encontrá-la sozinha e tranquila, para se aproximar. Sem tanta balada, sem tanta maquiagem, sem tanta agitação...
Até para receber presentes do Papai Noel, era preciso que acreditássemos nele. E vamos combinar, o Natal tinha outro sabor, quando a gente acreditava. Se queremos que o milagre aconteça, precisamos ao menos ter fé de que milagres acontecem de vez em quando e de que somos dignas de um milagre. Esperar, faz parte do milagre. Ainda que ele não chegue para nós, correr atrás não vai fazer acontecer.
Por Cris Vaccarezza

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