Piegas

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Eu fico invocada com essas definições de ser ou não ser piegas, de parecer piegas, de se sentir piegas! Mas ora bolas, afinal o que é ser ou não piegas? Segundo o dicionário informal da língua portuguesa. Piegas é aquilo que apela excessivamente para o sentimento. Aí danou-se! E eu, que sou 99% sentimento, sou o que então, se não for piegas???
Mas que mal tem ser piegas, afinal? Será que o mundo já não anda pragmático demais? Acho que está faltando gente que seja piegas! Estamos nos tornando seres tão práticos, que estamos quase autômatos. Feitos aos batalhões: Todo mundo veste isso, todo mundo bebe aquilo, todo mundo come aquele prato. O Up é isso, o In é aqui. Se você não é in ou up, está automaticamente off. Todo mundo igual, como se criados em série. Numa linha de montagem.
Ninguém mais quer falar sobre sentimentos. Ninguém mais quer ter sentimentos porque ter sentimentos, dói. E por acaso, não ter sentimentos, não dói? Claro que dói. Sentimento não é sabonete que você possa olhar na prateleira e escolher hj o tipo e a quantidade que quer usar. Sentimento existe e pronto. Ou não existe e pronto também. Porque tem gente que simplesmente não tem sentimentos, e tudo bem!
Hoje em dia, ninguém mais se comove com nada que não seja multi, pluri, mega, in ou up! É com se down não existisse. Mas existe. É que vivemos pilhados demais, estressados demais e anestesiados demais. Drogados mesmo! Queremos que as Dopaminas, endorfinas e Serotoninas estejam sempre circulantes em nossa corrente sanguínea  encharcando o nosso cérebro.
Ninguém quer ter tempo pra chorar. Todo mundo anestesiado. Todo mundo viciado em tudo o que virtualmente me conecta aos outros e me desconecta do mundo real. E tudo isso por que? Porque não queremos ter tempo para ouvir os sentimentos. Não queremos ter tempo para ser ainda mais piegas?!
Precisamos repensar. O problema não está com os nossos sentimentos. Ser piegas não é crime. É só um jeito nais sensível e emocionante de ser. O que precisamos mesmo é ser mais tolerantes com os piegas. Eles dão voz aos próprios sentimentos. O medo que dá, nos que se dizem avessos à pieguice, é que isso contagie o piegas que há em cada um de nós; Rache o dique do sentimento, e o castelo inteiro venha abaixo, deixando à mostra o nervo exposto que teima em doer... E haja anestesia!
Por Cris Vaccarezza
15/01/2013

Exonerado!

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Você me ensinou com bem jeitinho a forma de gostar, chegou mansinho, e sem pedir,  foi pedindo para ficar. Me possuiu com seus beijos, me desnudou a alma  e agora, cadê você? Cheio de atributos, me dizia sem palavras, veladamente, sou o candidato ideal.
Já que você não vem para realizar os meus sonhos. Já que você não virá fazer parte do dia a dia. Também me faça o favor de desocupar minha mente. Vá e leve todos os sonhos que me fez sonhar, todos os beijos que me emprestou, todas as palavras doces que falou. Leve tudo com você! Não quero mais nada para recordar! Já que você não virá para aquecer minha noite, saia da minha cabeça e me deixe dormir em paz! Me faça o favor de sair dos meus sonhos.
"Teje" expulso! Exonerado, demitido, excluído, deletado!
Por Cris V.

Extremamente!!!

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Meu Deus! Mas o que está havendo com o meio termo. Tudo ultimamente são extremos!
Ou é lenga-lenga, ou é bora-bora! Ou é nem te ligo, ou não desgrudo de ti pelo resto da vida! Ou é muito quente, ou estupidamente gelada! Ou é com a corda toda, ou é totalmente down. Ou é careta ou doidão.
Ou é tribalista ou visceral. Ou bossa nova ou carnaval. Ou é taciturno ou pilhado. Ou é mudo ou prolixo. É faça o que eu digo ou dane-se! Estou confusa!
Aliás, estamos confundido liberdade com promiscuidade. Carência com caridade. Casualidade com impessoalidade. Funcionalidade com descaso. Praticidade com automação.
Estamos confundindo independência com insensibilidade. Amor com apego. Saúde com idealização. Relacionamento com perfeição.
Sexo com troca de óleo.
Estamos confundindo paz de espirito com preguiça e estresse com sucesso. Prazer com obrigação. Magreza com ditadura, beleza com essência. Organização com obsessão.
Estamos confundindo estereótipo com perfeição, rótulo com definição.
Estamos separando tudo, dividindo tudo, segregando tudo. Estamos dicotômicos demais!
Vai chegar um momento em que não saberemos mais se estamos bem ou mal... Só não sei se essa sensação vai começar aos oitenta, ou aos oito.
Por Cris Vaccarezza

Olhos abertos

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Se você parar para perceber, nada é inteiramente bom, nem inteiramente mal. Tudo tem dois lados.
Se você parar para perceber, as coisas supostamente feias são aquelas a que não estamos acostumados.
Se você parar para perceber, sempre preferimos um inimigo velho a um amigo novo. Desconfiamos demais.
Se você parar para perceber, quanto mais companhia buscamos, mais solitários nos tornamos.
Se você parar para perceber, quanto mais nadamos em busca do navio no horizonte, menos percebemos o oceano que já conquistamos. Maior é o risco de morrer na praia.
Se você parar para perceber, tudo passa, desde que você dê o tempo necessário.
Se você parar para perceber, independente do medo que você tenha, alguns momentos ruins chegarão. E eles te farão sentir mais intenso o doce dos momentos bons. De nãos também são feitos os sims.
Se você parar para perceber, ha uma forca maior que tudo rege.
Se você parar para perceber.
Se você parar...
Por Cris Vaccarezza

Ano novo!!!

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Parafraseando Luísa Marilack: "Nesse réveillon, eu resolvi fazer algo de diferente..."
Me vesti de rosa, lingerie bordô, na camiseta estampado AMOR.
Comecei a me arrumar cantarolando "esse ano, eu quero paz no meu coração" ... Mas peraí! Tudo o que eu não quero é paz no meu coração. Corrigi a tempo para: "Esse ano quero paixão no meu coração". Achei ainda inadequado e troquei paixão por amor.
No engarrafamento, rumo ao réveillon, fui paquerando, testando, sondando o famoso poder do olhar. Nunca soube fazer isso. E pasmem, ele funciona!
Mas, para o meu espanto, só olhava para mim, a turma pouco mais velha que teen...ou seja: No way!
Chegando ao destino, enquanto aguardava a chegada do ano novo, aproveitei para observar as pessoas ao redor, casais que se beijavam, outros que desfilavam de mãos dadas. uma ponta de amargura ameaçou se aproximar, mas rapidamente tangi da cabeça. Como eu disse, esse ano será diferente e ao invés de lamentar estar solteira, resolvi recordar o porque de ter optado por estar solteira.
Logo de inicio vi um casal em que a mulher toda servil tentava manobrar o marido bêbado para a festa. Marido bêbado na festa é de matar qualquer uma de raiva.
Outra beliscava o namorado que insistia em olhar para a loira poposuda que dançava sensualmente atras deles. Namorado quebrando o pescoço para olhar a sua amiga dançando é o fim da picada.
Esse, de tanto levar beliscão, lá pelas tantas, revoltou-se, deu um solavanco, um puxão no braço dela, meia volta e foi marchando pra casa. E ainda virou para ameaçar: "E você, se não quiser dormir na rua, venha também!"
Para fechar a noite, um casal a poucos metros, se digladiava porque ela queria passar a virada a beira mar para pular as ondinhas e ele não queria acompanha-lá e deixar os amigos por 5 minutos que fosse. Acabou virando o ano chorando no ombro do pai. Por coisas tão simples, brigamos...
Então, quando os fogos começaram a espoucar no céu, eu já não via nemhum motivo para me sentis chateada. Falta de companhia? Mas se a companhia nao pensa parecido, pode te fazer companhia? Acho que nao! Pelo contrario. Estar sozinha me dava uma certa vantagem. Caminhar sozinha tem uma sensação de liberdade indescritível. E sinceramente, perto de certas companhias duvidosas, a da minha solteirice, me parecia agora, adorável! E corri para o mar pular minhas sete ondinhas sem ter que me justificar a ninguém. Corri pela areia, sentindo a maresia no rosto e o vento da madrugada despentear o cabelo... Deixa despentear! Eu tenho as minhas esquisitices e gosto delas assim! Afinal, que mal tem pular as minhas ondinhas?
Feliz Ano novo!!! Que seja mesmo novo, de novo!
Por Cris Vaccarezza

Companhia dos livros

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A melhor companhia? Respondeu sem pestanejar:   - Meus livros, sem dúvida!
Até meu cachorro tem seus dias de maus humores. Eu também os tenho! Quem sou eu pra criticar. Também tenho dias de isolamento profundo, outros dias em que prefiro as luzes piscantes da balada, há dias em que busco companhias que retribuam o toque, ou dias de carência profunda. Ah, e tenho também meus dias de ogro com unha encravada. Nesses dias não estou pra ninguém!
Mas meus livros, meus livros não... São sempre companheiros fiéis. Mesmo depois de terem sido relegados a quinto plano nos meus tempos de balada inveterada. E, se são meus melhores amigos. Em todas as horas, meus companheiros. Que vantagem! Os tenho aos montes!
Por Cris Vaccarezza

Ação!!

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Pressionara demais, ontem a noite. Não para a tolerância dele. Para os padrões educacionais dela. Nunca fora tamanho invasiva. Extrapolara. Pediria desculpas.
Era uma questão de pressa. Tinha urgência. Tinha frio. Um frio que lhe gelava a alma. Tinha medo de congelar de dentro pra fora. De se tornar alguém gelado, incapaz de gerar calor.
Mas e dai? Era um medo dela. Uma pressa que era só dela. E que diga-se de passagem, nunca fora antes. Antes, a urgência sempre fora dele. Sabia disso.
Nunca permitira esperanças antes. Por que agora? Curiosidade? Sim e não. Não em relação a ele. Curiosidade em relação aos planos superiores. Queria saber qual era a do universo. Queria saber o que ocorreria se parasse de recuar ante ao último assédio perene que sofria.
Promessas, desafios, belas palavras, comprometimentos lotados de letras vazias. Mas onde a ação? Queria ver ação. Provocar ação. Luzes, câmera, cadê a ação? Onde o mover de braços? Onde os braços? Cruzados ainda. Cruzados Pra sempre, como sempre, por sobre o peito inflado.
Mais uma vez, precisava dizer o que já estava acostumada a dizer: de promessa ando cheia! Quero ver é atitude!
Por Cris Vaccarezza

Por instinto

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Lembrou de relance, da infância, nas viagens pelas matas do sertão, com o pai. Do nada, desse ou daquele terreiro, partia um cão perdigueiro, Fila brasileiro ou mesmo, um garboso vira-latas.
E partia desembestado, no encalço do carro que se aproximava. Colava na lateral a toda carreira. Vinha latindo, babando. Dividindo o ar entre o desespero da busca ao veiculo que passava correndo, e os latidos, apelos apaixonados para que parassem o carro.
Não alcançando seu objetivo, uma hora cansavam e ficavam à distancia, arfando e latindo. Abanando a cauda, com um olhar comprido e apaixonado misto de abandono e incompetência.
Lembrava que olhava para trás e os contemplava em meio à poeira que subia atras do carro. Dava pena. Tanto esforço perdido.
Um dia, chegando próximo a um pátio, de novo em velocidade, e vindo correndo um cãozinho, pediu ao pai que simplesmente parasse o carro para ver o que acontecia.
Não pode crer no olhar de frustração do cão, que vendo parar o veiculo, latiu mais algumas vezes, como se reclamasse da desordem dos fatos, rodeou o carro e entrou em casa, de lá espreitando, decepcionado.
Seu pai, velho de guerra nessas aventuras da vida, lhe disse em consolo: Os mais velhos sempre dizem, cachorro corre atras de carro... corre, corre, corre. Mas se o carro para, não sabem o que fazer com ele.
Ficou a pensar, assim são os homens e os seus almejos.
Por Cris Vaccarezza
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