Do tipo

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Eu sou do tipo que se apaixona por herói de folhetim. E devoro livros com uma fome voraz.
Sou do tipo que viaja na história, que adora romance água com açúcar, que chora com final feliz.
Sim, eu sou do tipo que troca balada por sessão pipoca e DVD, em casa, sozinha.
Sou do tipo que prefere dormir abraçada com sapo de pelúcia fofo e quentinho, que com príncipes de coração duro e frio como pedra. Pra mim, não criar expectativas, é melhor que se decepcionar.
Sou do tipo que prefere o "antes só" que o "mal acompanhada". Também prefiro o "antes só" ao "ser má companhia". Se for pra ser má companhia, não vou! Sim, eu sou do tipo que às vezes some. Fica distante, tentando saber quem é de verdade.
Eu sou do tipo que às vezes amua por bobagem. Que ri sozinha, lembrando de histórias que ninguém sabe o que é. E ri de novo, e gargalha, até a graça inteira se perder.
Eu vivo os momentos. E sempre coloco mais doce nos momentos bons, que limão nos ruins.
Sim, eu sou do tipo que dá mais valor à mente exercitada, que à bunda durinha. Sou do tipo que tem culote, celulite, gordurinha localizada. Que prefere uma boa lasanha eventual, à salada de todo o dia.
Sou do tipo que não nega a idade. Nem eu, nem meus inúmeros cabelos brancos. Esses até conspiram em favor de uma idade mais avançada.
Sim, eu sou do tipo que tem preguiça de vez em quando, e fica na cama até mais tarde em feriado e dia frio. Sou do tipo que dorme tarde, e sofre horrores para acordar cedo.
Sou do tipo que busca contatos na virtualidade, e virtualmente, realiza alguns contatos. Faz grandes amizades, reencontra velhos amigos.
Sou do tipo que prefere escrever abobrinhas, fazer reflexões sem sentido, a gritar impropérios por aí. Do tipo que prefere engolir sapo, a magoar.
Mas nem sempre isso acontece. Também sou do tipo que enche o saco e troveja TPM para todos os lados. E, convenhamos, em dias de tempestade, quem não é?
Por Cris Vaccarezza

De quinze em quinze

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Outra vez você me liga: Oi, posso te ver?
Mais uma vez eu penso: Diz que não! E invento uma desculpa tola.
Eu deveria ter imaginado, me liga de quinze em quinze!
Era para ter pensado em uma desculpa melhor, mas não... Improviso e, você contorna a minha negação.
É rapidinho! Prometo não demorar. Claro que é! É sempre rapidinho!
Penso que não, respondo que sim... Me odeio!
Mais uma vez, uma madrugada vai embora em um monólogo. Ouvindo você!
Altas horas, você vai embora mais tranquilo, leve.
Ao meu redor, vizinhos, murmuram, se poem pé ante pé, por trás das cortinas, observando você partir. Imaginando que o amor desenrolou-se loucamente entre nós dois.
Mas que lhe importam os vizinhos? Você se sente bem melhor!
Aqui dentro, no entanto, eu continuo só. Só como antes. Quem sabe até, mais só.
Mas que lhe importa a minha solidão? Você teve companhia.
Nenhuma novidade. Isso ocorre quinzenalmente, em cada Segunda ou Terça.
Nunca às sextas ou sábados.
As sextas ou sábados são daquelas que te dão amor.
Eu te dou apenas colo, ouvido, conselho.
Todo mês, de quinze em quinze, o telefone toca no mesmo horário...
Toda vez que os problemas te atacam. A velha conversa unilateral...
No fim, você se lembra de mim e me pergunta se comigo está tudo bem.
Me lembro de varias vezes ter balançado a cabeça afirmativamente, com lagrimas nos olhos.
Você nunca percebeu... Que lhe importam as minhas lágrimas, se as suas secaram já?
E mais uma vez, foi-se embora sem se importar com o que eu iria responder.
E mais uma vez, eu fiquei na varanda com o mesmo aceno tolo, tantas vezes repetido.
Não dessa vez! Dessa vez, acordei a tempo de decidir, que seria aquele, o ultimo adeus!
Dos próximos quinze...
Por Cris Vaccarezza

Heartless

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Tive pena dela! Que sentimento horrível! Mas foi o que eu senti! Tadinha! Caiu na minha direitinho! Logo ela, minha ultima esperança na dignidade e inteligência feminina?
Sempre fui bom nisso. Muito bom mesmo. Beleza, não tenho muita, mas sei exatamente o que dizer para agradar a uma mulher. Meu pai me dizia: Meu filho, quem não é o maior, tem que ser o melhor. Não sei se sou o melhor. Deve haver melhores. Ou piores, capazes se baixezas mais torpes. Capazes de usar o amor como escudo, ou como espada desembainhada, ferindo à torta e à direita por aí... Eu, só usava os elogios, a atenção e a bajulação. Elas acreditavam, fazer o que?
Comecei com as menos bonitas. Não há mulher feia. Há mulher mal olhada. Regada, toda planta floresce. Difícil era vê-las depois murchar e morrer à míngua  quando a rega acabava. Quando findava a primavera e eu já havia colhido as flores e os frutos, se é que me entendem. Mas outra planta logo aparecia e eu me distraia outra vez.
Bem, sou homem. Essa é a minha natureza. Caçar. E quando a presa é boa na fuga, a cacada se torna ainda mais emocionante. Vanessa era uma presa quase impossível pra mim, não era como as menos belas. Ao contrario, Vanessa era linda! Por dentro e por fora. Inteligente, sensual, sensível, generosa, fisicamente bem apanhada. Quase irretocável. Só tinha um único defeito: Vanessa não sabia que era linda. Se soubesse o quanto era especial, teria escapado de mim. Ou talvez, tivesse pelo menos prolongado a cacada a ponto de fazer valer a pena pra mim; teria me deixado esperando até que fosse mais que especial. Até que fosse única. Se ela soubesse, poderia ter nos feito muito felizes. Talvez por longo tempo. Pra sempre é sonho cor de rosa de adolescente. Vanessa tinha todas as chances.
E o mais grave é que eu disse isso, sinceramente a ela. Com ela era diferente. Com ela podia dar certo. Pra isso, tudo o que ela tinha que fazer, era não se entregar. Deixar que eu a caçasse todos os dias. Permanecer inatingível, em seu posto de musa, linda e irretocável.
Mas sua autoestima... Ah, sua autoestima achou que eu era o cara. Que merecia sua atenção, que merecia que ela se entregasse, e foi ai que acabou o encanto. Cedo demais... Tarde demais! Agora, aqui, lado a lado, acabou o calor... E Vanessa, que tinha tudo para ser a mulher da minha vida, virou apenas mais uma.
Vanessa, que era especial, passou a ser só mais um corpo, igual a tantos outros belos corpos que passaram por aqui. Daqui a alguns dias, eu já sabia, estaria chorando sozinha, junto ao telefone, ao se tocar que palavras só são especiais, se vindas de alguém especial. Eu não sou especial. Ainda não. Nunca houve uma única mulher que me desvirginasse da malandragem. Vanessa, quase... É mesmo uma pena!
Viro para o lado e fito o rosto lindo que me sorri esperançosa. Não comigo, baby! Passo a mão delicadamente em seus cabelos, dou-lhe o ultimo beijo que receberá de mim. Aquele tipico selinho longo de ponto final. Aquele que todo mundo sabe, significa "tchau", aquele que todo mundo dá quando tem que ir embora; e falo com a voz aveludada pra deixar boa impressão: -E ai, amor, vamos? Tá na hora.
Por: Cris V.

Diferente,entre iguais

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Era uma vez uma menina, que viva no alto de uma torre. Mãozinhas nas grades da janela, assistia curiosa, a vida no térreo, do lado de fora. Adoraria receber flores, qualquer tipo de flores. Rosas, azaleias, jasmins. Qualquer coisa que perfumasse sua alma. Mas a vida, ultimamente, parece que só lhe enviava espinhos.
Mesmo assim, os abraçava. São os espinhos que engrossam os pés. São os espinhos que nos empurram pra frente. São os espinhos que nos fazem caminhar.
Ainda entre os espinhos, não deixou de observar o perfume das rosas que as outras meninas, as bonitas, recebiam. E chegavam até ela lá em cima, mesmo por entre as grades da janela.
Bonita como eram as outras, ela não podia ser. Para ser protegida da vida, fora, desde cedo, trancada na torre. Entre os espinhos.
Na torre não havia um espelho sequer. Só podia ver o belo, nas outras, que via do alto da torre, através das grades e espinhos, à distancia. E à distancia, todos são belos.
Do alto da torre, não ouvia maledicência. Não conhecia a inveja. Do alto da torre, não conhecia o dinheiro. Estava distante do mal. Só via a beleza em todos os que passavam. O sol que nascia e se punha. Só via a lua se mostrar diferente a cada dia. Diferente, como era ela mesma. Do alto da torre só via a Deus, estava mais pertinho do céu.
Se alguém olhasse para cima, se alguém prestasse atenção, talvez notassem a menina, talvez lhe dessem razão. Mas a vida seguia lá embaixo, e a menina, trancada, seguia no alto, na solidão.
Um dia, foi libertada, de um jeito diferente: Pelo tempo... Acabada a sua pena, enfim, pode sair. Não foi libertada por nenhum príncipe. Cumpriu sua pena até o final.
Que príncipe deixaria as belas, já familiares, para escalar a torre, lutar contra os espinhos e libertar a menina que ninguém via? Que ninguém igualmente sabia se era bela? Nenhum! E nenhum apareceu.
Finda a pena. Protegida da vida, desceu, com suas roupas em frangalhos, para a aridez da rua e a luminosidade do sol. As pessoas apontavam para ela e riam. Que coisa horrenda aquela mulher desgrenhada, aquela mulher em frangalhos, vestida como uma louca, com os cabelos emaranhados? Como ousava, descer assim para a rua? Como ousava exibir-se assim tão desleixada? Será que não tinha um espelho em casa?
Não, não tinha espelho. Pior. Não tinha casa.
Mas àquela menina, nem o escárnio importava. Estava livre, afinal. Da torre, da casa, dos espinhos... Podia enfim, apanhar uma flor, colocar nos cabelos desgrenhados e caminhar pelas ruas feliz, lindamente vestida em andrajos! Pés no chão, cabeça nas alturas em que sempre vivera. Jamais seria uma igual.
Todos a apontaram. Poucos se apiedaram. Nenhum ofereceu ajuda. Ela nem ligou. Seguiu, caminhando em direção ao sol.
-É uma louca! - Gritaram. Eles nem sabiam o quanto...
Por Cris Vaccarezza

Assim como era no princípio:

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O sol, é Deus que se faz energia.
O mar, é Deus que se faz movimento.
A lua, é Deus que se faz harmonia.
O céu, é Deus que se faz proteção.
A floresta, é Deus que se faz moradia.
Os animais, são Deus que se faz alegria.
A Natureza, é Deus que se faz vida.
O planeta, é Deus que se faz gestação.
A montanha, é Deus que se faz persistência.
As flores, são Deus que se faz cor.
O universo, é Deus que se faz gigantesco.
A vida, é Deus, que se faz renovação.
As mãos, são Deus, que se faz afago.
Os braços, são Deus, que se faz trabalho.
O corpo é Deus, que se faz oportunidade.
A consciência, é Deus que se faz razão.
A família é Deus que se faz escola.
Mãe, é Deus que se faz coração.
O amor, é Deus que se faz poesia.
A alma, é Deus que nos habita.
A fé, é Deus, que se faz companhia.
                                                                                   O próximo, é Deus que se faz nosso Irmão.
Por Cris Vaccarezza

A menina que mandava flores para sí mesma.

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Sim, ela cometera esse pecado. Sim, ela mentira. Ou omitira, talvez. Preferira dizer que fantasiara. O concreto do dia a dia era muito duro para aquela menina. Então ela o floria.
Ela era muito diferente, sabe excluída? Mais que um peixe fora d'agua, se sentia um dinossauro congelado numa geleira qualquer, assistindo petrificado o mundo que fervilhava em torno de si.
Ainda assim, sorria. Ainda assim caminhava enquanto muitos teriam desistido. A bem da verdade, pensou em desistir. Mas não teve tempo de achar a saída.
E continuou, conservando uma réstia de lucidez, onde a maioria teria enlouquecido.
Muito embora todos a achassem desprezível. Muito embora so enxergassem a casca. Muito embora ninguém suspeitasse da tortura que escondia. Muito embora ninguém a visse com as cores que ela enxergava; Ainda assim, mesmo assim, ela achava, no fundo de sua alma, que tinha algum valor.
E quando tudo em volta de si, desabava. Quando seu mundo estava prestes a ruir, ligava para uma floricultura e enviava um cartão e rosas vermelhas para si.
Nos dizeres do cartão, alguém sempre imaginário. A mensagem subliminar era sempre a mesma: Olha, você existe!
Nas palavras de incentivo, uma doçura que procurava e jamais encontrara. Nas rosas, o afago da compreensão de que carecia.
Quando chegavam, que alegria! Eram flores para ela. Quem mandara? A única pessoa no mundo que conhecia suas dores a ponto de saber o quanto ela as merecia.
Por Cris Vaccarezza

Morte e vida Carolina

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Olha, quer saber? Chega! Tô cansada! Ontem foi a gota d'água! Perdi! Perdeu! Perdemos, droga!
Foi simbólico. Ninguém perde algo que nunca foi seu. E essa rebeldia, eu me conheço, é passageira, já já, volto a ser eu! Mas nada me impede de caminhar um milímetro que seja, em direção à luz!
Simbólico ou não, doeu ter perdido o sonho. E por causa do sonho, perdi o sono tambem. Passei a noite em claro avaliando onde foi que eu errei.
Tudo por essa mania de pensar, pensar, pensar e não fazer absolutamente nada!
Chega de ter idéias maravilhosas, que não passam de um rabisco no papel! Chega de escrever e não mandar, de digitar e não postar. Chega de se arrepender antes de tentar!
Droga! Não é nenhuma vergonha tentar. Não tem nenhum problema em errar! Nada me impede de cair e levantar!
Tô cansada de tanta teoria!
Esse relógio que anda mais veloz que o ritmo da minha atitude? Esse pensar que engessa. Essa vida lá fora, que teima em passar enquanto eu calejo os cotovelos na janela?! Amanhece, anoitece... Quando vê, já é de dia, quando vê, já é segunda feira de novo, quando for ver..morri!
Morri o pior tipo de morte. Nem de morte morrida, nem de morte matada, morri de morte Carolina: "Eu bem que mostrei a ela, o tempo passou na janela, e só Carolina não viu!"
Chega, Carolina, vou à luta, vou pra vida, vou viver!
Por Cris Vaccarezza

Procrastinação

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Abriu a pagina do Facebook no meio da madrugada e seu coração gelou. Estava lá, no perfil, escrito em letras garrafais: "A pessoa que você venera em silêncio, mudou seu status de relacionamento para: Em um relacionamento sério com ..." Mas o nome que vinha a seguir não era o seu.
Mentira! Pensou... Mas logo agora, que eu ia falar que não era só ficar? Logo agora que eu tinha me decidido? Logo agora que eu tinha resolvido ligar e pedir desculpas?
É, logo agora! Alguém foi mais rápido, mais decidido, mais assertivo, mais inteligente e conseguiu o que pra você, parecia impossível.
Não esperou o melhor dia, não esperou que a chuva passasse, não esperou que o telefone tocasse. Não esperou a quaresma acabar, o São João chegar... Foi lá e fez! Foi lá e decidiu. E agora? É tarde!
Não procrastine! Você quer? Você pode! Diga agora! Um não, já está garantido. Mas vai que um sim, te surpreende?
Por Cris V.

Canção de um amigo meu

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E assim ficaram as coisas naquela segunda feira. A tensão tomava conta do ar. Parecia uma bobagem. Um sentimentalismo qualquer, mas ela sabia: Não relaxaria até receber noticias de seus amigos. Boas noticias, de preferência.
Desligou o celular, e a Tv foi pro mute. Deixou ligada apenas para ter a ilusão de ter mais gente em casa. Dispensou a visita, fechou as persianas. Até o cachorro teve que ir dormir mais cedo. Estava em vigília por seu amigo.
Calem as bocas, apaguem as luzes, aquietem-se! Um amigo está com problemas! E quando um amigo esta com problemas, estou com problemas também. Não importa se ele é meu amigo desde ontem, alguém aí quantifica um amigo. Eu apenas os qualifico. Pelo simples cativar. Assim como a raposa, ao príncipe, ele a cativara.
Mesmo à distancia, sei que nesse momento, meu amigo enfrenta um dos momentos mais cruciais de sua vida. Sei que, lá onde vive, lagrimas estão descendo pela sua face, haverá um amigo, para enxugá-las?
Sei que nesse momento, meu amigo está tenso, diante de desafios novos em seu caminho, haverá alguém ao seu lado para abraçá-lo? Tomara que sim!
Mesmo distante, mesmo impotente para protegê-lo agora, meu pensamento o abraça e conforta, até que esteja bem. A energia é uma prece silenciosa por eles. Por todos eles. Peço apenas, que o seu pensamento clareie, e que a sua decisão seja a melhor possível, pois seu coração é justo e bom.
Amigo, acalme-se e tenha fé! Por pior que seja a noite, amanha, já será passado.
Amanhã, já será dia e estaremos todos reunidos sob o sol.
Amanhã já teremos superado esses momentos difíceis.
Fica bem, fica em paz! Até que seja amanhã.
Até amanhã, meu amigo!
Por Cris Vaccarezza

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