De quinze em quinze

Outra vez você me liga: Oi, posso te ver?
Mais uma vez eu penso: Diz que não! E invento uma desculpa tola.
Eu deveria ter imaginado, me liga de quinze em quinze!
Era para ter pensado em uma desculpa melhor, mas não... Improviso e, você contorna a minha negação.
É rapidinho! Prometo não demorar. Claro que é! É sempre rapidinho!
Penso que não, respondo que sim... Me odeio!
Mais uma vez, uma madrugada vai embora em um monólogo. Ouvindo você!
Altas horas, você vai embora mais tranquilo, leve.
Ao meu redor, vizinhos, murmuram, se poem pé ante pé, por trás das cortinas, observando você partir. Imaginando que o amor desenrolou-se loucamente entre nós dois.
Mas que lhe importam os vizinhos? Você se sente bem melhor!
Aqui dentro, no entanto, eu continuo só. Só como antes. Quem sabe até, mais só.
Mas que lhe importa a minha solidão? Você teve companhia.
Nenhuma novidade. Isso ocorre quinzenalmente, em cada Segunda ou Terça.
Nunca às sextas ou sábados.
As sextas ou sábados são daquelas que te dão amor.
Eu te dou apenas colo, ouvido, conselho.
Todo mês, de quinze em quinze, o telefone toca no mesmo horário...
Toda vez que os problemas te atacam. A velha conversa unilateral...
No fim, você se lembra de mim e me pergunta se comigo está tudo bem.
Me lembro de varias vezes ter balançado a cabeça afirmativamente, com lagrimas nos olhos.
Você nunca percebeu... Que lhe importam as minhas lágrimas, se as suas secaram já?
E mais uma vez, foi-se embora sem se importar com o que eu iria responder.
E mais uma vez, eu fiquei na varanda com o mesmo aceno tolo, tantas vezes repetido.
Não dessa vez! Dessa vez, acordei a tempo de decidir, que seria aquele, o ultimo adeus!
Dos próximos quinze...
Por Cris Vaccarezza

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