Dos riscos, das perdas, e dos danos...

Nos perdemos. Nós nos perdemos um do outro, assim, de repente, como se perde a mala ou a viagem. Nos perdemos com se perde o ônibus ou o avião, e permanece-se ali na estação, vendo bonde e esperança irem embora, junto com os planos todos que foram feitos na véspera. Vendo todos os castelos de sonhos, erguidos em doces nuvens de algodão, dissolvendo ante o calor da realidade. Perdemos o bonde. 
E ficamos agora, diante do inevitável avaliar, meditar, culpar-se e questionar-se, onde foi que eu errei afinal? Teria eu sido negligente? Ausente? Inconstante? Teríamos simplesmente percebido que o destino onde queríamos chegar juntos, era distante demais? Sim, nós perdemos o bonde.  
Teríamos nós, concluído, ainda que silenciosamente, que erramos na escolha ou no destino? Ou que não estávamos tão interessados assim em partir, quanto os amigos Vanessa, Maria, Jorge, Paula ou Luiz pensavam? E que nos faziam atores felizes de histórias rosadas com final feliz. Como bem falaram eles, como bem disseram... Em vão! Éramos nós mesmos os personagens daquelas histórias? Talvez não. Quem saberá? Jamais se saberá, afinal, perdemos o bonde. 
O fato é que diante da certeza da perda, da constatação, do pesar, de ter chegado (atrasado) à estação, quando o trem já partiu, constatamos que a viagem talvez nem valesse tanto a pena assim. Talvez nem fosse pra ir. Que nos importa? Perdemos o bonde. 
É! Talvez seja melhor assim... A vida sabe o que faz. Se foi ela que nos uniu, também tratou de separar. Deixa ir, deixa estar! Afinal, o trem que partiu, um dia, necessariamente terá que voltar. E se for do regalo da vida, por alguma reviravolta, alheia à nossa vontade, estaremos aqui na estação, aguardando, quando ele chegar. Deixa que vá!
Perdemos o bonde. A esperança, talvez não!
Por Cris Vaccarezza 

0 comentários :

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...