O silêncio dos inocentes e a farra dos lobos em pele de cordeiro

Em busca de viver de acordo com a normalidade vigente, seguimos como plácido rebanho de ovelhas. É aí que o silêncio dos inocentes alimenta os lobos. Principalmente os lobos em pele de cordeiro. 
"O pior cego é aquele que não quer ver."
"A decepção dói mais pois sempre vem de alguém de quem não esperávamos."



Algumas dessas frases chavões que ouvimos por ai, parecem não fazer o menor sentido. Mas não é verdade, descobri que os chavões ainda abrem sim algumas portas. Especialmente na mente dos que tem a coragem de destrancar pesadas portas e arejar velhos quartos repletos de teias de aranha mentais e pensamentos empoeirados. Ideias, repetidas exaustivamente, tornam-se pétreas. Quase férreas. 
Os lobos, travestidos de cordeiros, aqueles que em vez de caçar, em vez de assumir seu ego predador, preferem se valer da turba plácida do rebanho, para disfarçadamente, devorar as ovelhas. Esse tipo de lobo, se aproveita do silêncio imposto pela rotina do rebanho, para semear ervas daninhas. Sempre que pode, deixa uma mentira hipnótica adocicada para um carneirinho comer, deixa uma frase venenosa sobre um amigo para outro carneirinho, planta uma ação distorcida para outra ovelhinha mais adiante e vai semeando... Plantando dúvida e discórdia entre o rebanho. Criando desunião e finalmente, o caos. 
Assim, rompe o laço, quebra a corrente e de repente, algum membro mais fraco, desgarrado, é considerado inútil e fica pra trás. O rebanho lhe vira as costas. 
Por sua conta e risco, numa floresta cheia de lobos, um cordeiro sozinho é presa fácil. Isso, quando não se torna, vítima do lobo infiltrado no próprio rebanho. 
Um único lobo no rebanho, é o suficiente, assim como uma única fruta podre, põe toda a cesta de frutas a perder. Paradoxalmente, um único carneiro alerta, salva todo o rebanho da marcha pro abismo.
Basta que um dos carneiros se dê conta do engano e denunciando, comece a balir. Basta que um deles dê o alerta, para que todo o rebanho desperte do transe da mentira hipnótica, docemente repetida aos ouvidos e elimine a influência negativa. 
Então será o tempo de lamentar as perdas no rebanho e de perceber o quanto a falta de um líder que desse o alarme, custou a todo o grupo. Então talvez já seja tarde demais. 
Essencial é, conforme recomendava o Nazareno, saber separar joio de trigo. Mais que plantar a boa semente, vigiar a plantação. Evitar que os lobos semêem as sementes do mal. Sempre haverá lobos em meio ao rebanho. Se semearem o mal, devemos arrancar da plantação as mudas ruins, antes que cresçam e se tornem árvore frondosa de frutos podres, cuja sombra, nubla os olhos e faz crescer a discórdia até que vire pedra em nossos corações. 
Não há erva mais daninha que a mentira, não há erro maior que a ilusão, não há roubo maior que aquele que é feito à luz do dia, sob a sua supervisão, com a sua permissão. Com o consentimento do nosso silêncio servindo de amém. Não há engano maior que acariciar um lobo que parece ser apenas um inocente carneiro.
Por Cris Vaccarezza

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