Os "diferentes" tempos da ditadura

Politicamente incorreta, começo a escrever sobre um tema que certamente vai gerar críticas: A "direitofobia". 
Mas o objetivo é questionar, até que ponto estamos sendo manipulados? Se estimular reflexões e conseguir quebrar um pedacinho do gelo que nos mantém estáticos, o objetivo terá sido alcançado. 
Desde que o golpe dos militares trouxe a ditadura para as ruas do Brasil, com a repressão aos dissidentes, com as torturas aos "comunistas", com a sombra asfixiante da censura e mais uma série de atrocidades civis, que parece que nos tornamos fóbicos a quase tudo o que possa de longe parecer, conduzir ou sinalizar para um regime ditatorial, que NA ÉPOCA, era representado pela direita.
Tudo bem, gato escaldado, tem sim, muito medo de água fria. Fomos às ruas, lutamos pelo diretas já, pelo nosso evidente e inegável direito de votar e escolher. Até ai, tudo correto. 
O problema é que o ser humano tende a acostumar-se a um estado de normalidade. E inteligentemente, alguém passou a estudar o comportamento das massas. Começou a raciocinar um golpe democraticamente aberto, escancaradamente democrático e claramente preparado para subliminarmente, nos convencer a marchar. Não mais coagidos pelo medo da repressão, da ditadura, da censura. Coagidos agora, pela fobia de seu retorno.
Não! Pelamor de Deus! TUDO, menos a ditadura dos militares de volta!
Me lembra mais uma vez a alegoria da caverna de Platão. Me parece que estamos presos por vontade em uma caverna (de nomose e ignorância) donde só podemos enxergar as sombras de quem passa fora dessa caverna. Projetadas na parede da caverna, na penumbra, essas sombras nos parecem assustadoras e nos impedem de sair da caverna e buscar a luz da verdade e do conhecimento.
O que não percebemos, é que por medo de voltar a ser vítimas da ditadura da direita, vivemos numa outra ditadura mais sutil,mas não menos perigosa. A ditadura da esquerda, agora rebatizada de "exquerda", para que pareça que é obra "de direita" também. Seus soldados, não são mais os uniformizados militares. Os soldados de seu exército, são os pobres miseráveis que sempre existiram e continuam existindo, armados com os títulos de eleitor, e governados pela ameaça de perder as suas bolsas-família, gás, escola, etc, etc.
O que não percebemos, é que a censura está nas ruas, de maneira evidente. Quiseram cercear o direito da maioria de ir e vir, de se manifestar, de discordar, de protestar. Quiseram calar a voz que começa a se levantar. Que sempre começa a se elevar quando tudo tende a chegar a um limite. Mas num período em que Amarildos somem da unidade de polícia pacificadora; em que jornalistas e idosos são alvejados por balas de borracha, vocês estão com medo de que?
Ah é, tem aquela ameaça de que a direita estava leiloando o Brasil, acabando com o poder estatal. Até isso foi modernizado. Nada comparado a essa horda de corrupção juridicamente embasada, que assola o pais. Estamos num mar de lama mais profundo que o pré-sal e o governo continua nos anestesiando, investindo na política do pão e circo para calar a multidão de miseráveis que lhes serve de exército e para anestesiar os que talvez tivessem algum poder para modificar as coisas. 
O jargão é o mesmo pseudoassistencialista de sempre: "Nós nos preocupamos com você!" "Como nunca antes, na história desse país!". Para esconder a podridão das suas negociatas, disfarçadamente, inserem cultura recheada de marketing para ganhar com a engenharia mercadologica atual. Me explico: Citando apenas um exemplo do que é rotineiramente feito, recentemente, o governo lançou o vale cultura. Òhhhh! Que interessante! O governo quer que o país se torne mais intelectualizado! (Aplausos!) 
Mas mais intelectualizado, fazendo o que? Investindo esses R$ 50,00 do vale em: A) Cinema? B)Teatro? C) Livros? D) Espetáculos musicais de bom nível? E( de errado mesmo)Tv por assinatura? Qual das alternativas lhe parece mais palpável? A mim, parece que à tv por assinatura. A quem interessa isso? Quem é o proprietário de uma das maiores empresas de telefonia, internet e tv por assinatura do pais? Oi??? Não sabe? Seria bom pesquisar.
Bem, é claro que as pessoas ainda podem escolher outras opções culturais, principalmente o cinema. Mas que filmes seriam esses? Será que as pessoas optariam por um cult, com o nível intelectual que hoje temos? Será que optariam por livros em um pais que não lê? Percebe? É uma ditadura? Claro que não! Somos (aparentemente)livres! Opções há! Mas as opções são todas incorretas. Todas, menos uma. A mais óbvia. 
Vivemos a ditadura da obviedade. Está tão óbvia, que sequer enxergamos, tão focados que estamos em nossos tablets, smartphones e mp3 players. Assim fica fácil! Nos tornamos, por vontade própria, reféns dos inocentes úteis do exército do poder. Violência? Pra que, não é?
Por fim, vemos os poderosos utilizarem a justiça, a mesma justiça que condena um pai de família que roubou uma galinha pra alimentar a família faminta à prisão, libertar da cadeia, políticos e lobistas que enfiaram a mão em nossos bolsos com gosto.
Pra mim, quem lesa, rouba, desfalca ou engana, age com a mesma falta de caráter. E mereceria, em tese, punição. O que me irrita é a falta de coerência com que as coisas são normalmente tratadas no Brasil.
Da mesma maneira, o objetivo aqui, não é defender os erros da ditadura militar, mas alertar para o erro que nós mesmos estamos cometendo, em nome de um medo que é fictício, de um fantasma que foi criado apenas para nos manter sob o cerco da ignorância, por aqueles que antes criticavam os "de direita" e agora pioraram a tortura, os impostos, a corrupção, a manipulação e o controle sob nossas vidas. Agora, sem censura, abertamente. Nas nossas caras!
Creio que somente o exercício do pensar, do questionar, do discordar, pode acordar o gigante que após breve tomada de consciência, parece ter sido dopado outra vez. O caminho, não é pelos extremos. Se caminharmos só para a direita ou só para a esquerda, andaremos em círculos, como há anos. O caminho é o equilíbrio. Que nos permite colocar os pés tanto na direita, quanto na esquerda, quando necessário. Mais que isso, é o caminho do meio, o do equilíbrio, que nos permite andar pra frente.
Por Cris Vaccarezza

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