E agora, será que vai?

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Sabe aquele tipo de homem que te ama no primeiro encontro de olhos, que se apaixona no primeiro sorriso, que bate palminha pra tudo o que você faz, e que de repente, do nada, tasca um "eu te amo!". E você pensa, já? 

É, esse tipo de homem, o tipo que não confessa de jeito nenhum, mas interiormente se acha: "O cara" Aquele de risinho fácil, que te faz sentir a ultima bolacha do saco, sabe?
Pois é, meu anjo! Ele é uma farsa. Completamente fake. Não que ele esteja mentindo para você. Ele está mentindo pra ele. Ele "sinceramente" acha que é a solução dos seus problemas.
Na verdade, ele não tem a solução dos próprios problemas, quanto mais dos seus. 
Mas é inteligente. Já percebeu que o mundo está lotado de periguetes, e as que não são, estão se sentindo preteridas. Investir nessas, facilita a conquista. Mas essas, querem compromisso. Ele não gosta de periguetes, está de saco cheio de casualidade. Quer algo mais sério. 
Por outro lado, compromisso, compromisso mesmo, ele também não quer. Não sabe, ainda, mas pressente.
Então, se ilude, e pensa que ilude os outros em sua pressa. Não é que ele não queira, ele quer muito ser feliz. E é ai que mora o perigo. 
Amar não é uma busca por ser feliz, é uma busca por fazer o outro feliz. E o desafio é encontrar alguém disposto a fazer feliz em troca. Todo mundo anda tão focado em si mesmo. 
É por isso que não importa se é Nathalia, Jenifer, Andrea, Larissa ou Alessandra a bola da vez, o que importa é a ilusão do "agora vai!", que na verdade não nos leva a lugar algum. O que importa não é se agora vai; é vai pra onde?
Por Cristiane Vaccarezza

Perdição

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Paraíso de luz e calor, de mãos dadas, parecia, parecia.
Apaixonada, triste e só, padecia, padecia.
Amor incansável, incurável, interminável, perecia, perecia...
Paixão de morte, forte, muito forte.
Resignara-se à dor que ainda a destruía.
Confiara, optara, decidira. 
Mais um erro, pré-sabido, conhecido, cometia.
Do veneno, mais um copo, mais um gole, ingeria.
O egoísmo, aquele vampiro, sua carne, enquanto beijava, consumia.
Mordia, e suavemente soprava, dela se alimentava, crescia.
Ela, desnutrida, de altruísmo morria. Morria, pouco a pouco, sabia.
Mas decidida, deixava, permitia.
Na aparente perfeição, quem diria?
Era o próprio inferno que nela ardia.
Amor de perdição, puro, casto.
Amor de doação, amnésico, insensato.
Amor que perdoava, até o esbofetear do escárnio.
Amor que esquecia o rosto, que inchado, doía.
Amor que dava a outra face, incessantemente, todo dia.
Amor que sangrava, amor que ciumava, mas compreendia.
Amor que apaixonava, maltratava, feria.
Amor no paraíso, verdes águas, parecia.
Mas era só o inferno, que o egoísmo alheio promovia.
Até quando amizade, fidelidade em vão, lhe juraria?
Até quando o amor ao outro, sobre o próprio, imperaria?
Até quando a faca, das próprias costas,
ainda com a mão ensanguentada ela mesma arrancaria?
Quantas punhaladas seu amor de perdição suportaria?
Seu amor de doação que ninguém nesse mundo compreendia?
Ah, que saudades, de sua bendita terra, sentia.
Terra onde amavam, terra onde doavam, terra onde repartiam.
Que saudades da gente boa, que deixara em casa, quando pro exílio da carne partira.
Mesmo ferida, lavada de lágrimas, após cada grito de dor, se reerguia,
e em silêncio, uma prece, ainda que imperfeita, proferia:
"Abençoa, Senhor, esse momento, pois é para o meu crescimento, na paz, na tolerância e no amor.
Que eu permaneça de pé, ainda que seja testada a minha fé, da noite ao amanhecer.
Dia virá em que o tempo porá um fim nesse martírio, e deixando este exílio, para casa poderei voltar."
Por Cris Vaccarezza

Caverna submersa

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Estou me machucando seriamente. A cada instante, mais seriamente. Pior, buscando deliberadamente essa dor. 
Mergulhando na mesma poça d'água parada, seguindo o mesmo caminho de pedras pontiagudas tantas vezes trilhado. O mesmo caminho de pedras, as mesmas pontas de pedra afiadas pelo egoísmo, os mesmos pés descalços, já tão calejados caminhando novamente rumo à terra do nunca... Nunca chega, nunca é recíproco, nunca é bom, nunca é o bastante. Uma poça de lama, um poço sem fundo. Um doar sem limites, uma profusão de mentiras e uma reciprocidade pífia...
Um vão mínimo entre duas paredes, um furo na superfície congelada por onde respirar, um flerte com a dor, um quase... Um salto sem pára-quedas do penhasco da ilusão. Nada mais... Sei disso.
Sei também que estou errada. Mas quem disse que o errado não é o caminho mais certo pra libertação, já que o caminho certo nunca lhe conduziu a nada? Não seria o momento de mudar?
Quando a mente é burra, a razão é cega e o coração teimoso, não tem jeito, o destino final é o penhasco ou a parede e o choque, é uma questão de tempo. Quando vejo, lá estou eu de novo na ponta do precipício: Prendendo o fôlego, mergulho nessa banheira confortavelmente cheia de mentirinhas quentes... Me lanço, me solto, me jogo. Fecho os olhos, abro os braços. Estou de peito aberto para o erro. De peito aberto para essa lança afiada que atravessa a minha carne sem dó. 
Dói, e como dói. Mas eu aguento. Eu resisto. A cada estocada, o dano é maior. Mas a força é diretamente proporcional. Siri velho, casca mole, lembra? É preciso muita pedra, muito grão de areia preso nas reentrâncias do casco, para fazê-lo endurecer. A vida exige que siri tenha casco duro, lembra? Tem que tratar de crescer! A cada passo dado, uma pergunta... Por que, meu Deus?! Mas se é pra ir, eu vou! Agora é tarde até para questionamentos. 
Amar, é como mergulhar em uma caverna submersa, sem bússola, sem GPS. Não dá para voltar. O azul inebriante do entorno, o som torturante e doce do mar cantando nos ouvidos, o ar cada vez mais escasso e rarefeito e a água, invadindo tudo. 
Certo ou errado, vou nadando... se tiver fôlego, do outro lado, verei a luz. Se não, morrerei tentando aqui mesmo nesse breu. Sigo tentando. 
Por Cris Vaccarezza
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