Poesias Acidentais












Não escrevia de próprio punho. Longe disso!
Acidentalmente escrevia de próprio coração.
Por isso, preferia a prosa.
Poesia redigia apenas quando era tomada de solidão.
Ou melhor dizendo, poeticamente transcrevendo,
acometida de inspiração.
É o que diz o poeta,
onde se lê tristeza, lê ele alguma beleza,
traduz em versos, rima e faz canção.
Não conseguia escrever contente,
por isso, (suspeitava-se) escolhia seguir doente,
de solitude e de mansidão, (sozinha por opção).
Era quando a alma doía, que a poesia lhe sorria,
e sedutora estendia a mão: Uma dança, aceita?
Sim, mas é claro! E seguia satisfeita a girar pelo salão.
Enquanto bailava sozinha e a música lhe iludia,
suas mãos transcreviam no papel, a dança da soldão.
Descalça no chão de cascalho, sentia-se num céu imaginário,
a pisar bolhas de sabão, então sua alma crescia,
e de suas mãos, produzia afagos ao coração.
Não ao próprio, raramente o fazemos,
Porém tudo o que dizemos afaga de outros, a emoção.
e seguia pulando as estrofes, compondo letras metódicas
que jamais encaixariam em qualquer outra canção
posto que ninguém mais ouvia a melodia,
apenas a viam no chão de terra batido, sozinha a girar.
E pensavam: Lá vai a louca! A que se pôs com a solidão, a valsar.
Mas quem se importa? Quem carece de resposta?
Seu segredo não sabiam, nem ela havia de lhes contar.
Como sorria sua alma leve, aliviada e cansada.
Extasiada, feliz por ser par da poesia e nela, rodopiar.
Por Cris Vaccarezza

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