Combinado

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Vamos combinar assim? Eu não sou sua, você não é meu. Sem posses. Mas ficamos juntos sempre que pudermos ficar. Por que é bom ficar com você e você gosta de ficar comigo.  Não temos rótulos, nem compromissos. O único compromisso é se curtir, se fazer feliz.
Fica combinado que se puder, é sim! Se não puder é não! Não, e não talvez. Sem espaços para dúvidas. Eu vou, e vou mesmo. Não vou, busque outra ocupação. E vice versa. Sem mentiras, nem enrolação.
Acho essa uma alternativa sadia para dois adultos, não acha? Já estamos grandinhos pra brincar de esconde esconde. Não caberíamos na maioria dos subterfúgios onde as crianças cabem. E sempre alguém haveria de gritar: "Que bobo! Sai daí que eu tô te vendo!" Melhor fazer tudo às claras.
Também fica combinado certa freqüência para que saibamos quem e quando procurar. Algo em torno de a cada quinze dias. Eu venho, você vai. Nos encontramos em alguma praia ou fazenda. Qualquer lugar de aluguel que comporte um amor improvisado como o nosso.
Ligações, torpedos, e e-mails, nos intervalos, são permitidos e desejados, mas não são condição sine-qua-non. Não deixaremos de nos saber amados quando em silêncio.  A mesma regra de aplica a flores e bombons.
Fica combinado que entre nós só haverá carinho, risos, ternura, parceria e cumplicidade. Nada de cobranças ou ciúmes desnecessários. Seremos um do outro de vez em quando. E nesses momentos, nosso único objetivo, será fazer feliz.
Combinemos que fica permitido beijos ilimitados, mão na mão, olho no olho, corpos colados, silêncio compartilhado na hora de dormir. Ah e cafuné! Cafuné é bom demais! Assim como massagem tântrica, óleo aromático, luz de velas, shiatsu, lingeries, fantasias, e muita intimidade em nossas aventuras horizontais; ou eventualmente verticais. Mas a proteção é fundamental no nosso caso. Vamos proteger-nos mutuamente de futuros possíveis danos. Não queremos consequências, só fazer feliz. Tudo combinado, tudo consentido. De comum acordo.
Também é fundamental protegermos os outros. Por isso é necessário que estejamos solteiros para sermos leais. Ferir compromissos não está em nossos planos. Queremos amar, não criar ódios. Queremos alegria, jamais provocar dores, derramar lágrimas, nem nossas, nem de ninguém.
E assim, diante da fragilidade das relações ora estipuladas no mundo lá fora. Já que fidelidade é cada dia mais utópica, desejo de envolvimento se confunde com carência e amar é quase uma ofensa. Dentro das condições que o mercado nos impõe, que sejamos leais. E felizes!
Deve haver algum romantismo, oculto nessa nova forma de se relacionar. Sempre há. A gente é que talvez ainda não tenha descoberto qual é. Mas fica por fim combinado que descobriremos juntos. E se não tiver romantismo algum, faremos o nosso, conforme o combinado.
Por Cris Vaccarezza
Publicado originalmente em: 21 de mar de 2012 às 19:48
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