Daqui pra frente:

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Um anjo me contou:
Eis a sua profecia, minha pequenina:
Passarás pelo fogo e pela prova. Passarás pelo cárcere sem dever. Passarás pela violência, pelo abuso e pela dor. De tudo isso eu sei e você sabe. Mas de onde estiver, não poderei ainda te defender. Essa será a sua estrada. Eu trilharei a minha. É a lei da vida nesse chão. Essa é a lei da terra sob o sol. 
Peço apenas que não desistas. Se teus pés doerem, projeta teu olhar pro infinito, se perderes a fé, penses no futuro. Crê que Deus tudo sabe é que um dia os caminhos da vida nos reunirão. Tudo passará! Continua a jornada morro acima! 
Preciso que confies em mim e jamais desanimes. Vais esquecer quase tudo o que te digo hoje, mas preciso que não esqueças do que te direi agora:
És semente jogada em chão árido, terás de lutar para brotar e crescer. Munitos pés passarão inclementes sobre ti, quando sem notar a presença da roseira, muitas vezes, teus galhos fragilizaram, teu caule curvará e tuas folhas se aproximarão do chão. 
Mas se te reergueres, se suportardes as provas com afinco, se apesar da geada, não caíres na tentação de fenecer. Se apesar de tudo, floresceres e deres frutos bons, então já serás  árvore madura, robusta que nenhuma intempérie pode derrubar. 
Então,  no topo da encosta escarpada, encontrarás a paisagem tão sonhada que te alegrará a vista e o coração! E poderás descansar e me esperar.
Jamais desista, pequenina! Há sim um pote de ouro no final do arco-íris, mas o ouro não é da terra, é ouro do céu. E ouro do céu, minha pequena, não é matéria, é sentimento bom. Ouro do céu, é amor!!
Agora vá, e viva cada dia como se o ultimo fosse! Seja feliz apesar de tudo, minha pequena! 
Eu irei logo depois de você. Estarei a teu lado, escalando a mesma escarpa pelo lado contrário, teremos caminhos diversos, mas escolhas semelhantes. E se assim for, quando chegares ao topo, te reencontrarei, tomarei suas mãos nas minhas, seus lábios nos meus, apertarei seu coração contra o meu e jamais te deixarei.
- E como eu saberei que é você? Disse ela enfim.
- Pelas cicatrizes que ambos teremos, pelas escolhas, pela fé. Mas principalmente pelas semelhanças, são elas que nos reunirão. Nos reconheceremos pelos caminhos tortuosos que tivermos vencido para chegar ao alto da montanha.
Trilhando o mesmo caminho, teremos destino certo, um dia eu te reencontrarei, e você me reconhecerá ainda antes do primeiro beijo, pela sensação que causará quando a minha mão tocar a sua. Eu me encantarei por ti e seu sorriso me lembrará de casa, então vou roubar-te um beijo e aí você saberá que é pra sempre. 
Despediram-se com um longo abraço, um beijo terno e soltaram as mãos por algum tempo. 
- Até breve, anjo! Que a vida seja breve sem você!
- Até sempre, meu amor!!
Não esqueça, gritou ele para certificar-se de que ela o encontraria. O caminho é seu, e assim como o meu será escarpado, pois é uma subida, mas não desista!! Quando o caminho for nosso, a vida será um quadro de Monet, e tudo será paisagem, tudo será plano, paz e contemplação!!
Por Cris Vaccarezza
Em 21/05/2016

Que digam!

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Sei que dirão, os invejosos, mas você o conheceu ontem!
Mas é como se o conhecesse desde sempre.
Mas isso é só no começo, eles dirão.
Quem dera, todos os começos fossem assim.
Eles dirão que isso passa.
Mas eu também passarei, você também passará, e enquanto não passar, passarinhemos.
Eles dirão que é amor de micareta.
E quem disse que amor de micareta não dura?
Dirão que um dia eu descobrirei seus defeitos. 
Mas um dia, você também descobrirá os meus.
Eles dirão que é um sonho.
Digam o que quiserem, não quero acordar!
Um dia, eles dirão, ele esquecerá seu nome.
Impossível! Meu nome é exatamente igual ao seu.
Deixe que digam! Enquanto eles dizem, eu coleciono pétalas de rosas vermelhas, e os beijos que curam minha alma.
Por Cris Vaccarezza
Para Cris Amarante

Nàufrago

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Era alta madrugada, lutava há horas pela vida em seu pequeno barco à deriva no meio de um oceano agitado, numa tempestade que sacudia de um lado para o outro até as suas melhores convicções. Estava só, desde que o navio de certezas onde imaginava estar seguro, e que pretensamente levaria de norte a sul em segurança como fora planejado, simplesmente naufragara numa noite similar, dias atrás. E naquele cenário horrendo, sem água para dessedentar, sem alimento para o corpo ou a alma, com o coração ansioso e aflito, sentia-se chacoalhar impotente, ante a violência furiosa das ondas.
Não havia esperança. Estava no meio do nada. Tudo em torno era um imenso vazio. Nada via além de breu, as tempestades da vida, encobriram-lhe até mesmo o parco brilho das estrelas. Nem sol, nem lua cheia, nem esperança, nem nada. Agarrava-se desesperadamente a algumas latas d'agua que sobraram do desastre, e a um ultimo fio de fé e esperança.
Foi quando uma onda veio, bruscamente de maneira inesperada e golpeando-lhe por trás, fez perder o equilíbrio e bater o rosto contra a parede lateral do barco. Ainda em meio à desorientação, percebeu que a mochila que continha as derradeiras latas d'agua escapara-lhe das mãos. Guerreando contra a dor da pancada, tateou o interior do barquinho com as mãos amarrotadas, buscou naquela escuridão a alça de lona que poderia salvar-lha a vida. Já não lhe importava a dor, mas a necessidade de recuperar a água. Viu de relance, ao espremer os olhos, o que lhe pareceu um pedaço da mochila próximo à proa do barco, e esgueirou-se para alcançá-la, como se disso dependesse a própria vida. Lançou o corpo alquebrado num esforço hercúleo e com a ponta dos dedos apreendeu o tecido ensopado e escorregadio. Reuniu as últimas forças, e agarrou a mochila, trazendo-a a todo custo de encontro ao próprio peito, e acalentou-a, qual coisa preciosa e querida.
Mas as ondas incessantes não permitiam que mantivesse em equilíbrio, o corpo alquebrado e foi mais uma vez lançado junto com a mochila parcialmente para fora do barco. o objeto querido escapou-lhe dos braços, caindo no mar agitado, conseguiu manter firme uma ponta, e tentava recupera-la, pondo em risco a própria vida. A mochila ensopada, se tornava cada vez mais pesada pelas latas de aguas sugadas pelo mar. Feito uma âncora, pesava, puxava, ameaçava afundar. "Meu Deus, não posso mais, me ajuda!"
Desesperava, quase desistia, quando uma luz mais à frente chamou sua atenção. Em meio à chuva intensa, viu o que lhe pareceu o rosto de um ancião à luz tremula de um lampião. Um rosto preocupado e só isso! Não via nada além daquele rosto em meio à escuridão. Pareceu-lhe num relance um rosto amigo. Mas não tinha tempo para entender o que se passava. O que fazia um velho tão serenamente naquela situação? Que importava? Precisava recuperar a mochila e estendia os braços para mantê-la ao alcance.
Foi quando ouviu:
- Deixe ir! Solte-a!
Como? Era um louco! Estava louco! Soltar a única coisa que lhe valeria a redenção, o único bem que tinha, a vida que lhe sobrava no mar revolto? Jamais faria isso!
- Agarre-se ao barco! Não se afogue! Deixe-a ir!!
A mochila escapava, pesava, ameaçava carregar com sigo o naufrago, mas ele se esgueirava mais e mais em direção à proa, tentando detê-la. Que louco! Era alucinação de sua cabeça! Que faria um velho em meio àquela tempestade? E se fosse um velho de verdade, por que não tentaria ajudar? Ficava de lá, a grita impropérios, a dar sugestões inaceitáveis. E lutava até não mais suportar.
Houve um instante em que as ondas se agitaram a tal ponto, enchendo o barquinho de água, que ele teve que fazer a opção entre agarra-se ao barco ou à mochila.
- É esse o momento da decisão! Largue a mochila! Fique no barco!
Não havia outra escolha, a mochila escapava-lhe, resignou-se ao destino de morrer de sede ante ao sol inclemente que não tardaria a chegar. Deixou ir a mochila. Em prantos, deslizou o corpo para dentro do barco e exausto, decidiu entregar-se à própria falta de sorte. Esqueceu-se da tempestade, do velho do mar, das ondas, e desfaleceu, vencido pela exaustão, que fosse o que tivesse de ser!
Quando despertou, percebeu-se aportado numa praia, o barco fora arrastado até ficar seguro na areia, e ao seu lado, havia um bilhete:
- Arrastei seu barco até a areia, mas sou velho e não pude carregá-lo até em casa. Moro no farol abandonado à direita. Quando acordar, venha tomar um café. Que bom que largou a mochila. Se caísse do barco, teria perdido a vida, por não perceber que é bem perto da praia que as ondas mais se agitam e formam o quebra mar. No escuro da noite em meio à tempestade, ninguém vê. Ainda assim às vezes, tudo o que precisamos é deixar ir, e a vida se encarrega de nos conduzir a um destino melhor.
Limitou-se a sorrir e agradecer. Era mesmo um sábio conselho!
Por Cris Vaccarezza


Se depender de mim...

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Se depender de mim, quero ser motivo da sua alegria, não apenas hoje, mas todos os dias.
Quero ser força nos momentos de luta, e fé, nos momentos de dúvida.
Se depender de mim, quero ser mãos dadas e sorrisos de cumplicidade. Mas também quero ser ombro, se acaso precisar. 
Se depender de mim, quero ser alegria, inspiração para o dia e mansidão para quando a noite chegar.
Se depender de mim, quero ser namorada, sua amada, sua parceira, companheira e confidente. 
Quero ser na sua vida uma semente de amor, em meio a esse mar de desilusão que é o mundo lá fora. 
 Quero te conhecer e te aprender todos os dias. Quero te fazer feliz, e ser feliz, com a sua alegria.
Quero que as semelhanças sejam âncora nos momentos de divergência, e que a harmonia seja uma constante na vida da gente, quer estejamos juntos ou eventualmente distantes.
Que sejamos fiéis, mais acima de tudo, que sejamos leais, um ao outro e às nossas escolhas, enquanto escolhermos ser.
E que juntos, possamos ser ponto de partida e porto de chagada um para o outro. 
Se depender de mim, assim será.
Por Cris Vaccarezza


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