Seu jardim

 
Estivera tão feliz em Passárgada, onde era amiga do Rei, que imaginara jamais precisasse retornar e sentar-se outra vez à sombra do Cipreste.
Mas lá estava, depois de tanto tempo, perdida em meio a sentimentos conflitantes e a dúvidas infinitas. Lá estava outra vez, de frente com a própria solidão.
Estava de volta ao jardim, para meditar, sozinha. 

Percebeu que passou-se tempo, sem que desse ouvidos àquele silêncio de grilos que cantam, àquela paz de ouvir estrelas cadentes.

Percebeu que por pouco, não perderá a sua fé. Mas sua fé, jamais a perdera. Estivera todo tempo na sebe, sob as franjas da trepadeira florida, ao alcance do jasmim da vovó, nas reminiscências da infância e na certeza de sempre haver um Porto Seguro, só seu, para retornar enfim, quando cansada da lida.

Estava em casa, em sua morada, em seu jardim, e ali, estava certa de que nada lhe poderia entristecer.

Morada é onde hospedas a tua alma, morada é onde quer que construas o teu próprio jardim. Seu jardim era ali. Jamais seria em outro lugar.

Por Cris Vaccarezza

0 comentários :

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...